quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
No tal capital.
Já escrevi, eu mesma, sobre como é o Natal aqui no Japão. Mas escrevi sobre minha perspectiva. No blog do Darcy li algo diferente do que escrevi, mais abrangente. Achei boa informação sobre como é vivido/visto este dia pelos japoneses, em geral. Uma curiosidade cultural, aos amigos que estão aí do outro lado do mundo...
Para ler o post dele, pode clicar AQUI.
No mais, o que consigo acrescentar é:
JESUS NASCEU! FELIZ NATAL! BEBA COCA COLA!
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Sobre o Post: Absurdos do Cotidiano ETC
Arigatoo, Mr. henderson! :*
Ah, outra coisa! Tem alguns amigos, colegas, cidadãos enfim, que comentam sobre o blog em meu depoimento no orkut. Podem postar aqui em "comentários" sem medo de ser feliz. :)Acreditem, nada do que for escrito aqui vai ser usado contra vocês no tribunal. Não por mim, podem apostar!
De qualquer maneira, agradeço a todos os que carinhosamente têm vindo aqui me visitar e têm -ou não- deixado algum sinalzinho de vida e de visita. Arigatoo a todos! :)
domingo, 23 de dezembro de 2007
Isto não é sério.
Hoje, ao ler uma notícia num jornal brasileiro, pensei nas muitas vezes em que ouvi rapazes se perguntando, ou me perguntando, enfim, tendo uma dúvida que lhes parecia cruel:
-"O que as mulheres tanto fazem no banheiro?"
Há anos percebo que os mocinhos ficam muito curiosos a este respeito. Quando notam as mocinhas indo ao banheiro sempre que chegam à uma festa, restaurante e outros lugares começam inclusive as elucubrações, entre eles, sobre as -supostas -reuniões das luluzinhas nas pipi'houses. E estas visitinhas ao toilet se repetem, geralmente, mais vezes do que eles esperam. (E , falando nisso, como esperam!)
Oras, respondo já e de uma vez por todas. Há muito o que se fazer em um banheiro...Inclusive, nos dos aviões. Confiram abaixo dois curiosos exemplos:
Mulher dá à luz no banheiro de avião francês durante vôo http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u91099.shtml
Mulher com flatulência obriga avião a fazer pouso forçado nos EUA http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u102562.shtml
Ah, e quem não se lembra daquele caso em que uma mulher ficou presa ao vaso sanitário do avião? A madame ficou presa graças ao vácuo que deveria fazer a sucção de toda a sujeira (apenas) que caísse ali. Pobre mulher! Quantos se lembram dela ( ou de seu caso bizarro) pelo mundo? Certamente se lhe fosse dada uma segunda chance ela preferiria morrer desconhecida...Enfim, teve seu momento de fama...
Então retomo a pergunta visceral dos mocinhos ingênuos:
-"O que tanto as mulheres fazem no banheiro?"
Não, tolinhos! Mulheres não vão ao banheiro apenas para retocar a maquiagem ou para fazer reuniõezinhas a respeito de mocinhos. Há muito mais humanidade nas mademoiselles que os coraçõezinhos platônicos possam desejar.
Era isto. Um "momento bobagem" meu. Leu até aqui? Eu avisei...
sábado, 22 de dezembro de 2007
Tudo passa. Estamos bem.
O Vic também está gripado, com a gargantinha irritada, mas sem febre. Levei o pequeno ao médico, um dia depois de acomodar bem o Alex em casa. Fiquei preocupada que tivesse mais um moribundo em casa. Mas não é o caso, Vic está apenas gripado. Aliás está cheio de energia, apesar da gripe. Está sendo medicado e, diferente do pai, pode seguir com suas atividades normalmente.
Agora, passado o susto, as dores fortes do Alex e sua febre alta, já estamos num clima bem mais sossegado e até alegre em casa.Estamos, inclusive, saboreando a oportunidade rara de ficarmos bastante tempo juntos aqui no Japão. Ontem à tarde, enquanto o Vic estava na escola, Alex e eu até aproveitamos para assistir um documentário que gostamos muito.
Para não deixar alguém curioso (eu ficaria) o nome do documentário é: Oscar Niemeyer- a vida é um sopro. Senti que ele é uma vida bonita. Aliás, achei muito bonita a simplicidade e a leveza do arquiteto. Interessante ouví-lo falar sobre as obras públicas que criou, enquanto lembrava-se, ou lembrava-nos, que quis fazer algo bonito para os pobres também poderem admirar o belo. Pessoas assim, sempre me fascinam. Pessoas que se importam em fazer diferença na/para a socidade. Que se preocupam em melhorar a vida dos desfavorecidos. Como ele mesmo destaca, quem, hoje, no Brasil, pode usufruir do serviço de um arquiteto?
A gente vive numa correria tão miserável. E nesta correria por melhorar a nossa própria qualidade de vida, a nossa própria imagem, enfim, o nosso próprio umbigo, acabamos por não ver o tempo passar. Infelizmente, num piscar de olhos tudo simplesmente pode acabar. Espantoso, tudo pode acabar num segundo...
Elogio da sombra
Jorge Luis Borges
A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão)
pode ser o tempo de nossa felicidade.
O animal morreu ou quase morreu.
Restam o homem e sua alma.
Vivo entre formas luminosas e vagas
que não são ainda a escuridão.
Buenos Aires,
que antes se espalhava em subúrbios
em direção à planície incessante,
voltou a ser La Recoleta, o Retiro,
as imprecisas ruas do Once
e as precárias casas velhas
que ainda chamamos o Sul.
Sempre em minha vida foram demasiadas as coisas;
Demócrito de Abdera arrancou os próprios olhos para pensar;
o tempo foi meu Demócrito.
Esta penumbra é lenta e não dói;
flui por um manso declive
e se parece à eternidade.
Meus amigos não têm rosto,
as mulheres são aquilo que foram há tantos anos,
as esquinas podem ser outras,
não há letras nas páginas dos livros.
Tudo isso deveria atemorizar-me,
mas é um deleite, um retorno.
Das gerações dos textos que há na terra
só terei lido uns poucos,
os que continuo lendo na memória,
lendo e transformando.
Do Sul, do Leste, do Oeste, do Norte
convergem os caminhos que me trouxeram
a meu secreto centro.
Esses caminhos foram ecos e passos,
mulheres, homens, agonias, ressurreições,
dias e noites,
entressonhos e sonhos,
cada ínfimo instante do ontem
e dos ontens do mundo,
a firme espada do dinamarquês e a lua do persa,
os atos dos mortos,
o compartilhado amor, as palavras,
Emerson e a neve e tantas coisas.
Agora posso esquecê-las. Chego a meu centro,
a minha álgebra e minha chave,
a meu espelho.
Breve saberei quem sou.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Jingoru Beru*!
Fico sempre impressionada ao ver aqueles pequenos, principalmente os menores (de três anos de idade) tão organizados e disciplinados. O que mais me surpreende é o fato das professoras conseguirem este resultado, quase inacreditável, sem gritarias ou qualquer outra tortura.Fico pensando como deve ser difícil o trabalho delas e faço uma projeção pela dificuldade que tenho em cuidar bem de apenas um em casa...Definitivamente, não é fácil ser educador.
Considero disciplina e organização ítens importantes de sobrevivência satisfatória neste mundo. Fico feliz que meu filho esteja aprendendo estas qualidades que eu não tenho. Sobretudo disciplina, um ponto muito fraco meu e forte do Alex.
Mas, desta vez, o que gostaria mesmo de contar é sobre o natal, ou a noção de natal que temos encontrado por aqui...E por isto volto a falar na festa de sexta feira, no jardim de infância...
Como a última sexta feira foi um dia (repetindo) de apresentações de fim de ano, as professoras usaram o natal como pano de fundo da festa. Tinha um pinheirinmho decorado, com luzes inclusive, no salão da escola. E eu ri muito com o esforço dos pequeninos dissonantes, praticamente berrando em coro: Jingoru Beru! Jingoru Beru! Uma graça...Inesquecível!
Foi um festival interessante...As mães que fazem parte da APM, também fizeram uma pequena apresentação para as crianças. Elas se vestiram de Minnie Mouse e dançaram a música do Mickey Mouse, graciosamente...As crianças ficaram encantadas...O Vic até me perguntou se eu também não gostaria de ir dançar "Mickey Mouse" lá com as outras mães...(Felizmente, esta não era uma opção, e expliquei isto para ele.)
A festa terminou com a surpreendente aparição de um Papai Noel no salão da escola. Foi bem engraçado. Um Papai Noel (nipônico!) era uma das últimas coisas que eu esperava encontrar nesta nossa longa viagem ao Japão. (Também não esperava ouvir jingles de natal, nem ver pinheirinhos ilumindos, enfim...)
O Papai Noel foi recebido com uma euforia (organizada) pelas crianças. Seus olhinhos brilhavam e eles apontavam para o Noel dizendo:
-Olha! O Santa Curos!!! Santa Curos!!!
Muito gostoso ver os olhares cintilantes das crianças diante de uma agradável surpresa. O Vic arregalou seus olhos grandes e abriu um bocão feliz! De longe olhou pra gente e sorriu grandão! Alex, um mês atrás, falou para ele que Papai Noel não existe. Explicou que são os pais das crianças que trabalham e compram presentes para elas. E o menino,depois de ouvir a frustrante verdade do seu pai, sempre que via um boneco do papai Noel, repetia a lição que aprendeu em casa...(As crianças pequenas são muito repetitivas.Parece uma forma que elas têm de assimilar o mundo...)
Bem, quando o papai Noel japonês entrou com o saco de presentes nas costas, o Vic desistiu da lição que o seu pai ensinou. (Na verdade, nós tinhamos certeza de que o Vic sabia que era apenas um homem fantasiado...)
O Santa Claus, ou Santa Curos, como diziam as nipo criancinhas ( e o meu filho!), chegou saudando a todos com seu inglês japonesado: Meru Kurismas! Fez pequenas perguntas em "inglês" para a garotada, enfatizando que Papai Noel Speak English, como o Mickey Mouse...
Depois entregou presentes aos aluninhos, um a um...Foi tudo bem divertido, leve e organizado.
Festa finda, já no carro, o Vic foi abriu os presentes. Ganhou um pedaço grande, delicioso (experimentei!) e lindo de bolo de chocolate, um livro, um jogo e um brinquedinho.
Conclusão do Victor:
-Viu, mamãe? O meu papai estava errado. O papai Noel existe mesmo! Mas ele fala um pouco errado, né? (Referindo-se ao inglês nipônico do artista...)
Ho Ho Ho...
* Jingoru Beru é a forma como, geralmente, os japoneses pronunciam: Jingle Bell.Quem quiser, pode conferir isto neste video abaixo:
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Nada a perder.
Está chovendo por aqui hoje e eu estou ouvindo a música "Enquanto durmo", da Zélia Duncan. Gosto quando ela canta: "De longe parece mais fácil/ Frágil é se aproximar..."
Como disse num post anterior, tenho, por aqui, mais contato com o mundo via internet.
Isto tem sido fascinante, de certa forma. Acho que posso dizer que fiz amigos virtuais, sem correr o risco de ser chamada de ridícula. (Posso?)
Talvez o mundo corcorde que a presença do outro é necessária à felicidade de todo ser humano.Aliás necessária à humanidade do ser humano.
Me lembrei agora daquele filme: "O náufrago". Emocionante, quando o tom Hanks (não me lembro o nome do personagem) fantasia o Wilson...A gente sente, com o personagem, o desespero da solidão absoluta. Comovente.
E não tem gente que nem tá ilhado e compra bonequinha inflável? Então...Imagine o náufrago ali, naquela situação limite...Eu, que sou mais fraca, já teria morrido na primeira semana. Morreria de tristeza, certamente, embora muita gente não acredite que tristeza mata.
Um dia, conversando com um colega médico, ele me perguntou:
-De que seu pai morreu?
Eu respondi:
-De depressão.
Meu colega, que pensa como médico, perguntou de novo:
-Não, mas qual foi a causa médica que o levou ao óbito?
E eu, pra deixar o meu colega- médico- satisfeito, respondi:
-Parada cardiorespiratória.
Pronto. Ele ficou satisfeito. Agora tinha uma resposta plausível. Uma resposta real. Sim porque dizer que alguém morreu de depressão é surreal...
Assim como o cintificismo daquele meu colega, acredito que deve haver gente que acha bizarro que alguém ( que deveria ter mais o que fazer no mundo real) invista em amizades virtuais. Imaginem só! Que frescura...Imagino, inclusive, alguns argumentos...
Tem tantos brasileiros a minha volta! Por quê fazer amizade virtual, não é mesmo? (Esta pergunta só faz quem não leu os primieros posts deste blog, não mora aqui, ou é de outra tribo, se é que me entendem...)
E que história boba esta de solidão? Quem trabalha não tem tempo pra isto. Ainda mais com uma família tão linda...Pra que sofrer? Quem é que tem o direito de sofrer se tem pernas e braços perfeitos, família, trabalho etc...(Ótimos argumentos para empurrar alguém mais para o fundo do poço...Afinal, uma culpa a mais é uma culpa a mais! Isto é: desnecessária e incoveniente...)
Para as mentes mais calculistas, tudo tem que ser lógico e esclarecido.Dois mais dois devem resultar sempre quatro. E qualquer possibilidade que fuja a isso é poesia. Ou loucura, tanto faz desde que não se misture à sagrada ciência...
Na poesia sim, as pessoas podem morrer de amor e de tristeza. Então, vamos à poesia! Esta beleza que nos deixa até morrer mais à vontade... E um viva as amizades virtuais, que se alegram, se animam e algumas vezes até se angustiam também...(Sério, quase tudo é possível!)
É... Neste mundo virtual tenho encontrado uma pessoa aqui, outra ali, muito interessante. Almas gentis, que me fazem comapanhia em alguns momentos.Mas não apenas gentis...Pessoas com quem é possível estabelecer algum diálogo entre almas. E para isto é preciso muita empatia. Concordo com Vinícius: "Agente não faz amigos, reconhece-os". Isto é mágico! E acontece também no ciberespaço, mas eu ainda não sabia...
Compartilhamos gostos e desgostos de vez enquando (afinal, não só de beleza vive uma amizade, mesmo a virtual).
Algumas vezes eu fico pensando...Será que um dia eu vou ver estas figuras face a face? É possível, afinal um dia volto ao Brasil, segundo o script...
Mas é que de longe parece mais fácil, não é? Tem coisas que saem de forma tão expontânea em frente à tela do computador. Depois eu me pergunto se as mesma coisas seriam reveladas olhos nos olhos.Talvez sim.Talvez não.
Esta relação quase platônica que a gente estabelece via internet pode até se desfazer na real. (E isto pode ser bem chato...) Mas, sinto que é válido.
Principalmente quando não temos o que perder (Acho que eu não tenho o que perder...)
Enquanto isto, deixo a chuva cair... Ela é bonita e lava. Lava tudo, Lava minha alma. É poesia. Coisa louca. Como a criação do Wilson, pelo náufrago. Como os amigos virtuosos e virtuais.
E isto é tudo por hoje...Ééé...Espero a chuva cair...
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Absurdos do cotidiano.
Ontem li uma notícia que me chamou a atenção. Hoje li, no blog do Darcy, uma nota a respeito desta mesma notícia, o que me levou a pensar novamente sobre o assunto...
O site que li trazia um dado inédito (desde 1995) a respeito de uma das metrópoles muldialmente famosas. Nehum homicídio registrado durante 24 horas na cidade de São Paulo!
Eu fiquei triste, confesso... (Era pra comemorar, né?).
Interessante. Aqui é digno de nota exatamente o contrário. Não só aqui, claro, mas em outros países também, onde o homicídio ainda é excessão.
Infelizmente dados como este encorajam muitos dekasegis a ficarem por aqui, trabalhando como peões pelo resto de suas vidas.
Já ouvi muitos pais e mães dizendo que preferem ficar pelo Japão para garantirem não apenas certa condição finaceira aos seus filhos. Aqui também podem oferecer às crianças o acesso a um ensino de qualidade mais elevada e maior possibilidade de segurança para sua família.
Isto é muito triste: nos sentirmos mais protegidos longe de casa.
Nosso país está tão imoral que, infelizmente, muitos, pelo que soube, saíram cultuando o Bope, depois que assistiram o filme "Tropa de Elite".
Acho que estou muito fora de moda mesmo... Continuo achando qualquer homicídio horroroso. Não importa de que lado vem, nem para onde vai. É cruel. Assustador. E se soluções drásticas (e dramáticas) como o Bope, por ex, têm mesmo que ser tomadas (?), isto não deveria ser comemorado pela massa do país, mas refletido.
Nos tornamos um país tão empobrecido que se torna inédito um dado como este: um dia sem homicídio na grande cidade paulista...
Fatos assim não deveriam ser absurdos?
Pátria amada. Salve! Salve! (E salve-se, quem puder...)
Para quem quiser conferir a notícia, seguem dois links abaixo:
http://www.estadao.com.br/cidades/not_cid92776,0.htm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u353058.shtml
Trash
Beleza...Cheguei em casa, coloquei algumas roupas na máquina de lavar. Claro, a máquina deu pau. Resolveu parar no meio do processo. Simplesmente chega num ponto que a bichinha começa apitar, apitar e apitar...Assim, suuuuuuper normal acontecer isto, né? Então desisti de lavar as roupas por enquanto. Desliguei a máquina.Fui passar o aspirador de pó na casa. A-ha! Quebrei uma peça! Eu consegui quebrar uma peça do aspirador. (Acho que eu estou ficando boa nisto...)
Parei com tudo! Fiquei revoltada! Escrevi um post, mas antes de enviar quis visualizá-lo. Cliquei em visualizar...Tcharam! CADÊ O MEU POST??? O post SUMIU, minha gente! Sem explicação! Vuuuuupt! Desapareceu...Eu precisava falar com alguém...Eu precisava dividir minha ira...Peguei o celular e enviei um mail pro Alex. Contei pra ele que o dia está trash! Quem disse que o mail vai? Não vai! O maledito não vai de jeito maneira... E agora, por último, estou aqui tentando (de novo-ô bicho teimoso, que sou!) escrever um textículo que seja... Uma forma de extravasar minha indignação, entende? Preciso compartilhar. Pre-ci-so! (Socoooooooooorro!)
Desta vez não clicarei em visualizar...Vai que vai...(Espero que vá!)
Eiiiiiiiiiiita! Vida bandida!
sábado, 8 de dezembro de 2007
Caminhos...São coisas da vida.
Já é dezembro e vemos, pelo Japão também, decorações de natal por todo o lado...
O Vic quis uma árvore de natal este ano. Compramos uma artificial. Montamos juntos. Ele ficou encantado! A alegria dele com a árvore deixou a casa mais iluminada que as luzes de enfeite...Vic é uma graça. Presença, pra mim, de alegria, força e esperança. Muitas vezes ("a gente se olha e não sabe se vai ou se fica...") olho para ele e tenho certeza de que caminho devo seguir...
A diferença, voltando ao mês de dezembro, é que aqui, além da decoração, nada muda no dia 25 de dezembro.
O Brasil pára nesta data. O Japão não. As crianças vão para escola normalmente, os pais trabalham como um dia qualquer. Enfim, nada especial. Ah, à noite do dia 25 de dezembro, no japão, come-se frango frito, geralmente...
Eu estava pensando...Mais um natal aqui! Poxa! Já se vão dois...Estamos há dois anos sem estudar ( Alex e eu)!
Quando voltarmos já estaremos muito distantes da Academia...Começaremos tudo do zero...(É o fim da picada, depois da estrada começa uma grande avenida...)
Alex até sugeriu que ao voltarmos, a gente se dê um tempo para um processo de reintegração e adaptação à sociedade, hehehe...
Faz sentido a idéia dele. Aqui estamos bem isolados de certa forma.
Alex está entre os peões da fábrica. E pelo que conta, o pessoal por lá é bem Uga-Buga. Por exemplo, eles classificam as mulheres em (apenas): trabalhadeiras (as que deixam suas casas bem arrumadas e a janta gostosa e pronta para eles) e as bonitas (dispensa explicação, né?). Insinuam que ele seja gay, porque macho que é macho não fica falando certinho. (Lembrando que ser gay, entre peões de fábrica, é bem constrangedor.)
Vic é o único da família que está bem integrado socialmente por aqui.
Mas o fato é que quando regressarmos teremos (re)contato com um universo diferente de pessoas e costumes. E nós já não seremos mais os mesmos...
Começaremos nova graduação, provavelmente. Teremos como coleguinhas de turma, uma garotada esperta, cheia de energia e que não fará idéia do que foi o Balão Mágico, por exemplo...(!)
Estaremos na contra-mão (de novo!). Talvez tenhamos como professores universitários ex colegas de turma de nossa primeira graduação. Tão estranho poderá ser...("Mas a noite é uma criança distraída..."). A verdade é que sempre bate uma vontade enorme de voltar correndo, aliás, voando...
Outro dia alguém me disse que, ao olhar o meu álbum no orkut, imaginou que vivo numa família -Doriana. Sabe como é isso, né? Aquela família de propaganda de TV...Todo mundo sorridente e feliz. Papai, mamãe e filhinho, reunidos ao redor da mesa antes de saírem para suas atividades (?) do dia...
Pois é. Aqui tem margarina no café da manhã sim. Tem sorriso e muito carinho. Mas tem tanta falha nos bastidores que nem conto para não apagar o brilho. Afinal é dezembro. É natal! Jesus nasceu! Vamos beber coca-cola!"São coisas da vida..."
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Se cada dia cai
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Entre putas e crentes
E se isto parece feio é porque o ser humano não é muito bonito mesmo... E eu sou demasiadamente humana. :(
Falando em linguagem Nietzscheniana...(Mais assossiação de ideías!) :) Compartilho da visão Hobbesiana sobre o ser humano. Parece bem coerente com o que vejo...
Acho que os amigos do outro lado não sabem que aqui, neste prédio, moram também algumas moçoilas de programa. Além daqueles vizinhos que citei em posts anteriores.
Estas meninas que exercem talvez o mais antigo(?) comércio tradicional do mundo recebem vários nomes...
Prostituta deve ser o mais feio de todos. Tããão grande! Tãããão prolixo pra dizer algo quase simples.
A expressão "garota de programa", enverniza a verdade, na minha opinião. Além do mais, falando assim podemos comprometer as programadoras computeiras que, curiosamente, não trabalham no mesmo mercado (via de regra)...
Vejam só, como tem detalhes pra gente pensar antes de adotar um nome que signifique alguém!
Mulher da vida acho que soa um julgamento de que as moças são todas largadas, abandonadas, tristes e muito pobres...Assim como as típicas putas da praça da Sé, em São Paulo...Quem já viu sabe. Um quadro absolutamente caótico e triste.
Mas as putas não são todas como as da Praça da Sé... São mais parecidas com as bonecas da linha Barbie.Tem vários modelos. As de luxo. Versão praia. Cult. Surfistinha, né? E certamente muitas outras... A puta versão Sé também é real, mas o mercado é mais amplo, oras...
As que moram aqui ao lado intercalam entre uma versão dia-dia e festa, se meus olhos não me enganam. Circulam por aqui em vários horários, sempre com elegância...
Como percebem, prefiro chamá-las putas. Nome curtinho como o amor que as coitadas dispõe aos pobres homens...
E isto será mais um fato memorável desta estadia no Japão... Vou dizer um dia: "Já morei entre putas e crentes..."
(Fantástico mundo de Francis!)
Mas digo que são ótimas vizinhas, estas putas garotas daqui . Tranquilas, silenciosas, discretas, educadas...
Já meus vizinhos crentes se dividem em dois grupos: os que não tem educação e os que são falsos.
Dos que não tem educação já falei outro dia.
Quanto aos falsos, me cumprimentam quase sempre, mas falam mal de mim, em minha ausência. Acreditam que vou para o inferno porque não sou da tribo deles etc.... :/
Tudo bem. Vou sorrindo e acenando...
Assinei o Contrato Social... A antiga arte da convivência sobrevivente exige isto, não é?
"O homem é o lobo do homem", já dizia o filósofo inglês.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Semântica Amorosa
Hoje pela manhã, lembrei-me de um dia, quando trabalhava na Canon... Estava entre outros dekasegis, em um momento tranquilo de trabalho. Fazíamos o que chamamos de Uen (trabalho fora da nossa linha).
O chefe daquela seção era um jovem simpático e descontraído. E, como era um tabalho mais que simples, estávamos todos muito tranquilos - inclusive o jovem kachoo...
No contexto leve de trabalho, certo novato aproveitou para aprender pequenas frases usuais e de sobrevivência com uma senhora nisei. ..Sua última dúvida: "Como se diz "eu te amo" em japonês?" A senhora sorriu e ensinou. O rapaz repetiu a frase sorrindo. De modo que o diálogo ficou mais ou menos assim:Ele- Como se diz "eu te amo" em japonês?
Ela- Ai shiteru.
Ele- Ai shiteru?
Ela- Hi.
Ele- Ai shiteru...ah... ai shiteru!
O chefe, que não entendia português, ao ouvir o estranho diálogo entre os dois, fechou um pouco o semblante e orientou que não se dissesse "Ai shiteru" no ambiente de trabalho.
A lembrança desta cena foi desencadeada hj enquanto "orkuteava". Repensei sobre a amplitude(?) do sentido do verbo amar em português.
Acho quase incrível a facilidade que temos para dizer "Eu te amo" para alguém que mal conhecemos, situações e...fast food!?!
Ninguém diria, por exemplo, em grego (clássico) s'agapo para um mc lanche, que aliás deixa muita mãe triste... Falando nisto, o slogan da famigerada Indústria de fast -food, por estas bandas, usa o slogan em Inglês ( I'm lovin't) :/
Por enquanto, e sem energia para estender minhas divagaões, compartilho algo da música JPOP.
A letra fala de algum amor. A cantora morreu em maio deste ano, mas não foi de amor. Talvez na falta dele...aos 40 anos. Caiu de 3 metros de escada (?!) de um Hospital, onde se recuperava de uma cirurgia de câncer. Era cantora e letrista do grupo Zarp.
Vixi! Comecei falando de amor, acabei falando de morte...Credo!
Deixemos tudo pra lá. Vamos à música e a tradução que segue...
DON’T YOU SEE
(Tema Final da Trilha Sonora do desenho Dragon Ball Z)
By: ZARD (Izumi Sakai 坂井 泉水)
Tradução: Darcy Suzuki
Da mesma forma quando escrevo uma carta a um amigo,
Gostaria que as palavras fluíssem naturalmente.
Eu queria mais tempo para nós nos conhecermos.
Ouvir que só familiares não traem é triste demais.
O amor está pedindo para ser amado.
Caso eu desista de acreditar
Sei que vou me sentir aliviada, mas...Você não percebe! Mesmo pedindo, orando, milagres, lembranças...
Preste um pouco de atenção.
Você não percebe! Este seu costume de fingir-se distante,
É pelo medo de se arranhar.É pelo medo de se arranhar.
O instante de silêncio na espera no ponto de táxi...
Foram apenas 5 minutos mas senti extremamente longo.
Uma paixão forçada, pálida e cansada, ameaça a se tornar num mero acontecimento.
Você não percebe! Nas pequenas desavenças
Porque ambos somos persistentes, eu me aliviei.
Você não percebe! Do que mirar várias pessoas
Eu prefiro continuar sempre te olhando.
Envie-lhe o meu amor
Rosas nunca desvanecem
Eu não quero dizer
Tchau!
Você não percebe!
Eu nunca (sic) lhe preocuparei, esta noite
Eu estarei ao seu dispor, esta noite
Você sabe, eu faço isto por você…
Você não percebe! O cheiro da cidade que nascemos
Você não percebe! O cheiro da cidade que nascemos
Você não percebe! Por mais apressado que esteja, do que qualquer outra pessoa no mundo,
Peço que continue me segurando.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Algumas vezes é tão difícil...
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
TV infantil japonesa
sábado, 17 de novembro de 2007
Rindo de (des) graça
Betina, neste vídeo, está expressando de forma divertida basicamente a mesma indignação minha. A diferença é que ela está aí e eu aqui.
Confira, ria e indigni-se com a gente! Ah, e se puder, "Muuuuuuuuuutly, faça alguma coisaaaaaaaaaaaa!!!"
( Se você não entendeu a piadinha entre aspas, significa que não assististia a Corrida Maluca, um desenho infantil sugoi* da década de 80, aí no Brasil)
Enfim, o link, melhor: O vídeo!
*Sugoi: palavrinha muito usual aqui no Japão. Neste caso eu quis dizer: fantástico, MUITO BOM! Mas pode significar o contrário, isto é, MUITO RUIM.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
O melhor do Brasil é o brasileileiro. Como assim?
Por outro lado, pensei, será que se meus vizinhos assistirem este videozinho e ouvirem o sambinha várias vezes, "Essa moda pega"? :)
Apartamento não é para apartar?
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Coleção de gafes
1) Primeiro dia que fui almoçar no restaurante da Canon com Alex e outro colega dekasegi...
Fr -Hmm...adoro comida japonesa!
Cd -Que bom! Não vai sofrer então...
Fr- Vou experimentar o karê daqui, hoje!
Cd-karê , não é comida japonesa. É indiana!
Fr-Hãã... Bem, eu adoro miso-shiru!
Cd- Miso-shiru é muito bom, mesmo. Mas também não é comida japonesa. É chinesa...
Fr- Yaki-soba...
Cd-Chinesa.
Fr-Lamem...
Cd-Chinesa
Fr- Bom, eu gosto de comidas orientais... :)
2) Numa loja, pensando numa lembrancinha para enviar para o meu irmão...
Fr-Hmm...que caneca bonita! Uma bela lembrança japonesa!
Alex- Vamos levar várias...Podemos mandar para vários amigos diferentes.
Fr-Boa idéia! Tão bonitas e tão baratinhas, né?
...Mais tarde, em casa, do lado externo e em baixo das canecas (bem escondidinho) lemos um registro: Made in China. :)
3) Semana passada estávamos num Matsuri*...
Vic- Mamãe, mamãe...Compra uma máscara daquelas pra mim?
Fr- Hmmm...
Alex- Não! Pelamordedeus! Este pedaço de plástico que não vai durar uma semana custa 1ooo ienes!
Fr- Tudo bem! Vamos para uma loja de hyaku-en**! Tem uma aqui pertinho, com várias opções. Lá você pode escolher qual quiser!
... Na loja...
Vic- Quero aquela!
Fr-Certo. Dá aqui que eu já vou passando no caixa...
...No caixa...
Moça do Caixa- Desculpe. Blá, blá, blá e blá
Fr- Desculpe, eu não entendo japonês! Espere um pouco, por favor...
(Chamei o Alex pra traduzir)
E lá vem o Alex sem a máscara na mão...
Alex- Vamos embora...
Fr- Mas e a máscara do Vic?
Alex- As máscaras não estão à venda. São enfeites da loja...
Tóim!
(Mas encontramos uma máscara para o Vic, em outra loja e ele ficou feliz)
* Matsuri- festival de rua
** Loja de hyaku-en- equivale à loja de 1,99 no Brasil. Tem dessas lojas em todo canto por aqui!
Outro dia eu escrevo mais. É, as gafes não foram poucas... Vou deixar as outras para um próximo post. E quem nunca pagou um mico que atire a primeira banana! :)
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Outono
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
A incrível história do pastor Jaspion*
Uma das estratégias de pescaria da pequena igreja foi a abertura de uma escola brasileira com boa estrutura física e uma dose considerável de falácia. Foram espertos. Já estenderam o negócio religioso para a área educacional, de forma que, os pais com filhos em idade escolar, membros da igreja, são "convidados" a privilegiarem a escola dos seus pastores. E os pais que não são da igreja, mas que têm os seus filhos na escola brasileira, são frequentemente convidados a fazerem "aquela visitinha"(estratégica, claro). Plano perfeito. Inclusive, no discurso dos pastores, a sua escola é uma obra missionária. Estes pastores comovem seus membros com discursos dito divinos e proféticos para angariar fundos para sua escola. (Só que a obra missonária deles cobra o mesmo preço de mensalidade que as escolas que não são para Jesus. Interessante, não?)
Bem, por estes tempos atrás a famigerada igrejinha devia estar em crise...Um dos pastores, o "chefe-mor" deles, recebeu uma profecia de Deus num culto. Deus o avisou que ele (o pastor) ficaria cego por uma espada e que o tempo estava próximo! (Ohhhhhhhhhh...)
Na tarde do dia seguinte, quando havia ninguém para testemunhar, eis que a profecia da noite anterior foi cumprida. Ao sair de seu carro para entrar em seu escritório, o pastor, com sua bíblia na mão, foi abordado por quatro (!) Yakuza! Um dos gangsters tentou atingir o pastor com sua espada (!), mas o homem de Deus, colocou a bíblia à frente e, neste instante, resplandesceu uma luz tão intensa que cegou a ambos!
O espadachin voltou para o carro ajudado pelos demais e fugiram todos atônitos com a cegueira do companheiro...
O pastor continuou cego por algumas horas naquele dia, mas teve sua visão restaurada e um novo grande testemunho pra levar aos seus crentes.
Se a história deste pastor gerou bons resultados finais para sua empresa, eu não sei. Mas sei que algumas pessoas saíram indignadas com o excesso de criatividade do pastor e me contaram o episódio.
A última notícia que eu tive da igrejinha decadente do "super-pastor" é que ela foi enfrentar suas concorrentes mais de perto, ali na cidade vizinha.
Que os pentecostais têm, ou dizem que têm, visões e experiências sobrenaturais já é sabido de muitos. Inclusive o Universo Acadêmico, já há algum tempo, tem se interessado seriamente pelo fenômeno pentecostal na américa latina, especialmente no Brasil. Mas, pelo amor de Deus, né? Diria, o meu pai, com sorrisinho irônico: "É o fim dos tempos!"
Imagine se os Yakuza souberem desta blasfêmia...
*Jaspion:
http://www.youtube.com/watch?v=R-vmzH4TPXQ
** Moramos em Ishige Machi, no estado de Ibaraki.
Sonzinho (para variar) sobre o assunto:
terça-feira, 6 de novembro de 2007
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Pais e filhos
Alex e eu ficamos muito preocupados com a sobrevivência dele ali no meio dos japinhas. Afinal, os últimos dias do Victor na escola brasileira foram muito conturbados. O último dia, em epecial, foi uma tragédia. Nos mostraram uma cadeirinha quebrada ao meio e nos informaram que o Victor tinha lançado o objeto contra a parede para acertar um coleguinha! Imaginem a nossa preocupação e angústia...A dona da escola, tecnicamente uma pedagoga, já havia acusado o pequeno réu de "muito mentiroso", no dia anterior, quando fizemos algumas denúncias sobre a sua então professora. ( Curiosamente uma das denúncias havia sido sobre agressão física e terrorismo psicológico).
Ficamos chocados com a novidade trazida pela dona da escola. Afinal, a acusação da pedagoga ia contra tudo o que víamos em nosso filho diariamente, dentro de casa e em outros contextos. Ia também contra os relatos e as observações feitos por funcionárias e ex-funcionárias da mesma escola. Tão pouco condizia com toda a educação que ele recebe dentro de casa, de forma direta ou indireta.
Mas, estávamos entre as acusações de uma "profissional experiente" e nosso filho de 4 anos.
Há muito tempo Alex e eu vínhamos refletindo sobre a qualidade da escola brasileira aqui no Japão. Várias vezes havíamos sido tentados a experimentar a escola japonesa. Os últimos dias haviam sido a gota d'água.
Alex e eu concordamos que era passada a hora de eu voltar a ficar em casa com o Vic e de tirarmos o garoto daquela escola. (Aliás, só fui para a fábrica para podermos quitar nossa dívida de passagem com a empreiteira que nos trouxe até o Japão. Não tivemos escolha neste detalhe.)
Enfim, voltei a ser apenas uma mamãe em casa e esperamos, durante dois meses, iniciar o ano letivo da escola japonesa, onde matriculamos o Vic. Durante este tempo fui conversando com ele, preparando o seu coraçãozinho para a nova mudança. Vic, durante 8 meses na escola brasileira, tinha desaprendido coisas que em casa havíamos ensinado. Então, este foi um tempo útil também para redirecioná-lo em certos bons hábitos.
A nova experiência tem sido ótima!
A escola japonesa influencia muito suas criaças a contemplarem e respeitarem a natureza. E não somente isto. Eles estimulam as crianças a terem contato com a terra e os animais. No yoochien as crianças estão diariamente cuidando de plantinhas que elas próprias plantam. Depois colhem os frutos de seu trabalho e trazem para suas casas para saborearem esta alegria com suas famílias.
Em dias especiais,ajudam no preparo da refeição usando, por exemplo, batatas que eles mesmos colheram nos arredores da escola. Acho estas experiências riquíssimas para os pequeninos.
Eles também têm um bichinho de estimação no jardim de infância. A escola do Vic, por ex, tem uma ave grande (não sei que nome tem, mas me parece da família dos galináceos, só que é grande...). A cada dia um aluninho diferente fica responsável por alimentar o mascote da escola. O rodízio é feito até que todas as crianças participem do cuidado com a alimentação do bichinho. E depois a lista recomeça... Assim, também, as crianças pequenas vão aprendendo a ter responsabilidades, respeito e cuidado com a natureza.
Outro trabalho que a escola japonesa faz com seus alunos é ensinar brincadeiras infantis tradicionais. Nesta semana, por exemplo, o Vic vai começar a aprender a pular corda. Depois que aprendem, eles têm um dia de competição, onde os filhos mostram aos pais que já sabem pular corda, por exemplo. Também tem o dia da corrida, do futebol, do bambolê etc...
Mais uma coisa boa! Fazem ginástica diariamente. Ah, e também têm iniciação musical. Começam desde cedo a aprender rítmica. (Com 3 anos, por ex, já usam castanholas nas apresentações da banda da escola). O Vic, que já tem 4 anos, está na turminha do pandeiro. Ano que vem terá outras opções.
Voltando ao início do post, onde dizia que Alex e eu estávamos preocupados com a sobrevivência do Vic na escola japonesa...Então, 8 meses se passaram desde que matriculamos nosso filho na nova escola. E o resultado tem sido muito bom! Victor tem aprendido dois novos idiomas sem correr o risco de se esquecer de sua lingua materna, uma vez que em casa conversamos muito com ele, sempre e somente em português. Está aprendendo japonês com muita rapidez e facilidade. E tem aulas de inglês também na escola, com professor especializado.
Ficou muito bem desde o seu primeiro dia ali. Claro que fizemos um trabalho de preparação psicológica aqui em casa, mas a forma como tem sido tratado na escola por sua professora e demais funcionários tem sido exemplar e isto conta muito para a adaptação de uma criança num novo ambiente.
Estamos constantemente em contato com a escola. Há sempre reuniões, festas e aulas abertas, onde podemos não apenas perguntar, mas também ver o desenvolvimento dele e sua interação saudável com os colegas. E o rapazinho foi promovido de réu a "muito inteligente, sociável e prestativo".
Recentemente matriculamos nosso garotão numa academia de judô, onde ele, mais uma vez e felizmente, foi super bem recebido pelos amiguinhos e professores. Tem sido ótima
esta experiência também! Ele está ampliando seu conhecimento cultural, crescendo e gastando muita energia!
E nós, os pais, vamos colecionando experiências e aprimorando a arte da sobrevivência neste mundão sem fim...Como dizia meu pai: "Na pior das hipóteses, tudo é experiência!"
Ps: Vic na foto está usando uniforme da escola. O chapéu amarelo faz parte.
* yoochien significa jardim de infância
sábado, 3 de novembro de 2007
Por quê os nossos japoneses são "melhores" que os deles?
Que vestibulando já nao ouviu esta afirmativa terrorista?
De fato, é perceptível o número (avantajado?) de japas na universidades públicas brasileiras. Geralmente eles estão alocados nos cursos mais concorridos, não é? Engenharias e Ciências médicas em geral (Sonhos de consumo da massa vestibulanda)
Pois é. Fatos assim nos levam a imaginar que japonês (descendente, eu quero dizer) é - por definição - um sujeito estudioso, aplicado etc...
Descobri o motivo deste nosso pré-conceito bem fundamentado. Descobri não, criei uma teoria a respeito. Melhor: levantei uma hipótese... (gostou, hein?) Os outros* mestiços estão todos aqui!
Tem uma peça mais rara que a outra... Quem quiser,pode conferir abaixo, alguns diálogos reais que tive com colegas (japas) de fábrica ...
* outros: aquele grupo que nega a imagem do "japa-obssessivo" :) Ou, se preferir, os descentendes menos favorecidos :/
Fr -Oi, x! Tude bem?
X -Minina! Eu num tô andando bem. Tô ismagrecendu demais da conta!
Fr - Nossa!
X- Vc parece estudada...
Fr-Sério? Pq?
X- O jeitinho q ce fala é diferente. Parece uma professorinha falando...
Fr- Hmm... (com sorriso amarelo)
O terrível dia em que vazou que eu era "formada" em Filosofia...
Fr-Quem disse?
X-A pastora lá, dona da escola...
Fr- Não é bem assim, pq, na verdade...
X-Tá vendo só? E não adiantou nada, né? Estudou tanto, coitada...E tá aqui cum nóis do mesmo jeito...
Y- Então...Vc estudou o que mesmo?
Fr-Filosofia.
Y-Fisolofia?Xiiiiiii...Fisolofia é facinho...Passei direto! A gente só entregamos um trabalhinho em grupo lá e boa...
Fr- É. Mas eu só fiz a graduacao.
Z-Nossa, legal cara! Eu curto muito esse lance assim, tipo papo cabeça, saca?
Fr-Hm...
Z- Eu curto muito Paulo Coelho, cara! Vc tb curte?
Fr-Não! Não é bem assim...Veja...
W-Como não é isto? Fez filosofia, é filósofa! E, já q vc é inteligente, explica isto aqui pra ela, que ela não tá me entendendo...
T- Meu, já que vc estudou filosofia, me diz:
Fr- Hm?
T- Deus existe?
Fr-Quem sabe, né?
T-A...Vc é ateu! Filósofo é tudo doidão! Tudo ateu!
P- Filosofia, né?
Fr- Isto.
P-Legal, legal...Mas assim...Tipo...Pra que é q serve mesmo esta matéria?
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Choque Cultural
Meu primeiro trabalho foi na Canon. Minha primeira quebra de pré-conceito cultural, sobre os japoneses, foi alí também. Entre risos, sorrisos, e simpatias, entre paciência e persistência, meus superiores (japoneses) foram me ensinando tudo. Humanidade e técnica foi o que, basicamente, eles usaram no treinamento. Depois do treinamento, os chefes estavam sempre acompanhando o trabalho de perto e sempre com boa educação.
O terrível choque cultural que tive aqui-pasmem- foi com meus conterraneos. Muitos ( na verdade, a maioria de meus veteranos dekasegis) me deixaram espantada com tosquices múltiplas. Os exemplos são tantos e tão variados q seria exaustiva a lista. Mas para que se tenha uma idéia, digo que a lista varia de questões higiênicas a ocorrências policiais por agressões físicas, roubos de carros etc. Pasmem, continuem pasmando...Eu aida nao consegui parar, depois de um ano e meio aqui.
O último exemplo absurdo que presenciei foi numa fábrica de sanduiches, onde eu fazia"arubaito", ou "bico", como dizem os paulistas. Eu estava aprendendo um serviço novo. Aliás, eu era nova ali.Uma brasileira jovem, bonita, com 10 anos de experiência naquela fábrica, estava trabalhando ao meu lado. (É, isto mesmo. Dez anos preparando sanduiches!) De repente ela gritou:
-"Se você não for trabalhar bem longe de mim, eu arrebento a tua cara!Eu juro! Eu odeio a tua lerdeza!"
Ainda nao descobri o que foi mais grotesco. Se foi a atitude da bela mocinha deseducada ou a cumplicidade das outras veteranas, que me disseram coisas como:
-"Ah, vai se acostumando que nesta linha tem muita gente stressada!"
Então, mais uma vez eu pensei sobre o que eu vim fazer aqui, neste "mundo" tão distante...
terça-feira, 30 de outubro de 2007
(Fernando Gomes dos Santos)
Foto da época em que trabalhei na Canon. Depois de pelo menos 8 horas de trabalho em pé numa fábrica, uma pausa para o jantar... (Não sejamos injustos, não trabalhei 8 horas corridas. Parei pra almoçar e fui ao banheiro algumas vezes também, claro.)