quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Fim de ano

Estamos a 4 dias da famigerada "festa natalina".
Estou um caco. Fim de ano esgota minha energia.
Se eu pudesse fecharia meus olhos e só acordava no dia dois de janeiro. Isso sim, seria descanso. Esse intervalo comercial entre a última semana de dezembro e o primeiro dia do ano é de amargar :/ Não pelo intervalo, mas pelo que fazem com ele.
Oh my...Apaguem as luzes, please! Minha cabeça dói...
Quero silêncio e penumbra. Paz!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Das Maravilhas

Alice: Quanto tempo dura o eterno?
Coelho: As vezes apenas um segundo.

(Alice no País das Maravilhas- Lewis Carroll)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Nada como um dia após o outro

O segundo livro do Jeff está macio e deslizante. Derrete na boca (em alguns casos, também o coração).
Nada como um dia após o outro, é o nome dessa gostosura com a qual ele nos presenteia nesse fim de ano.
Para saber mais sobre o autor, clique aqui

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Vasques

Tua mão
me pede
pele

e te pego
-leve-

na palma
do não

Teu não
me impele
expele

e te levo
-neve-

na calma
da mão

(Jefferson Vasques)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um dia...

Quero aprender a escrever direitinho. Até hoje sofro horrores com essa nossa língua portuguesa. Faltam-me palavras. Sofro de excesso de vírgulas, entre outros pontos...
Aff!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Dos desesperos nossos de cada dia...

Elegia Desesperada
(Vinicius de Moraes)


Meu Senhor, tende piedade dos que andam de bonde
E sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos...
Mas tende piedade também dos que andam de automóvel
Quantos enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na direção.

Tende piedade das pequenas famílias suburbanas
E em particular dos adolescentes que se embebedam de domingos
Mas tende mais piedade ainda de dois elegantes que passam
E sem saber inventam a doutrina do pão e da guilhotina

Tende muita piedade do mocinho franzino, três cruzes, poeta
Que só tem de seu as costeletas e a namorada pequenina
Mas tende mais piedade ainda do impávido forte colosso do esporte
E que se encaminha lutando, remando, nadando para a morte.

Tende imensa piedade dos músicos de cafés e de casas de chá
Que são virtuoses da própria tristeza e solidão
Mas tende piedade também dos que buscam o silêncio
E súbito se abate sobre eles uma ária da Tosca.

Não esqueçais também em vossa piedade os pobres que enriqueceram
E para quem o suicídio ainda é a mais doce solução
Mas tende realmente piedade dos ricos que empobreceram
E tornam-se heróicos e à santa pobreza dão um ar de grandeza.

Tende infinita piedade dos vendedores de passarinhos
Quem em suas alminhas claras deixam a lágrima e a incompreensão
E tende piedade também, menor embora, dos vendedores de balcão
Que amam as freguesas e saem de noite, quem sabe onde vão...

Tende piedade dos barbeiros em geral, e dos cabeleireiros
Que se efeminam por profissão mas são humildes nas suas carícias
Mas tende maior piedade ainda dos que cortam o cabelo:
Que espera, que angústia, que indigno, meu Deus!

Tende piedade dos sapateiros e caixeiros de sapataria
Quem lembram madalenas arrependidas pedindo piedade pelos sapatos
Mas lembrai-vos também dos que se calçam de novo
Nada pior que um sapato apertado, Senhor Deus.

Tende piedade dos homens úteis como os dentistas
Que sofrem de utilidade e vivem para fazer sofrer
Mas tente mais piedade dos veterinários e práticos de farmácia
Que muito eles gostariam de ser médicos, Senhor.

Tende piedade dos homens públicos e em particular dos políticos
Pela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança dos gestos de mão
Mas tende mais piedade ainda dos seus criados, próximos e parentes
Fazei, Senhor, com que deles não saiam políticos também.

E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tenha piedade das mulheres
Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres
Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres
Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres!

Tende piedade da moça feia que serve na vida
De casa, comida e roupa lavada da moça bonita
Mas tende mais piedade ainda da moça bonita
Que o homem molesta — que o homem não presta, não presta, meu Deus!

Tende piedade das moças pequenas das ruas transversais
Que de apoio na vida só têm Santa Janela da Consolação
E sonham exaltadas nos quartos humildes
Os olhos perdidos e o seio na mão.

Tende piedade da mulher no primeiro coito
Onde se cria a primeira alegria da Criação
E onde se consuma a tragédia dos anjos
E onde a morte encontra a vida em desintegração.

Tende piedade da mulher no instante do parto
Onde ela é como a água explodindo em convulsão
Onde ela é como a terra vomitando cólera
Onde ela é como a lua parindo desilusão.

Tende piedade das mulheres chamadas desquitadas
Porque nelas se refaz misteriosamente a virgindade
Mas tende piedade também das mulheres casadas
Que se sacrificam e se simplificam a troco de nada.

Tende piedade, Senhor, das mulheres chamadas vagabundas
Que são desgraçadas e são exploradas e são infecundas
Mas que vendem barato muito instante de esquecimento
E em paga o homem mata com a navalha, com o fogo, com o veneno.

Tende piedade, Senhor, das primeiras namoradas
De corpo hermético e coração patético
Que saem à rua felizes mas que sempre entram desgraçadas
Que se crêem vestidas mas que em verdade vivem nuas.

Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto alegria e serenidade.

Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras
Que são crianças e são trágicas e são belas
Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam
E que têm a única emoção da vida nelas.

Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse
Ter piedade de si mesma e da sua louca mocidade
E outra, à simples emoção do amor piedoso
Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne.

Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas
A vida fere mais fundo e mais fecundo
E o sexo está nelas, e o mundo está nelas
E a loucura reside nesse mundo.

Tende piedade, Senhor, das santas mulheres
Dos meninos velhos, dos homens humilhados — sede enfim
Piedoso com todos, que tudo merece piedade
E se piedade vos sobrar, Senhor, tende piedade de mim!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Caras como eu

(Titãs)

Caras como eu
Estão ficando raros
Com cabelos ralos
Que se partem e caem pelo chão

Caras como eu
Estão tirando o pé
Andando em marcha-ré
Com medo de entrar na contramão

Como trens do interior
Que não chegam no horário
Como velhos elefantes
Que morrem solitários

Caras como eu
Estão ficando chatos
Como solas de sapatos
Que se gastam
Com o passar do tempo

Não vou mais medir o tempo
Não vou mais contar as horas
Vou me entregar ao momento
Não vou mais tentar matar o tempo

Como palavras de amor
Que não se guardam em disquetes
Como segredos sem valor
Que a gente nunca esquece

Caras como eu
Estão ficando velhos
Calçando os seus chinelos
Concluindo que não há mais tempo

Não vou mais medir o tempo
Não vou mais contar as horas
Vou me entregar ao momento
Não vou mais tentar matar o tempo

Não vou mais medir o tempo
Não vou mais contar as horas
Vou me entregar ao momento
Não vou mais tentar matar o tempo

terça-feira, 15 de novembro de 2011

domingo, 6 de novembro de 2011

Humus' potpourri


" Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Apóstolo Paulo)

" Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam" (Françoise de Rabelais)

"Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada"
(Fernando Pessoa)

"Querer, eu quero, mas num cunsigo..." ( Desconhecido na fila do supermercado para sua acompanhante que lhe cobrava algo, como- talvez (?)- parar de fumar...)















sexta-feira, 28 de outubro de 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Colóquio

Segundo a minha experiência , uma má notícia torna-se pior quando chega na segunda ou terceira semana do mês.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Já vai passar

Hoje está muito frio (pelo menos aqui dentro).
Tristeza maior.
Mas hoje acaba meia noite.
Espero.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Contrariada


A dama contrariada
Cecília Meireles

Ela estava ali sentada,
do lado que faz sol-posto,
com a cabeça curvada,
um véu de sombra no rosto.
Suas mãos indo e voltando
por sobre a tapeçaria
paravam de vez em quando:
e então, acabava o dia.

Seu vestido era de linho,
cor da lua nas areias.
Em seus lábios cor de vinho
dormia a voz das sereias.
Ela bordava, cantando.
E a sua canção dizia
a história que ia ficando
por sobre a tapeçaria.

Veio um pássaro da altura
e a sombra pousou no pano,
como no mar da ventura
a vela do desengano.
Ela parou de cantar,
desfez a sombra com a mão,
depois, seguiu a bordar
na tela a sua canção.

Vieram os ventos do oceano,
roubadores de navios,
e desmancharam-lhe o pano,
remexendo-lhe nos fios.
Ela pôs as mãos por cima,
tudo compôs outra vez:
a canção pousou na rima,
e o bordado assim se fez.

Vieram as nuvens turvá-la.
Recomeçou de cantar.
No timbre da sua fala
havia um rumor de mar.
O sol dormia no fundo:
fez-se a voz, ele acordou.
Subiu para o alto do mundo.
E ela, cantando, bordou.
A dona contrariada borda seu bordado.

sábado, 16 de abril de 2011

Feminismo às avessas

Embora eu goste de algumas séries, filmes e desenhos animados, passo ao largo das programações televisivas, em geral. Explico esta minha atitude como resultado de um mix de falta de tempo e interesse somados a minha irritabilidade com o lixo que transborda. Porém, algumas vezes ouço comentários que me motivam a conferir certos absurdos ou, mais raramente, proezas televisivas. Ontem, coincidentemente ouvi em ambientes diferentes, pessoas comentando sobre uma tríade de comerciais da Bombril.
Mesmo que eu seja uma das últimas a ver a famigerada propaganda, vulgarmente difundida como feminista, quero expressar minha indignação com a empresa.
Acabei de assistir, pelo youtube, as propagandas citadas. Ri-dí-cu-lo! Imagino que tenha sido divertido para as atrizes brincarem de se transvestir e falar como um (estereótipo de) homem. Mas na (suposta) tentativa de elevar a autoestima feminina, o comercial revelou-se perverso:
1. Movimento da EVOLUÇÃO das mulheres? (Como assim?! As mulheres "evoluíram", Bombril?)
2. Mulheres precisam se vestir (uniformemente) de terno e gravata e falar com uma certa "macheza" pra serem respeitadas? (Ah...Bombril!)
3. Mulheres necessitam violentar homens para conquistar espaço??? (Estimulando guerra de sexos, Bombril?)
4. No quesito cuidados domésticos a "rainha do lar" continua tendo a última palavra, então?(Ê...Bombril...) :/
Isso parece-me um híbrido de machismo travestido com feminismo às avessas. Mais um exemplo do processo de legitimização de preconceitos entre nós.
"Oh! Cride, fala pra mãe!..."

PS: Só de raiva nem vou colocar o link dessas baboseiras aqui :(

quinta-feira, 31 de março de 2011

Agora é só você...

Ninguém gosta de ouvir não.
Ninguém gosta de ser cobrado.
Ninguém gosta de sentir-se prejudicado.
Todo o mundo sofre. (Todo o mundo faz sofrer também).
Pra certas coisas não há remédio, Marvin. É preciso alguma resistência e resiliência.





segunda-feira, 28 de março de 2011

Em dias de cão...

Depois de uma noite mal dormida,
uma manhã tensa,

um meio dia de sol escaldante,

uma tarde de multitarefas:

preciso de silêncio e paz,

(e,no máximo, uma boa companhia...)


Fernando Pessoa


" Temos, todos que vivemos,

Uma vida que é vivida

E outra vida que é pensada

E a única vida que temos

É essa que é dividida

entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira

E qual errada, ninguém

Nos saberá explicar;

E vivemos de maneira

Que a vida que a gente tem

É a que tem que pensar"







sexta-feira, 25 de março de 2011

Identidade

Certa vez, um professor de redação- há muitos anos atrás- me descreveu assim: "por fora uma rosa, por dentro um vulcão." Meu professor já morreu, mas suas palavras ficaram aqui dentro.

Um amigo me descreveu de outro modo: "...confusa como ela só." Meu amigo ainda vive, bem como a rosa, o vulcão e a confusão.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Arte e manhas

Exit Through The Gift Shop é um documentário muito bacana. Auto irônico e crítico. No mínimo a gente ri muito. Ri do arteiro, da mídia e da massa de manobra. Mas não é só isso, o doc também nos leva a pensar sobre dois temas que se tocam: arte e loucura. Recomendo.
Abaixo segue o link do trailer:

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mãos também falam

Descobri o vídeo abaixo, hoje no google. Achei o trabalho muito, muito bacana:

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Velhos ombros

(Hoje eu quero poesia, porque viver está pesado...)


Os Ombros Suportam O Mundo

Carlos Drummond de Andrade


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.