terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Fim de ano


Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Nota de falecimento

Faleceu ontem, meu tio mais jovem, aos 46 anos de idade. Seu coração parou de bater. Simples assim.
Minha vó, aos 88 anos de idade, cansada pela idade e os golpes da vida-porém lúcida-despede-se de mais um filho- o seu caçula. Não consigo imaginar a dimensão da tristeza no coração da vovó. Gostaria de protegê-la, de poupá-la de mais esta dor...
A vida é estranha. A morte continua me surpreendendo. A gente nunca sabe quem é o próximo da fila.
Estou abatida e lamento profundamente pelos que ficaram. Sei que esta é uma experiência solitária e triste- talvez a mais forte na vida do ser humano.

sábado, 6 de novembro de 2010

Passaporte para o futuro

Suzane Richtofen, Mayara Petruso, esse "amistoso" grupo de universitários da Unesp e tantos outros casos de universitários agredindo colegas em "trotes estudantis"...Alguma coisa em comum, além deles fazerem parte da futura elite intelectual do nosso Brasil?

Recebi este documento abaixo hoje. Assinei e compartilho:

Abaixo-assinado Contra a violência e a covardia praticada no InterUNESP - Araraquara


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A Ciência não erra

Algumas vezes vejo desenho animado com meu filho.
Abaixo segue o episódio 39 da primeira temporada de "Os pinguins de madagascar". Além de engraçadinho, esse episódio faz uma crítica que vale a pena...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Eleições 2010: o lixo que ficou

Regozijo, o Brasil está mudando! Soubemos que Serra teria sido derrotado mesmo sem os eleitores do norte e nordeste- a despeito das ofensas e preconceitos disparados durante as eleições.(Para conferir esta informação: http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/11/mesmo-sem-os-eleitores-do-norte-e-do-nordeste-dilma-venceria-serra.html )
Quanto ao lixo que ficou, ou os cacos espalhados, o Sr. Serra mereceria pagar a conta dada a indecência de sua campanha...Algumas vezes penso que pessoas como a universitária Mayara Petruso precisam experimentar um pouco de trabalho na roça, fome, miséria e outras humilhações para desenvolverem sua humanidade (perdida?). Lamentável que importar-se com justiça social não seja pré requisito para adquirir diploma, ou ser chamado de doutor.


domingo, 24 de outubro de 2010

Veja bem...


Depois que a bolinha de papel (ou uma perigosa fita adesiva?!) acertou a frágil cabeça do Serra e o fato rendeu um show de reportagem "global", eis uma piada à altura.
Pena não sabermos quem foi o artista...
Recebi hoje do Mr. Henderson e também quis dividir o bom humor com quem passar por aqui...

PS: Para visualizar melhor, clique na imagem.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Politização

O texto abaixo foi escrito pelo jornalista Leonardo Sakamoto e publicado em seu blog: http://blogdosakamoto.uol.com.br/2010/10/11/nao-deixe-o-spam-ser-um-grande-eleitor-nestas-eleicoes/
Eu, que não gosto de spans (principalmente os eleitoreiros), compartilho o texto do jornalista com quem estiver de passagem por aqui...

Não deixe o spam ser um grande eleitor neste segundo turno


Caro(a) amigo(a), se você decide seu voto por conta de uma das dezenas de correntes apócrifas que circulam pela internet, pró-Dilma e pró-Serra (ou anti-Dilma e anti-Serra), parabéns. Você é, oficialmente, uma pessoa manipulável.

Nunca entendi muito bem porque as pessoas acreditam piamente naquilo que recebem em suas caixas de e-mail. Será que o anonimato das mensagens apócrifas é entendido como uma espécie de “sinal”? Do tipo: “Senhor, me dê os números vencedores do jogo do bicho” e, dias depois, você interpreta uma propaganda de um haras, que chegou acidentalmente por e-mail, como resposta para apostar no “cavalo”?! Vai que, da mesma forma que o Altíssimo escreve certo por linhas tortas, ele também “emeia” justo por internet frouxa, não é?

O mais interessante é que algumas dessas mensagens contam com mentiras tão bem construídas que tem mais gente acreditando nelas do que em boas matérias, com dezenas de fontes, feitas por jornalistas com décadas de credibilidade, que desmentem ou explicam o caso.

- Pô, o texto é super bem escrito. Não deve ser falso.
- O e-mail trouxe vários números. Ou seja, não pode ser mentira.
- Ele tem fotos. É mais difícil manipular fotos.
- Recebi isso do Ronaldo, irmão da Ritinha, casada com o Roberval, filho do seu Romeu, lembra? É, Ro-meu. Ele repassou um e-mail que recebeu do Rui, que é chefe dele na Ramos e Ramos, aquela empresa de retroescavadeiras. Homem decente o Ronaldo… então é coisa séria.

É muito mais “quente” acreditar que a candidata X devora criancinhas e o candidato Y bate constantemente nas suas amantes do que encarar que, na vida real, os defeitos, esquisitices e idiossincrasias podem ser outros. Também bizarros, mas que não influenciam no seu caráter e no seu comportamento político, – e que, talvez, não atraiam tanto a atenção. Sabendo disso, o pessoal mal intencionado apela.

A rede mundial de computadores nos abriu um mundo de possibilidades. Hoje, um leitor – se quiser – consegue acessar fontes confiáveis e encontrar números, checar dados, trocar idéias com amigos, comparar governos ou mesmo desmentir pataquadas. Avalie o que você quer para o país e faça uma escolha, sua escolha. Não jogue fora seu voto por uma mensagenzinha mequetrefe. Ah, mas cuidado! Ao se debruçar sobre essas questões, se informar, debater com outras pessoas, mandar e-mail e cobrar do candidato posições, você vai estar fazendo Política, com “P” maiúsculo e não politicagem. E atacando a raiz de muitos preconceitos.

Coisa que o Povo do Spam não quer. Pois, o Povo do Spam quer sangue.

***

Algumas mensagens de spam travestem opinião como dados isentos e descontextualizam ou ocultam fatos que não são interessantes para o argumento defendido. Trouxe algumas sugestões reunidas tempos atrás por Rodrigo Ratier, jornalista e mestre em pedagogia, grande especialista na área de educação e comunicação, para usar a lógica a fim de perceber problemas nos textos. Quem já adota essas ferramentas, pode parar a leitura por aqui e vá apagar o lixo acumulado na caixa de entrada. Caso contrário, fica aqui a sugestão.

“A camisinha não protege contra o vírus HIV. A epidemia de Aids cresceu justamente porque se confia nessa proteção”, disse um bispo certa vez.
Desconfie dos argumentos de autoridade. Não é porque o Papa, o Patriarca de Istambul ou a Bispa Sônia disseram algo que você tem que acreditar, não é? O mesmo vale para o presidente da sua associação de moradores ou o diretor do seu sindicato. É preciso provar o que se diz. Exija confirmação dos fatos ou vá atrás dela.

“Não ouviremos as posições do antropólogo Luiz Mott sobre o casamento gay: ele é homossexual.”
Para desmontar um discurso, não se ataca o argumentador, mas sim o argumento.

“Nesta eleição, vamos escolher entre um Sartre e um encanador.”
Não se ridiculariza o outro apenas por ser seu adversário.

“Antes do MST existir, não havia violência no campo.”
Falsa relação de causa e conseqüência – um fato que acontece depois do outro não necessariamente foi causado pelo primeiro.

“Na guerra contra o terrorismo, ou você apóia a invasão do Iraque ou está alinhado com o mal.”
É errado excluir o meio termo. Um debate maniqueísta é mais fácil de ser entendido, mas o mundo real não é um Palmeiras e Corinthians, um Fla-Flu, um Grenal, enfim, vocês entenderam.

“Ou se dá o peixe ou se ensina a pescar.”
Isso é uma falsa oposição. Não se opõe curto e longo prazo necessariamente. Uma ação não invalida a outra. Elas podem ser, inclusive, subsequentes ou coordenadas.

“Isso não é demissão. A empresa apenas avisou que precisará passar por um redimensionamento do quadro de empregados.”
Não se deixe levar pelos eufemismos. Nem por quem fala bonito. Uma pessoa pode te xingar e você, às vezes, nem vai perceber se não se atentar para as palavras que ela escolheu.

“Avenida Faria Lima, Águas Espraiadas, Imigrantes, Minhocão, Rodovia dos Trabalhadores: alguém aí consegue imaginar São Paulo sem todas essas obras feitas pelo Maluf?”
Desconfie dos e-mail que contém um monte de acertos de alguém e ignorem, solenemente, os erros.

domingo, 10 de outubro de 2010

Eros, segundo Drummond




Não se mate
1934 - BREJO DAS ALMAS


Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguem sabe nem saberá.

Foto: "Patinho suicida" por Alexsandro Issao Sunaga- nov/2001

Poema copiado de:
http://carlosdrummonddeandrade.com.br/poemas.php?poema=18





sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Somente marcas

Eis um trecho de um poema que tem ecoado em mim incessantemente...

"Caminhante, são tuas pegadas
o caminho e nada mais;

Caminhante, não há caminho,
se faz o caminho ao andar
Ao andar se faz o caminho

e ao voltar a vista atrás
se vê a senda que nunca
se há de voltar a pisar

Caminhante, não há caminho
somente marcas no mar"

(Antonio Machado)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

となりのトトロ (Tonari no Totoro)

Esta semana conheci uma nova amiguinha "japa". Ela é uma florzinha e conhecê-la me fez lembrar de coisinhas bonitas e gostosas do Nihon. Entre as boas lembranças está o grande, fofo e lendário Totoro, em nihon-go: トトロ.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Insônia

Estive contando...Em meus 34 anos de vida já mudei 24 vezes de residência. Por duas vezes fui morar em países distantes onde morei em 6 endereços diferentes. Juntando todo o tempo que estive fora do Brasil, fiquei longe por apenas quatro anos. Estou dizendo, portanto, que em apenas quatro anos (fora do meu país) morei em 6 lugares diferentes, ainda que só em dois países diferentes.
Só no Brasil, do que eu consigo me lembrar, mudei de casa 19 vezes . (Minha memória retrocede até os meus 5 anos de idade, talvez 4...) Em solo brasileiro troquei de cidade só 6 vezes, mas várias vezes entre uma mesma cidade e outra. Colando as duas vezes em que fui morar em Sorocaba (a primeira quando tinha quase 7 e a segunda quando tinha quase 11), posso dizer que morei por 12 anos naquela cidade. Se eu colar os quebrados todos, posso dizer que moro em Campinas por 11 anos...(Ou 12, considerando que Valinhos é logo ali...)
Quando me perguntam de onde eu sou, não sei muito bem o que dizer. Só sei que -inteira mesmo- sou de lugar nenhum.
Quanto as pessoas, desde minha primeira vez como moradora de Campinas, estou sempre envolvida com estudantes que -como eu- estão de passagem...Mas na verdade, mesmo antes da "vida universitária", pessoas muito queridas por mim foram embora depressa demais de modo que eu quase concordo com o Renato Russo: "Os bons morrem jovens". Quase- afinal "bons" é um juízo de valor...
Sei que no meio dessa bagunça constante que tem sido a minha vida, formei uma pequena família. Conheço meu marido há 14 anos, namoramos há 13 e estamos casados há 9. Temos um filho com 7 anos de idade. O maior tempo que fiquei longe do meu marido foi um período de 8 meses. Ele no Japão e eu com o Victor no Brasil. Foi um imprevisto...Vim do Japão para o Brasil, de férias com o Vic quando aconteceu uma sucessão de imprevistos (que inclui o estouro da crise no Japão) e eis que estamos de volta à pátria amada. Blá- blá...Já escrevi sobre isso antes....
Depois do Japão, já fiquei 8 meses na casa da vovó,em Sorocaba, seis meses morando em Barão Geraldo, um ano em Valinhos e agora estamos de volta à Campinas.
Muitas mudanças cansam. ( Bom mesmo deve ser borboleta: sai apenas uma vez do casulo e isso acontece quando já está pronta para voar...) Por outro lado, percebo que tantas idas e vindas, tem me tornado mais apreciadora do agora e cada vez menos romântica. E acho que esta é uma das lições mais importantes que tenho aprendido nesse meu tempo de vida: quase tudo passa. A única certeza que tenho é que estou aqui, agora. As únicas pessoas em minha vida, são as que eu tenho agora. Tudo o mais vira sonho ou pesadelo e o futuro pode não chegar ou simplesmente ser mais um ponto fora da curva.
Vou tentar dormir agora, já são 03h20 e o sono parece que finalmente chegou!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Time is going...


Desde meus 12 anos de idade me pego recordando (e rindo) dessa tirinha. Incrível!


quarta-feira, 9 de junho de 2010

Como "vencer" na vida

Gosto de BOAS histórias em quadrinhos. Estou agora (só agora!!!) saboreando Os malvados. (Antes tarde, que não rir...) What ever... O artista criador dessas inteligentes e malvadas tirinhas é André Dahmer.

Em seu blog, diversão garantida pra quem gosta de humor com qualidade. O cartunista nos beneficia com várias tirinhas que valem a pena!

Colei aqui como aperitivo (e lembrança) : "Loja da consciência". É só uma mordidinha na orelha, pra deixar quem ler com vontade de mais.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Mãe & Filho

As tirinhas do Calvin sempre me divertiram. Hoje, como mãe de um garotinho em sua "fase Calvin", algumas vezes parece que não me divirto tanto quando lia os quadrinhos.



Mas olhando assim, de longe, esses acontecimentos são mesmo muito engraçados...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Ser humano. Entre Chronos e Kairos.


Sempre me incomodou a pressa, a correria, aquele olhar frenético no relógio.

Lembro-me de um tutor de certo grupo de juniores que participei na infância. Eu gostava dele, mas uma vez, ele me chamou de "tartaruga" e o apelido pegou, pelo menos por um tempo. Cruel.( Até porque eu era a mais novinha do grupo e na verdade ainda nem tinha idade para estar entre os outros...) Minha avó e minhas tias contam que quando eu era bebê era muuuito tranquila e ficava por muuuito tempo sentada num mesmo cantinho com um brinquedo nas mãos. Meu irmão, mais "objetivo"que elas (rsrs, coisa de irmão) diz que eu era uma "pata choca". Por tudo isso, sei que sou suspeita para reclamar da pressa, da correria das pessoas "normais".

Talvez por eu ser assim (especialmente de vagar) sinto que é muito desagradável e constrangedor ter que estar com alguém que faz questão de deixar claro que não tem tempo.

Naturalmente sou a favor do bom senso e da atenção ao contexto.( É fato também que algumas pessoas extrapolam o limite da cortesia, fazendo do ouvido do outro propriedade sua...).

Francamente, penso que deveria ser pré-requisito ouvir com atenção as palavras das pessoas, para quem escolhe trabalhar com elas.

Por exemplo, não consigo entender aquelas consultas médicas, sobretudo as primeiras, em que você sai com uma receita nas mãos, ou um com um diagnóstico ( geralmente de virose), depois de cinco minutos de consulta. (Talvez seja a minha ignorância na área médica, mas...)

Outro exemplo do que me quebra: aquelas respostas que chegam antes do ponto de interrogação ser posto:

- Não é estran...
- A-hã.

Um dos motivos pelos quais gosto de idosos, em geral, é esse: eles geralmente saboreiam as palavras, os momentos, as histórias. Impossível refletir sem saborear. Impossível compreender sem refletir. Impossível avaliar bem sem analisar por completo. (E quem faria essas coisas num piscar de olhos?)

Essa grosseria de escutar alguém olhando no relógio, essa deglutição cotidiana, desse mundo louco, onde as pessoas precisam correr atrás de ônibus e já começam a suar antes de chegar ao trabalho...Não! Isso é subumano, é barbarie. Não me conformo! Não- me- connn-forrr-mooo!

Ao meu ver, esse comportamento é um desrespeito pela humanidade das pessoas. Somos inferiorizados por Chronos, quando acreditamos, ou assumimos na máxima imposta pelo mercado de que "tempo é dinheiro". Como assim? Tempo é dinheiro? E dinheiro é o que? Stress? Então tempo é stress? Sim, Chronos pode ser estressante, se nos deixamos escravizar por ele.

Lamento que não temos em português uma palavra que traduza a preciosidade de Kairos. Talvez (quem sabe?) kairos fosse visto na profundidade de seu valor, se ele existisse em nosso vocabulário.

Chronos é preciso. E precisamos de Chronos para a organização da sociedade. Mas Kairos é fundamental para a qualidade de vida.

PS1: Ah...Um livro interessante que abrange o tema é: Reengenharia do Tempo, da autora carioca Rosiska Darcy de Oliveira. Diferente do meu desabafo pessoal, a educadora faz uma crítica profissional e traz dados atuais (inclusive alguns otimistas) de mudanças estruturais realizadas por alguns países (Holanda, Suécia e Itália, por ex) em prol da qualidade de vida de muitos profissionais. Animador, vale a pena!

PS2: Uma curiosidade internacional sobre essa falta de pessoas (com tempo) para ouvir, pode ser conferida nesta notícia aqui: Voluntários ouvem problemas nas ruas do Japão

OBS: A foto acima foi tirada por Alex (Sunaga). Sakuras em Ibaraki-Ken/ 2007

terça-feira, 16 de março de 2010

Bem dito

"O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso."
Mário Quintana

Terça braba...

domingo, 14 de março de 2010

Sobre o que vale mesmo a pena

O TEMPO E AS JABUTICABAS
"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio. Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão-somente andar ao lado do que é justo. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo
."

Ricardo Gondim

quinta-feira, 11 de março de 2010

George, o nosso George...

Poderia escrever muitas palavras, mas estou sem energia. Apenas quero deixar registrado que nosso George descansou na madrugada de hoje, por volta das 03h00 em um hospital veterinário aqui em Valinhos, depois de sofrer muitas dores. Alex e eu estivémos com ele até o último segundo. Quando voltamos, Vic havia acordado e estava a nossa espera. Meu irmão, que ficou em casa com ele, apenas contou-lhe que George não passou bem e que estávamos com ele no hospital.
Quando voltamos com a notícia, Vic ficou estarrecido. Chorou. Hoje pela manhã me disse coisas de partir o coração...
Agora temos lágrimas, dor e saudade.
Dói muito a despedida. E dói muito a responsabilidade por uma vida.
Silêncio é o que preciso no momento.

segunda-feira, 8 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Shit happens...

Hoje tive duas vontades fortes logo pela manhã: a primeira foi de vomitar, a segunda foi de chorar.
Desci pra tomar café da manhã, mas quando abri a porta da cozinha senti um cheiro terrível, terrível e preocupante, vindo da lavanderia. Aquele clássico odor azedo despertou uma hipótese ruim em minha mente (realista!). Quando fui verificar descobri que o fato era bem mais grave que o meu cérebro ingênuo (isto é, reclassificado como otimista) pôde conceber.
O George passou a noite na lavanderia, por causa da chuva forte. Isso é normal. O problema é que ele não foi liberado pra ser feliz no quintal bem cedinho, como precisa, e acabou fazendo suas necessidades básicas matinais ali na lavanderia mesmo...Falando assim, pode até parecer engraçadinho, mas não foi! Foi uma verdadeira tragédia! Nosso George conseguiu transformar um pequeno espaço branco da casa num pedaço das trevas impenetráveis do inferno! Eu nunca vi tanto cocô na minha vida! NUNCA! O George não só fez como deitou, e rolou em cima. Mais! Ele patinou e carimbou as paredes da lavanderia a máquina de lavar etc... Fiquei por uma hora e meia higienizando o pequeno ambiente. Repito: uma hora e meia lavando um espaço irrisório de 2x1!!! Depois, ainda tive que lavar o Lord, autor da obra, e também o quintal por onde ele continuou espalhando toda a sua arte enquanto eu lavava a lavanderia. (Mas eu me surpreendi comigo mesma por ter conseguido não vomitar nem chorar, além de deixar tudo limpo!)
Até agora, algumas vezes, tenho a impressão de que sinto aquele cheiro em mim mesma...argh! Não consegui tomar café da manhã, nem almoçar, aliás não consegui tocar na cozinha depois daquilo. Que nojo! E eu poderia continuar relatando as outras coisas que não deram certo hoje. Mas não vou. Apenas quero deixar registrado que o dia 01 de Março de 2010 foi um dia muito "trash". E a cagada toda começou logo cedo :(

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mundo cão!

E hoje descobri que enquanto estávamos em crise sobre a prática da eutanásia no nosso George, em algum lugar no mundo (Uganda) tem gente discutindo a possibilidade da morte aos gays! Isso mesmo! :( Pra quem estava alienado como eu, pode pasmar com esta notícia esdrúxula clicando aqui.
Absurdo, como a humanidade evoluiu tanto em conhecimento e tecnologia, mas preserva tanta miséria no espírito. E por falar em miséria humana deixa eu compartilhar duas preciosidades sobre esse assunto. A primeira é o livro (clássico) de Victor Hugo: "Os miseráveis". Meu pai morreu citando e recomendando a leitura desse romance francês. De tanto que ele falava, depois que morreu, fui conferir. Acho que durante a leitura entendi com mais profundidade o que ele queria me ensinar. Sábio papai. Ótimo livro. Para saber mais sobre a obra clique aqui.
A segunda jóia que quero compartilhar é o filme Dogville. Muita gente odiou o filme pela combinação de 3 fatores: é longo, tem um cenário muito diferente do que se espera e é muito denso. Realmente é um filme difícil de se ver até o fim, mas seu conteúdo é riquíssimo e vale a pena.
Ah, e antes de terminar, deixa eu contar que o nosso George voltou a ser um cãozinho alegre e serelepe por esses dias. Está medicado. Tem se alimentado bem e já visitou novo médico. Optamos pela cirurgia pois descobrimos que há, sim, chances de melhora para ele! :)


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Crianças grandes

Ontem o Vic começou sua jornada numa escola nova. Como ele diz: "escola de crianças grandes". Depois que veio do Japão, ele ficou durante um ano numa escola com poucas crianças, em Campinas. Pequenina e aconchegante. A maioria esmagadora dos alunos daquela escola, é composta por descendentes de japoneses. Um ambiente muito familiar, no sentido de atenção e cuidados com os alunos. Mas aquela escola só atende até o término do primeiro ano.
Quando entramos no pátio da escola nova, já vimos muitas crianças de idades bem diferenciadas. No geral, uma criançada educada e comportada. Pelo pátio e cantina, andavam crianças de 6 anos de idade até adolescentes de 14 anos. Sem correria. Com vários monitores. Os olhos do Vic arregalaram. Ele já queria ir direto para sua sala de aula, parecia entusiasmado. Mas ainda era muito cedo. Ficamos na cantina esperando pelas orientações das monitoras e vendo a movimentação da criançada. Na escola de onde ele vem não tinha sinal (nem cantina!). Quando ele ouviu aquele estrondo, se assustou um pouco e olhou pra mim. Expliquei pra ele do que se tratava o impetuoso ruído. Ele balançou a cabeça em sinal de "entendi" e foi levantando. Estava tão ansioso que quando encontramos a sala de aula do segundo ano, foi logo entrando sem nem olhar pra trás. Percebi que acabaram os dias do beijinho na mamãe na porta da escola...
Ao final do dia, perguntamos pra ele o que achou da escola. Ele disse que não gostou. Motivos dados por ele: "Lá todo mundo é muito bravo! Pra falar com a sensei tem que levantar a mão e a gente não pode sair do lugar enquanto não der o sinal!"
Eu soube que a primeira aula seria de música, então perguntei o que eles fizeram. Resposta: "Cantamos o hino nacional e aprendemos a música das regras da escola".
Percebi que o Vic não estava muito a fim de falar, mesmo assim arrisquei mais uma perguntinha:
-E você já fez amigos na escola?
-Só uma amiga, hoje... Na minha classe tinha dois meninos que desobedeciam, faziam bagunça...E eles me chamaram de burro, mas eu não liguei...
-Filho, se eles te chamaram de burro, eles não são seus amigos. Afaste-se deles.
-Eu sei... Mas hoje eu tirei nota máxima em comportamento!
E isso é só mais um começo...Ai, meu coração!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Bobinho

Um amigo meu reencontrou algo que escreveu no passado e concluiu: " É um poema antigo e bobinho..."
Eu não achei o poemeto dele bobinho, principalmente (mas não só por isso!) porque ele escreveu o que sentia. Eu não acho que sentimentos possam ser qualificados como bobinhos. Nem aqueles que a gente expressa fora do padrão esperado.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Precisão


O tempo escoa...
Para manter o curso, preciso me esquecer que tudo é ilusão.
Correr é preciso, viver não é preciso. (É tudo ilusão. É tudo ilusão)
Correr é preciso, viver não é preciso. (É tudo ilusão. É tudo ilusão)
Preciso manter o curso. (Mas é tudo ilusão. É tudo ilusão)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Funny!

Gente, o Henderson me mostrou esse vídeo ontem. Eu achei SUPER engraçado. O Alex já pasou por essa fase e nosso filho também...Agora, que eu acabei de entrar no facebook, tem alguns colegas me convidando pra participar, mas... No thanks! :)



sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Boris, isso é uma vergonha!

Tristíssimo. Como nossos mais desfavorecidos sairão dessa condição, se os "ícones nacionais" transbordam desrespeito e crueldade?