sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Tocando em Frente- Almir sater

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Ou nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia todo mundo chora
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Hipnose sonora, aqui também tem!

Como o Darcy deixou claro em seu blog, a música abaixo (bem abaixo) está bombando por aqui. Não há um estabelecimento comercial em que você vá hoje, aqui no Japão, de onde seus ouvidos saiam ilesos ao som de "SOBA NI IRU NE" (Próximo a você).

(Força de expressão, claro! Imagino que em agências funerárias prefiram o silêncio, que é mais conveniente, em minha opinão...)

Estava quase decorando um trecho da música sem nem saber do que se tratava a baladinha pueril...(que tornou-se um inferninho, pra falar em português bem claro) "Baby boy /atashi wa koko ni iruyo /doko mo ikazu ni matteru yo..." :P

A gente já chega aos vendedores, ou prateleiras das lojas meio que "pulandinho", acompanhando as batidinhas repetidas e a voz mansinha da cantora. E lá se vão nossos ienes! (Aposto que os consumistas mais descontrolados já levam um CD com a música da dupla também! hehehe)

Vou postar o vídeo aqui, plagiando o Darcy :P, para compatilhar com os amigos do Brasil o que é mais ouvido no japão hoje! (E pra quebrar o gelo do post de ontem tbm :)


Darcy Suzuki, gentilmente postou a tradução da música que não nos deixa escapar, em seu blog. Eu até pensei em colar a tradução dele (também!) aqui, mas a preguiça foi maior (maior que a cara de pau!). Então, quem tiver curiosidade para saber a tradução pode clicar aqui e será cibertransportado para o desvendamento de nossa atual hipnose sonora.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Tempo, saudades, oportunidades e afins


Faz um bom tempo que não posto nada aqui. Tenho estado um pouco desanimada, um pouco triste por esses dias. Tenho dormido mal e tido pesadelos.

Já faz um ano que estamos neste novo endereço e dois que estamos no Japão. As saudades são muitas e constantes. Esta noite sonhei que meu pai tinha morrido (de novo!) e amanheci mais triste ainda. Talvez seja só TPM somada ao longo inverno longe de casa e as recordações de eventuais asperezas da vida. (Seja lá o que for, não faz diferença).

Hoje pela manhã o Alex me perguntou se estou
arrependida de virmos para o Nihon. Resgatei em segundos, os motivos que nos impeliram pra cá, antes de dar qualquer resposta. E, então, respondi que nós estávamos mesmo entrando num caminho cíclico no Brasil...

Tivemos (ambos) que ceder a este processo desgastante, que tem sido o Japão para nós.

Muitas vezes não é fácil (e ninguém disse que seria) mas tem dias que a dor é maior. "O tempo é a insônia da eternidade", já disse Quintana. Tenho 31 anos, logo completo 32...Quero voltar a estudar!

Mudando (mas não muito) de assunto, o texto abaixo lavou a minha alma. Os amigos próximos vão entender o meu sentimento. Aqueles que acompanharam minha novela em 2004 e 2005 com o pré-projeto de pesquisa, "sem lugar", passeando pela "Uni", até ser engavetado.
O texto é de outra pessoa, Janer Cristaldo, mas estou colando aqui. É certeiro e retrata mais uma infeliz realidade. Aos colegas universitários, ex ou futuros, uma crítica que merece consideração.

Hoje é dia de saudades e melancolia, mas só hoje. Amanhã será um novo dia! :)

AS TRES VIAS DE ACESSO
Por Janer Cristaldo http://www.baguete.com.br/colunasDetalhes.php?id=2119
Após ler minha crônica sobre os cavacos do ofício do jornalismo, uma amiga me pergunta porque não estou lecionando numa universidade. Coincidentemente, a resposta está no artigo de Cláudio de Moura Castro, na Veja da semana passada:

“Na UFRJ, um aluno brilhante de física foi mandado para o MIT antes de completar sua graduação. Lá chegando, foi guindado diretamente ao doutorado. Com seu reluzente Ph.D., ele voltou ao Brasil. Mas sua candidatura a professor foi recusada pela UFRJ, pois ele não tinha diploma de graduação. Luiz Laboriou foi um eminente botânico brasileiro, com Ph.D. pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e membro da Academia Brasileira de Ciências. Mas não pôde ensinar na USP, pois não tinha graduação”.

Estas peripécias, eu as conheço de perto. Começo pelo início. Nunca me ocorreu lecionar na universidade. Eu voltara da Suécia, cronicava em Porto Alegre e fui tomado pela resfeber, doença nórdica que contraí na Escandinávia. Traduzindo: febre de viagens. Li nos jornais que estavam abertas inscrições para bolsas na França e me ocorreu passar alguns anos em Paris. A condição era desenvolver uma tese? Tudo bem. Paris vale bem uma tese. Tese em que área? Busquei algo que me agradasse. Na época, me fascinava a literatura de Ernesto Sábato. Vamos então a Paris estudar Sábato.

Mas eu não tinha o curso de Letras. O cônsul francês, ao me encontrar na rua, perguntou-me se eu não podia postular algo em outra área. Em Direito havia mais oferta de bolsas. Poder, podia. Eu cursara Direito. Mas do Direito só queria distância. Mantive minha postulação em Letras. Para minha surpresa, recebi a bolsa. A França me aceitava, em função de meu currículo, para um mestrado em Letras, curso que eu jamais havia feito. Nenhuma universidade brasileira teria essa abertura. Aliás, os componentes brasileiros da comissão franco-brasileira que examinava as candidaturas, tentaram barrar a minha. Fui salvo pelos franceses.

Fui, vi e fiz. Em função de meu currículo, aceito para mestrado, fui guindado diretamente ao doutorado. Tive o mesmo reconhecimento que o aluno do MIT. Acabei defendendo tese em Letras Francesas e Comparadas. Menção: Très bien. Não me movera nenhuma pretensão acadêmica, apenas o desejo de curtir Paris, suas ruelas, vinhos, queijos e mulheres. A tese não passou de diletantismo. De Paris, eu escrevia diariamente uma crônica para a Folha da Manhã, de Porto Alegre. Salário mais bolsa me propiciaram belos dias na França. Foi quando minha empresa faliu. Conversando com colegas, fiquei sabendo que um doutorado servia para lecionar. Voltei e enviei meu currículo para três universidades. Sei lá que loucura me havia acometido na época: um dos currículos enviei para o curso de Letras da Universidade de Brasília.

Fui a Brasília acompanhar meu currículo. Procurei o chefe do Departamento de Letras. Ele me cobriu de elogios, o que só ativou meu sistema de alarme. Que minha tese era brilhante, que meu currículo era excelente, que era um jovem doutor com um futuro pela frente. Etc. Mas... eu tinha apenas os cursos de Direito e Filosofia, não tinha o de Letras. Me sugeria enviar meu currículo ao Departamento de Filosofia, já que a tese tinha alguns componentes filosóficos.

Ingênuo, fui até o Departamento de Filosofia. O coordenador me recebeu muito bem, analisou minha tese, cobriu-a de elogios. Mas... eu não tinha o Doutorado em Filosofia. Apenas o curso. Considerando o grande número de artigos publicados em jornal, sugeria que eu fosse ao Departamento de Comunicações. Besta atroz, fui até lá. O coordenador considerou que meu currículo como jornalista era excelente. Mas... eu não tinha o Curso de Jornalismo.

Na Universidade Federal de Santa Catarina abriu um concurso para professor de Francês. Já que eu era Doutor em Letras Francesas, me pareceu que a ocasião era aquela. Duas vagas, dois candidatos. Fui solenemente reprovado. Uma das alegações foi que eu falava francês como um parisiense, e a universidade não precisava disso. A outra, e decisiva, era a de que eu tinha doutorado em Letras Francesas, mas não tinha curso de Letras.

Já estava desistindo de procurar emprego na área, quando fui convidado para lecionar Literatura Brasileira, na mesma UFSC que me recusara como professor de francês. Convidado como professor visitante, o que dispensa concurso. Mas o contrato é por prazo determinado, dois anos. O curso precisava de doutores para orientar teses e eu estava ali por perto, doutor fresquinho, recém-titulado e livre de laços com outra universidade. Fui contratado.

Acabei lecionando quatro anos, na graduação e pós-graduação. Findo meu contrato, foi aberto um concurso para professor de Literatura Brasileira. Me inscrevi imediatamente. Uma vaga, um candidato. Me pareceram favas contadas. Ledo engano. Eu não tinha o curso de Letras. Fui de novo solenemente reprovado.

Na mesma época, abriu um concurso na mesma universidade para professor de espanhol. Ora, eu já havia traduzido doze obras dos melhores autores da América Latina e Espanha (Borges, Sábato, Bioy Casares, Robert Arlt, José Donoso, Camilo José Cela). Vou tentar, pensei. Tentei. Na banca, não havia um só professor que tivesse doutorado. Pelo que me consta, jamais haviam traduzido nem mesmo bula de remédio. Mais ainda: não tinham uma linha sequer publicada. Novamente reprovado. Minhas traduções poderiam ser brilhantes. Mas eu jamais havia feito um curso de espanhol.

Melhor voltar ao jornalismo. Foi o que fiz. Anos mais tarde, já em São Paulo, por duas vezes fui convidado para participar de uma banca na Universidade Federal de São Carlos, pelo professor Deonísio da Silva, então chefe de Departamento do Curso de Letras. Uma das bancas era para escolher uma professora de Literatura Espanhola, outra uma professora de Literatura Brasileira. Deonísio sugeriu-me participar, como candidato, de um futuro concurso. Impossível, eu não tinha o curso de Letras. Quanto a julgar a candidatura de um professor de Letras, isto me era plenamente permissível.

Por estas e por outras – e as outras são também importantes, mas agora não interessam – não estou lecionando. Diz a lenda que na universidade da Basiléia havia um dístico no pórtico, indicando as três vias de acesso à universidade: per bucam, per anum, per vaginam. Lenda ou não, o dístico é emblemático. A universidade brasileira, particularmente, é visceralmente endogâmica. Professores se acasalam com professoras e geram professorinhos e para estes sempre se encontra um jeito de integrá-los a universidade. A maior parte dos concursos são farsas com cartas marcadas. Pelo menos na área humanística. As exceções ocorrem na área tecnológica, onde muitas vezes a guilda não tem um membro com capacitação mínima para proteger. Contou-me uma professora da Universidade de Brasília: “eu tive muita sorte, os dez pontos da prova oral coincidiam com os dez capítulos de minha tese”. O marido dela era um dos componentes da banca. A ingênua atroz – ou talvez cínica – falava de coincidência.

Na universidade brasileira, nem um Cervantes seria aceito como professor de Letras, afinal só teria em seu currículo o ofício de soldado e coletor de impostos. Um Platão seria barrado no magistério de Filosofia e um Albert Camus jamais teria acesso a um curso de Jornalismo. No fundo, a universidade ainda vive no tempo das guildas medievais, que cercavam as profissões como quem cerca um couto de caça privado. Na Espanha e na França, desde há muito se discute publicamente a endogamia universitária. Aqui, nem um pio sobre o assunto. E ainda há quem se queixe quando os melhores cérebros nacionais buscam reconhecimento no Exterior.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Valentine's Day. Chocolate's Day.

No Brasil, estabeleceram o dia 12 de junho como dia dos namorados. Véspera do dia de Santo Antônio, o santo que ganhou o título de padroeiro dos solteiros incorformados.

Há alguns anos atrás, Antônio, era o santo da mulherada, praticamente. (Foi o que ouvi dizer.) Mas, parece-me, e, claro, posso estar muito errada, tô vendo uma clientela diferente choramingando ao Santo... Tenho visto amigos (homens) recorrendo ao casamenteiro celestial porque as estratégias terrestres não estão funcionando mais...E eu que achava que casamento estava fora de moda, tenho me surpreendido.

(Falando nisso, amigas interessadas! Entrem em contato pelo meu e-mail. Tenho uma lista de mocinhos! Serviço sigiloso, sem compromisso e sem taxa de entrega. Experiência no ramo. Servimos bem para servir sempre.)

Deste lado do mundo, o Santo Antônio é desconhecido, mas também tem dia dos namorados, ou o Valentine's Day (mais uma importação cultural). Dois dias, aliás! O primeiro é 14 de fevereiro, quando as mulheres dão chocolates para os namorados, pretendentes, amigos coloridos (e desbotados), chefes, professores e outros...Claro que os chocolates distribuídos são diferenciados. Para os amigos, chefes e outros as mulheres oferecem o "Giri-Choco" cujo objetivo é expressar agradecimentos. Para "o favorito", a oferta tem outro nome: "Honmei-Choco". Para não haver confusões tem cartões que acompanham, selos, adesivos, enfim...

No dia 14 de março é a vez dos homens retribuírem os presentes (um mês depois). E este dia tem outro nome: White Day. Dia em que as mulhres ganham chocolates brancos ou marshmallows, geralmente. Claro que não é obrigatório que os homens retribuam , mas é uma forma de ser bem educado. ( E é claro que se o cidadão "civilizado" não retribuir é porque a bela levou um fora. Neste caso: tem que chorar e pensar que tudo passa! Se estiver muito difícil de esquecer, muito mesmo, a dica é: pensar que ele vai ficar gordo, muito gordo e barrigudo, muito barrigudo! Isso pode ajudar...)

O meu namoradinho ainda está trabalhando :( Mas ele chega já! :)

TODAS AS CARTAS DE AMOR SÃO RIDÍCULAS- Álvaro de Campos

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem

Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.


As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Abaixo, um vídeo pra rir (ou chorar). Um exemplo brasileiro, de ocorrência mundial.



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Se eu pudesse...

Do Japão (Gilberto Gil)

Do Japão
Quero uma máquina de filmar sonhos
Pra registrar nas noites de verão
Meu corpo astral leve, feliz, risonho
Voando alto como um gavião
Que filme dentro de minha cabeça
Todo pensamento raro que eu mereça
Toda ilusão a cores que apareça
Toda beleza de sonhar em vão

Do Japão
Quero também um trem-bala-de-coco
Pra atravessar túneis do dissabor
Quero um microcomputador barroco
Que seja louco e desprograme a dor
Visitar um templo zen-desbundista
Conversar com um samurai futurista
Que me dê pistas sobre o sol-nascente
Que me oriente sobre o novo amor

Do Japão
Quero uma gueixa que em poucos minutos
Da minha queixa faça uma paixão
Descubra novos sentimentos brutos
E, enfeitiçada, tome um avião
E a gente vá viver num outro mundo
Pra lá do Terceiro ou Quarto ou Quinto Mundo
Onde a rainha seja uma açucena
E a divindade, a pena do pavão

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Que diabo é esse?

No post anterior, a respeito do Setsubun, deixei pendente uma explicação um pouco melhor sobre o que são Onis. Hoje, dia da Fundação Nacional do Japão, portanto feriado, um frio danado,com nada pra fazer de melhor, vou escrever sobre esse diacho que ficou mal explicado...

Bem, Onis são espíritos da mitologia japonesa, que representam nossas paixões, ou instintos, de forma bem caricaturizadas.

Por vezes alguns brasileiros, traduzem o nome Oni, sem maldade (hehehe), como Diabo. Mas, a tradução mais comum que escuto é para este nome, é demônio. Bem, não precisa saber nihon-go, para perceber que Diabo não é uma tradução feliz... Primeiro porque Onis fazem parte da mitologia oriental desde antes do cristianismo chegar aqui. Esta observação, por sí só, já poderia encerrar o assunto, mas outros detalhes interesantes também nos fazem perceber que estes espectros do Oriente e o Diabo do Ocidente não são idênticos.

Esses espectros não são necessariamente de natureza maligna. Isto pode ser um pouco difícil para nós, ocidentais, compreendermos, por estarmos habituados com a dicotomia bom x mau. Ou é anjo ou é demônio (e se é demônio é do mal...). Ou é de Deus, ou é do Diabo. Mas os Onis não se enquadram neste perfil.
Onis têm sua origem no Xintoísmo e, ao decorrer do tempo, entidades budistas foram acrescentadas ao grupo. E, como já deu pra perceber, há vários deles.

Embora os Onis possam ser também bondosos, encontramos, hoje, muito mais destes seres atormentando os humanos. Estão presentes em animes, mangás e games, por ex. Este fato me leva a pensar que "o mal" esteja mais vendável atualmente por aqui também...(?)

Tradicionalmente, um Oni, em sua manifestação física, é um ogro enorme que pode ser vermelho, azul, ou preto.Tem chifres e presas grandes. Como aquela figura do Setsubun, conforme descrevi, no post anterior.

Alguns Onis comem carne humana e podem se disfarçar de mulher. (E por falar em mulher-demo...Acredita-se por aqui que as mulheres muito ciumentas, transforman-se em Oni. Hahaha! E também, ao contrário, que um Oni pode encarnar o ciúme e a inveja em corpo feminino... Outro dito popular é que um homem muito enraivecido se transformará em Oni.)

Agora, para acabar ( alguém conseguiu ler até aqui?), vou escrever algo que descobri observando a escrita japonesa do nome Oni e do nome Diabo. (Eu achei bem interessante isto!) :) Vejam só...

- O Kanji (ideograma) de Oni é este: 鬼 (E ele não deriva de nenhum radical!)

- O Kanji de mal é: 悪

- O Kanji de Diabo é: 悪魔
Isto é, para construirem o nome "Diabo", usaram o Kanji de mal + o Kanji de Oni. E assim, o grande Demônio do Ocidente foi arrebanhado no reino dos Onis. Hehehe, como são gentis! Não querem deixar nehum espectro de fora... :)

Curiosidades:

1)Aqui no Japão, existe um gesto, que representa um Oni e é usado para dizer, que uma pessoa está brava. O gesto é feito usando os dois dedos indicadores erguidos, ao lado da fronte, na altura dos olhos. Aliás, no Brasil, o mesmo gesto tem um significado pejorativo: "corno". :/

2) As crianças por aqui conhecem também uma versão do Oni parecida com o Bicho Papão do Brasil. Neste caso, mamães que usam a pedagogia do medo, apelam para este Oni com a intenção de coagir as crianças a andarem pelo bom caminho. :(

3) Deste lado do mundo, se alguém quer dizer que a pessoa é um muito boa no que faz, pode usar a palvra Oni como elogio. Assim como dizemos no Brasil: "Fulano é fera no que faz!" , aqui diz-se: " Fulano é "Oni" no que faz" :)

4) Conheça uma lenda japonesa (tradução em português) sobre dois Onis bondosos, clicando aqui! (Clica! Clica! Clica!)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Setsubun

Embora signifique mudança de estação, Setsubun tornou-se o nome que indica a véspera da primavera- segundo o calendário de cá. Curioso fato, afinal estamos enfrentando um frio tão gélido que não nos deixa acreditar que veremos flores tão cedo! Apesar do efeito estufa (e de outros pesares), a data continua sendo comemorada no dia 3 de fevereiro. Este ano, portanto, o Setsubun acontecerá no próximo domingo.

Este é mais um evento nipo cultural! Seguindo a tradição, os japoneses espantam os maus espíritos de casa de uma forma nada high tech...Ao contrário, o método "Ghost Busters" utilizado por aqui vem de eras, e chama-se mamemaki, ou, em nossas palavras: lançamento de grãos.

"Lançamento de grãos?" Exatamente! Lançamento, arremesso de grãos de soja torrados. Ficou com vontade de comer? Não tem problema! As pessoas arremessam os grãos, mas comem também! Calma, calma, calma! Explico. Vamos por partes:

1) Alguém na casa, geralmente o pai da família, usa uma máscara de Oni.* e então a festa da garotada começa. Esbravejando: “Fuku wa uchi! Oni wa soto!” (Sorte pra dentro! Demônios pra fora!") os moradores da casa vão espantando os maus espíritos e semeando (simbolicamente) os grãos para atrair a sorte.

2) Depois desse ritual, a segunda parte da tradição é: cada um come o número de grãos de soja correspondente à sua idade para que se tenha saúde por todo o ano.

Esta cerimônia acontece também nos templos e escolas, onde, algumas vezes, tem até encenação de espíritos malvados lutando contra divindades.

Ah, estes grãos recebem o nome de fukumame, isto é, grãos da fortuna (no sentido de sorte). E o ritual de arremesso para atrair a sorte, chama-se mamemaki, mas isto eu já falei! :/

PS: O Vic também participou do mamemaki na escola hoje pela manhã, já que domingo a escola não funciona. Voltou dizendo que “é uma brincadeira muito divertida!” :)

* Por enquanto vou dizer que Oni é uma entidade do mal. Muito feio, com chifres na testa e dentes assustadores, mas outro dia falo mais sobre o famigerado assustador.