fonte: https://www.facebook.com/NaDuvidaSigaAEsquerda/photos/a.741261682629166.1073741876.405172252904779/741261822629152/?type=1&theater
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
17/12/2014- ESQUERDAY
ESTOU DECLARANDO OFICIALMENTE HOJE O ESQUERDAY:
• Bolsonaro denunciado por vice procuradora geral da república no STF
• Cuba e Estados Unidos se convidando pruns bons drink com mediação do papa
• Folha de SP publica artigo dizendo que foi golaço ter construído porto em cuba
• Dilma tomou posse como rainha do Mercosul
• Juiz escroto que mandou prender os funcionários da tam foi afastado
• Lei que pune o feminicídio, em que homem mata mulher por questões de gênero, foi aprovada
• Reunião pra aprovar lei que dificulta demarcação de terra indígena foi cancelada depois de invasão com direito a flechada e tudo
• Lei que obriga estados e municípios a tbm investir em pesquisa científica foi aprovada e só falta a Dilma sancionar
17/12, podem anotar aí, será feriado no meu regime comunista.
OBS: Esse post foi copiado da comunidade TV Relaxa. Para acessar a postagem original, clique no link abaixo:
https://www.facebook.com/tvrelaxa/photos/a.560974247357091.1073741828.560952227359293/685676378220210/?type=1&theater
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Amor fati
Amamos poucas pessoas. Menos, talvez, do que pensamos, considerando que é comum amarmos quem gostaríamos que as pessoas fossem e não quem elas são- de fato.
Fantasiar é coisa do bicho humano. A gente quer mudar tudo. Até sapo a gente faz falar e virar príncipe- na imaginação.
Acontece o seguinte: sapo é sapo e coaxa, gente é louca e escracha.
fonte: http://www.the-cartoonist.com/vault/otl/otl_2012-02-22.html
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Comprinhas...
O texto abaixo é do Sakamoto:
Black Friday: Você tem aquela sensação vazia após uma compra inútil?
Tento entender quem tem orgasmo ao comprar algo sem motivo.
Quer dizer, entendo, antropologicamente
falando. Pois comprei, há tempos, um ornitorrinco de pelúcia – o que me trouxe
grande alegria.
No final das contas, a razão é a mesma
de uma ave migratória europeia que vai para o Sul, no inverno, ou os fantasmas
atacarem incessantemente o velho e bom Pac-Man. Ou seja, foram programados para
isso.
Sei que há um milhão de
justificativas que podem ser dadas para tal ato: como a ardente materialização
do desejo, passando pela projeção no objeto de uma série de sentimentos que
você não terá tempo para experimentar por vivência própria (ou alguém aqui acha
que é mais livre ou tem mais estilo por ingerir xarope doce preto com água
gaseificada?) até a simples possibilidade de deixar claro quem está acima no
estrato social via símbolos de status e poder.
(Nossa que coisa mala que acabei de
escrever… Foi mal.)
Gosto da Black Friday, uma sexta-feira
de grandes
descontos – ideia que nasceu nos Estados Unidos
para ocorrer depois do Dia de Ação de Graças e foi importada, para cá, por
razões óbvias. Porque posso atualizar e retomar esse debate do qual gosto
muito.
Alguns sites mais-que-honestos de compras já
estão se preparando para subir o preço em 80% e, assim que virar a meia-noite,
dar um incrível desconto de
75% (para
fugir de ser enganado, recomendo um serviço que o UOL vai prestar, clicando
aqui). Em outros , realmente o bicho do desconto vai pegar. No Brasil e nos
EUA, a rebordosa está programada para este 28 de novembro.
Comprar é importante, gira a economia,
gera empregos , realiza desejos, supre necessidades, compensa frustrações, controla o
povo.
Não raro, a possibilidade de que a
aquisição de um bem esteja no horizonte de uma pessoa dá a ela um sentido para
a sua existência. Bizarro, mas é a vida.
Isso traz ansiedade e esperança para
“hordas de bárbaros'', que aprenderam a entender esses produtos como
passaportes para saírem do ostracismo social.
Por tudo isso, nesta sexta, um pedido:
não compre com o fígado. Ao acordar de manhã, cheque a fatura do seu cartão de
crédito, os extratos bancários e os empréstimos – dos CDCs, passando pelas
consignados até aquela grana que você tomou do amigo e nunca devolveu.
E reflita se o seu emprego está
minimamente garantido pelo próximo ano antes de cair na esbórnia e comprar
aquele descascador eletrônico de ovo cozido que você nunca vai usar, mas que o
cara da TV disse que, sem ele, você é um pária.
Lembre-se: não é a procura que gera
oferta. Mas a publicidade ostensiva sobre a oferta que cria a procura.
Como já disse aqui, não estou peidando
regras ao vento, achando que sou leve feito um elfo.
Tenho meus desejos de consumo. Mas se
está com aquele vazio difícil de preencher ou ficando “transparente'' para seus
amigos e colegas (lembra daquela comercial sem noção de uma marca de
automóveis?), acha que a solução é realmente adquirir um produto e, através
dele, o pacote simbólico de cura e inserção que traz consigo?
Acredita que precisa dar um presente
para alguém a fim de mostrar que o/a ama?
Aliás, você se lembra como escrever
cartas de amor com as próprias mãos, demonstrando o medo e a ansiedade nas
letras enfileiradas?
Não precisamos ser aquilo que compramos.
Ou, melhor, você não precisa comprar para ser alguém, como já disse aqui uma
série de vezes.
Esses objetos de desejo serão realmente
úteis para você? Ou só está procurando um estilo de vida do que gostaria de
ser, mas não pode porque não tem dinheiro ou tempo para isso?
Presenteamos nossos filhos para
demonstrar carinho em nossa ausência achando que isso resolve. Mas, desculpe,
isso não resolve.
Aliás, “o que deveríamos ser'' ou o que “deveríamos viver'' normalmente
não é resultado de uma auto-reflexão, mas de alguém martelando algo em nossa
cabeça, dia após dia, em comerciais, anúncios, novelas e filmes.
Quanto tempo depois de uma compra
impulsiva você percebe que aquilo não lhe trouxe felicidade? E a culpa te
consumiu por dentro (afinal, somos um país cristão ou não somos?) E o horror: o
vazio da falta de significado que aquilo tudo lhe traz dá uma paúra que
antiácido nenhum resolve. Nem aqueles mais perfeitos vendidos na TV.
A “classe baixa com poder de compra mas
ainda fora de patamares mínimos de dignidade, pois não tem acesso a serviços
públicos de qualidade'', conhecida como “nova classe média'', está alcançando a
inclusão social através do consumo. A pessoa deixa de ser vista como uma
ignorante completa, uma estrangeira, porque tem um telefone com tela grande.
Sendo que seria melhor que sua inclusão ocorresse também via a garantia de
serviços de educação, saúde, cultura e lazer de qualidade e as consequências
positivas que isso traz.
Que podem – ou não – incluir um
smartphone. Mas quem escolheria seria a própria pessoa, não o mercado em nome
dela.
Repito o que já escrevi aqui sem receio
de me tornar redundante: muitos de nós ficam tanto tempo trabalhando que
tornam-se compradores compulsivos de símbolos daquilo que não conseguiremos
obter por vivência direta. Em promoções, como esta, em que a porteira está
aberta e o convite está feito, nem se fala.
Através desses objetos, enlatamos a
felicidade – pronta para consumo, mas que dura pouco. Porque, como os produtos
que a representam, possui sua obsolescência programada a fim de garantir, daqui
a pouco, mais dinheiro a alguém.
As próprias campanhas contra o
consumismo desenfreado e pela proteção ao meio ambiente podem ser, quando superficiais,
bons pacotes fechados para o consumo imediato e o alívio rápido da consciência,
visando à compra de uma indulgência social ou ambiental.
Já que a contradição é inerente ao
capitalismo e à sociedade de consumo, por que ter pudores ao explorar isso?
Sextas-feiras como esta só ajudam a catalisar o processo.
Boas compras.
Lembre-se, contudo, que montar uma pipa
com papel de seda, organizar um piquenique no parque, ir a algumas exposições
bem legais, pegar emprestado um bom livro, abraçar seu filho ou filha,
perder-se num sarau literário e, é claro, ir à praia, se você teve a sorte
de viver à beira-mar ou na beira de um rio, não custam quase nada.
Mas são tão grandes que não cabem em
caixas de papelão, não podem ser embrulhadas com papel de presente ou mesmo
entregues por serviço de encomendas expressas. E, certamente, você não vai
querer devolve-las decepcionado com a realidade.
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
2014. Noves fora...Poesia e vida.
O ano está já em seu penúltimo mês. Acho que outras pessoas, como eu, também costumam fazer seus balanços. Quanto a mim, no 2014, parece que tive particularmete mais perdas. Perdas de diversos tipos. Perdi pessoas próximas de modo símbólico e real. Perdi também, com outros admiradores e leitores, a presença física de alguns ícones intelectuais.
Parece verdade que algumas perdas são também ganhos pois nos dão certa liberdade e possibilidade de crescimento. À partir de despedidas e rupturas é possível buscar novos rumos...Por certas perdas acho que devo mais gratidão, até.
Já a morte, ainda- a mim- soa como aquele ponto final, o último de uma história. Pelo menos da história de um corpo específico...
Ainda bem que algumas pessoas, como os poetas, por exemplo, deixam presentes maravilhosos para os vivos. Presentes que podem transformar vidas, que podem balançar vivos. (Isso é fantástico! A morte muda os vivos- já me disse alguém uma vez...)
Mesmo quando os corpos não podem mais fazer história, as palavras continuam poderosas e ressonantes.
Hoje os jornais noticiaram o falecimento do Manoel de Barros. 97 anos de vida. Nosso mundo menos um. Nosso mundo menos esse um.
Nesse mundo, onde morre e também nasce gente o tempo todo, é importante termos referências inspiradoras de tudo o que é bom e belo.
“A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas." Manoel de Barros (1916 - 2014)
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas." Manoel de Barros (1916 - 2014)
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Redes Sociais. Entre a catarse fascista e o exibicionismo.
Coleg@s!
Na última noite tive um pesadelo. O Brasil estava novamente sob o domínio militar. Acordei suando e pensei: preciso aquietar o meu coração. Focar mais em coisas e imagens boas. Fazer a minha parte como cidadã e sossegar quanto ao que deixam de fazer e sobre o que dizem os outros. Concluí que diminuir o blá blá blá em meu face já era um começo para apagar chamas (desnecessárias). Afinal, já deu pra saber quem pensa o quê... Aliás deu pra perceber, quem pensa, quem pensa que pensa, quem simplesmente nem quer pensar etc..."Melhor dar um tempo, ao menos publicamente, desse assunto"- pensei. Mas li esse texto do Observatório, recomendado por uma colega e achei tão convidativo que recomendei lá (através do face). Agora aproveito e compartilho nesse meu outro espacinho tb. Quem tiver disposição e interesse em REFLETIR sobre o tema/título do post poderá aproveitar.
Boa leitura, então.
Aquele abr@ço!
Por José Isaías Venera em 21/10/2014 na edição 821 do Observatório da Imprensa
O engano faz parte da estrutura da percepção da realidade. Não é por acaso que o discurso publicitário está no centro da sociedade de consumo. Imaginem uma peça publicitária de uma marca de cigarros que descrevesse todos os componentes que contém no produto? Ao contrário, é uma vida de realizações que é associada ao produto. O engano naturaliza-se. Integra à subjetividade. Outro nome para isso é fetiche. O fetichista é aquele que se deleita na fantasia, na pura imagem que já perdeu totalmente sua referencialidade, omitindo uma verdade insuportável.
Na última noite tive um pesadelo. O Brasil estava novamente sob o domínio militar. Acordei suando e pensei: preciso aquietar o meu coração. Focar mais em coisas e imagens boas. Fazer a minha parte como cidadã e sossegar quanto ao que deixam de fazer e sobre o que dizem os outros. Concluí que diminuir o blá blá blá em meu face já era um começo para apagar chamas (desnecessárias). Afinal, já deu pra saber quem pensa o quê... Aliás deu pra perceber, quem pensa, quem pensa que pensa, quem simplesmente nem quer pensar etc..."Melhor dar um tempo, ao menos publicamente, desse assunto"- pensei. Mas li esse texto do Observatório, recomendado por uma colega e achei tão convidativo que recomendei lá (através do face). Agora aproveito e compartilho nesse meu outro espacinho tb. Quem tiver disposição e interesse em REFLETIR sobre o tema/título do post poderá aproveitar.
Boa leitura, então.
Aquele abr@ço!
Por José Isaías Venera em 21/10/2014 na edição 821 do Observatório da Imprensa
O engano faz parte da estrutura da percepção da realidade. Não é por acaso que o discurso publicitário está no centro da sociedade de consumo. Imaginem uma peça publicitária de uma marca de cigarros que descrevesse todos os componentes que contém no produto? Ao contrário, é uma vida de realizações que é associada ao produto. O engano naturaliza-se. Integra à subjetividade. Outro nome para isso é fetiche. O fetichista é aquele que se deleita na fantasia, na pura imagem que já perdeu totalmente sua referencialidade, omitindo uma verdade insuportável.
Com isso, passamos a entender porque
chavões criados pela grande mídia, como “O caçador de marajás” na campanha de
Fernando Collor de 1989, foram rapidamente assimilados. A bola da vez agora é o
combate à corrupção. Nessa lógica maniqueísta de campanha e de apelo da grande
mídia, o cientista político Juarez Guimarães mostra, no artigo “Após o ‘caçador
de marajás’ o ‘caçador de corruptos?’”, publicado no portal Carta Maior, que a
campanha de Aécio Neves “surge como um insulto à inteligência e à consciência republicana
do brasileira”. Estamos de pleno acordo. Mas não é pelo paradigma do sujeito da
razão que podemos entender os rumos dos votos. E isso independe do resultado
das eleições. Ora, quando a campanha fica centrada no tema corrupção, é a
própria política que fica de fora, já que o debate é reduzido a um gesto
antipolítico.
Há pouco mais de um ano, o país foi sacolejado pelos
protestos de junho, que poderiam ser interpretados como um sinal de esgotamento
da democracia representativa. O tema não entra na pauta desta disputa política
– nem da grande mídia. O que se vê, novamente, é a tentativa de construção de
um novo herói. Basta um rápido olhar para o comportamento na imprensa para
constatar que o discurso publicitário impera, contraditoriamente, no jornalismo.
Na revista Veja (11/10),
Aécio Neves aparece como se estivéssemos olhando para uma imagem de santinho de
campanha política. Na revista Época,
de 20 de março de 2006, o santinho foi Geraldo Alckmin com uma linha de apoio
que o relacionava a Juscelino Kubitschek, período posterior ao ministério JK
exibida pela Rede Globo, em um longo processo de construção do que deveria ser,
para a Globo, o novo herói da nação. Ou, ainda, a clássica edição da Veja de 1989, com a manchete:
“Collor de Mello – O caçador de marajás”.
A
monstruosidade entra em cena
Falar o que vem a mente. Princípio da
associação livre é também um dos fundamentos que faz da disposição analista e
analisado – este segundo deitado no divã de costas para o primeiro, um método
para o início da clínica após as entrevistas. Sem o contato olho a olho,
evita-se que a transferência entre paciente e analista interfira nas
associações, ou seja, no falar tudo que vem a mente. Ora, é evidente de que não
há nenhuma relação da psicanálise com o modo como os sujeitos interagem nas
redes sociais. Mas há, porém, em comum, a força deste princípio, de que, quando
o outro de carne e osso está ausente no campo de visão, o sujeito projeta-se
como se fosse o centro de todo o poder, deixando, muitas vezes, expressar toda
a sua monstruosidade. Não por acaso, gestos de homofobia, racismos, xenofobia
invadem as redes socais.
Ataque
aos nordestinos
“Nordestino não é gente, faça um
favor a SP, mate um nordestino afogado”. “Médicos do Nordeste, causem um
holocausto por aí.” Esta segunda abominação moral e cognitiva (para usar os
termos da filósofa Marilena Chauí) é de uma integrante do grupo do Facebook
“Dignidade médica”, que ganhou repercussão em diversos artigos condenando essa
prática. O discurso assemelha-se ao do nazismo sugerindo “holocausto” ao
nordestino. Acrescido ao depoimento do ex-presidente da república, Fernando
Henrique Cardoso, de que os votos expressivos para a candidata Dilma Rousseff à
reeleição mostram que o nordestino é “menos informado”. Vimos um alinhamento
entre ambos discursos que permitiu incendiar mais ainda o preconceito.
Não há dúvida de que não se pode reduzir
essa forma de pensamento às pessoas que moram na região A ou B do país, mas
trata-se de um modo de subjetivação que tem mais expressão em determinados
lugares. O que se percebe pelas evidências é que há um movimento expressivo, e
isto não é de hoje, que caminha para a naturalização e a afirmação de uma
superioridade de grupos que, no fim das contas, passa pela assepsia do capital,
ou seja, quem é pobre é “malandro”, “burro”, “desinformado”, “vive nas costas
do governo” etc.
Não foi justamente o Sudeste e o Sul
onde se concentraram o maior número de votos para Aécio Neves e Levy Fidelix?
Logo Fidelix, o homem do “aparelho excretor”. Não é função do sistema excretor
eliminar o que o corpo não necessita? Vejamos outra violência: “Nordestinos do
caralho, tão com medo de tirar a merda do bolsa família”. Não seria a expressão
máxima do reacionarismo querendo transformar os nordestinos na matéria
produzida pelo aparelho excretor? Esse é um dos motivos pelos quais é
suportável para aqueles que se acham superiores debater corrupção de uma forma
rasa, para não olhar no espelho e deparar-se com sua própria monstruosidade.
Ora, a violência subjetiva não deveria estar em pauta no debate político?
É evidente que muitos eleitores de Aécio
não compactuam com essas atrocidades que circulam pelas redes sociais, mas é de
pensar-se: se os internautas que expressam ódio pelo nordestino são eleitores
de Aécio, já que os votos à Dilma foram o estopim dessa violência, é porque
estão dadas as condições, no mínimo subjetivas, para esse apoio.
Se
Zizek dominasse o mundo
Slavoj Zizek, em um pequeno texto que
tem de ser lido como uma ironia (como piadas extravagantes no qual o filósofo
termina se perguntando se não vivemos em um mundo como este), deixa pistas de
como governar um mundo marcado pela desigualdade. Publicado no Blog da
Boitempo, em “Se eu dominasse o mundo” Zizek instituiria no final de suas
medidas extravagantes um ritual canibalesco entre amigos, de que no início de
um diálogo dever-se-ia primeiro dedicar alguns minutos “com xingamentos
grosseiros e sem pudor, ofendendo uns aos outros”. É evidente que não é disso
que se trata nas redes sociais, já que não estamos falando de amigos e não se
ouve o outro na sua diferença para depois iniciar um diálogo civilizado, que
pressupõe trocas de ideias.
Contudo, outras situações descritas por
Zizek são tranquilamente relacionadas à nossa realidade, como a de simular um
golpe (quando, às vezes, ouvimos que o governo atual quer implantar o
comunismo, cercear a liberdade de imprensa, depravar a sociedade com circulação
de apostilas que fazem apologia a homossexualidade etc.).
Como entender esse fenômeno de ódio aos
nordestinos, que não deixa de ser ódio à democracia? Um caminho seria pelo
processo civilizador que tem a função de cobrir totalmente nossos desejos mais
íntimos, e o que não cobre fica sacolejando a ponto de que, quando consegue
chegar à superfície (ou passar a barreira da repressão), aparece como uma
monstruosidade (sintoma). Assim, seguindo a ironia de Zizek, deveríamos ter
sessões rotineiras para extravasar sentimentos, como um ritual sucessivo de
catarse.
Catarse fascista
As redes sociais poderiam ocupar este
lugar de grande catarse, mas, infelizmente, é uma catarse fascista, no sentido
de que não é dado o direito do outro existir na sua diferença. Mailena Chauí,
em entrevista à Rádio Brasil Atual, definiu bem a violência fascismo: “o que
caracteriza a violência fascista é não suportar a diferença, a alteridade, e
partir para a eliminação”.
O racismo, a xenofobia, a homofobia etc. são
alimentados por uma dedução simplista que se movimenta nobackground da racionalidade
técnica: “se pobre tem baixa escolaridade, é desinformado pelo simples fato de
não ter capacidade para compreender a realidade”; ou, ainda, “pago meus
impostos para sustentar um bando de vagabundos”. Essas não seriam deduções para
alimentar e naturalizar uma superioridade, já que o que se combate no fim são
os programas sociais que tem a função de criar condições favoráveis para que
sujeitos em posições desfavoráveis passem a ter as mesmas oportunidades? Não
seria esse o motor do ódio, por levar o outro ao menso nível dos que se
consideram superiores? Ora, isso fere o próprio falo do exibicionista, ao ter
sua self colocada na vala comum.
Em certa medida, as redes sociais têm se transformado
ora em um espaço de catarse fascista, ora em um espaço de exibicionismo – como
se o falo (que tem hoje seu principal significante metonímico – as selfies) precisasse ser
frequentemente contemplado e mediado pelo grande espelho, o ciberespaço. Quando
a potência do exibicionista é colocada em xeque, vê-se todo tipo de violência
(a impotência é a verdade aterrorizante).
O consumo da própria imagem
O sujeito consumidor é o alvo. Todo mundo busca fama.
Quanto mais curtidas no post,
mais potente. Descartes cairia de joelhos. Do “penso logo existo” para o “sou
visto logo existo”. Quando a imagem é arranhada, o monstro ganha espaço. O que
sustenta essa monstruosidade? Não há dúvida, vem da outra cena (inconsciente)
que faz transpor os conteúdos recalcados.
Enquanto o canibalismo fascista é potencializado, os
usuários das redes sociais são alvos de pesquisas, como se o trajeto feito no
ciberespaço deixasse marcas suficientes para direcionar uma mensagem, oferecer
um produto, receber um estímulo para bajular seu ego e cativá-lo. A síntese
mais estarrecedora foi apresentada na abertura da reportagem “Manipulados pela
internet”, publicada na IstoÉ (9/7),
que reproduz um diálogo com Mark Zuckerberg, criador do Facebook, em 2004,
quando ele ainda era estudante: “– Se você precisar de informações sobre
qualquer um de Harvard, me pergunte. Tenho mais de quatro mil e-mails,
endereços e fotos. – Como você conseguiu isso? – perguntou o colega. – Eles
confiam em mim. Estúpidos”.
domingo, 2 de novembro de 2014
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
terça-feira, 21 de outubro de 2014
Se cavalo votasse...
O Never contabilizou vacina para cavalo como investimento em saúde. E, naturalmente, essa barbárie virou piada...
Confira a informaçao na página 14 do link abaixo:
ps: Pelo menos até essa manhã o link estava disponível... (rs)
Um pouco mais sobre corrupção na Saúde/ Aécio Never:
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
sábado, 11 de outubro de 2014
SOBRE A VIDA QUE SE TEM OU TEVE E O VOTO QUE SE DÁ
Por Professora Joana Viera
"Cansei de discutir sobre Aécio e Dilma. Eu tinha vinte anos quando vivi o governo FHC e estudava para o cursinho quando a universidade era quase inacessível e não havia nenhum projeto social. Eu morava sozinha quando a Celpa ainda era do Pará e foi privatizada pelo PSDB. A conta era baixa e eles convenceram o povo que seria melhor. Eu fui aluna da escola pública sem merenda, dos anos estudando no fundamental com professores sem diplomas porque não existia o PAFOR. Nasci e me criei na década de 80 ouvindo o meu pai reclamar de inflação - a gente ia ao supermercado e os valores subiam sem prévias. Eu sou irmã de onze filhos dos quais, hoje, seis são concursados depois que o governo do PT assumiu o poder e fez festas lançando editais e vagas. Eu passei dois anos sem passar no vestibular porque não havia o PROUNI. Passei na Federal quando o Lula começou o processo de interiorização das universidades. Cursei Letras na cidade de Capitão Poço numa turma de 52 alunos de classe baixa e sem condições de concorrerem e viverem em Belém. Antes as vagas eram só para os alunos da capital. Não tive a chance de fazer um curso profissionalizante porque não existia o PRONATEC. Meu irmão fez medicina na UFPa quando aquele curso era elitizado. Ele estudou muito - muito mesmo - porque pobre não tinha chance de ser médico. Hoje tem Cesupa, Santarém, Altamira e além da ajuda de custo, o governo oferece a mensalidade e o FIES. Eu sou do tempo em que não podíamos sonhar em fazer mestrado; de um tempo em que não podíamos desejar estudar no exterior nem em outras universidades do Brasil como Ufrj ou Usp. Não havia Ciências sem Fronteiras, não havia esse festival de bolsas de incentivo. EU SOU DE UM TEMPO EM QUE POBRE NÃO PODIA SONHAR. É por isso que deixei de ser PT, pelos escândalos envolvendo desvios e corrupção, mas continuo acreditando que Dilma fez mais por gente como eu, que nasceu em uma família de 12 irmãos cujos pais são um vendedor de suco e uma doméstica e que tiveram chances de chegar lá.
Hoje, eu pago mais impostos, a conta da luz está mais cara, apesar de o governo naquela época quando quis vender a empresa nos convenceu que isso não aconteceria. Não entendo tanto de economia, mas sei que essa coisa de neoliberalismo foi uma das ideias implantadas no governo deles, os tucanos. Engravidei cedo, mas tive acompanhamento médico no governo petista, meu parto foi pago pelo SUS, minha filha foi pra UTi e ficou 15 dias lá pelo Sistema Único de Saúde e hoje que ela tem 15 anos, quer fazer Direito fora do Pará e se especializar fora do Brasil...não sou tão pobre, mas o governo Dilma permite que gente como nós, de histórias mais simples, possam fazer o que muita gente um dia não pôde: sonhar.
O melhor de Dilma e Lula não foi o Mensalão, foi a certeza de que nascemos pobres mas temos vez. Estudamos na escola pública e temos chances...
Sou Dilma e essa é a última vez que tento convencer alguém de que o governo dela, apesar das falhas, ainda é a melhor -ou a menos pior - opção. O voto é seu, mas o destino é nosso. Nosso e de mais de 60 milhões de brasileiros pobres que ganharam as bolsas e as novas chances.
Eu mudei de vida, não preciso de nenhum programa de assistência social, mas nasci em uma cidade onde 80% dos meus amigos e seus filhos precisam ter planos e chances. Além disso, trabalho em uma escola onde 100% dos alunos só precisam de uma coisa: OPORTUNIDADE!
VOTO 13! Dilma!
E não foram os jornais que me convenceram, foi a vida. E se você também nasceu pobre: pense bem."
Texto capturado de: http://plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=82233&p=3
"Cansei de discutir sobre Aécio e Dilma. Eu tinha vinte anos quando vivi o governo FHC e estudava para o cursinho quando a universidade era quase inacessível e não havia nenhum projeto social. Eu morava sozinha quando a Celpa ainda era do Pará e foi privatizada pelo PSDB. A conta era baixa e eles convenceram o povo que seria melhor. Eu fui aluna da escola pública sem merenda, dos anos estudando no fundamental com professores sem diplomas porque não existia o PAFOR. Nasci e me criei na década de 80 ouvindo o meu pai reclamar de inflação - a gente ia ao supermercado e os valores subiam sem prévias. Eu sou irmã de onze filhos dos quais, hoje, seis são concursados depois que o governo do PT assumiu o poder e fez festas lançando editais e vagas. Eu passei dois anos sem passar no vestibular porque não havia o PROUNI. Passei na Federal quando o Lula começou o processo de interiorização das universidades. Cursei Letras na cidade de Capitão Poço numa turma de 52 alunos de classe baixa e sem condições de concorrerem e viverem em Belém. Antes as vagas eram só para os alunos da capital. Não tive a chance de fazer um curso profissionalizante porque não existia o PRONATEC. Meu irmão fez medicina na UFPa quando aquele curso era elitizado. Ele estudou muito - muito mesmo - porque pobre não tinha chance de ser médico. Hoje tem Cesupa, Santarém, Altamira e além da ajuda de custo, o governo oferece a mensalidade e o FIES. Eu sou do tempo em que não podíamos sonhar em fazer mestrado; de um tempo em que não podíamos desejar estudar no exterior nem em outras universidades do Brasil como Ufrj ou Usp. Não havia Ciências sem Fronteiras, não havia esse festival de bolsas de incentivo. EU SOU DE UM TEMPO EM QUE POBRE NÃO PODIA SONHAR. É por isso que deixei de ser PT, pelos escândalos envolvendo desvios e corrupção, mas continuo acreditando que Dilma fez mais por gente como eu, que nasceu em uma família de 12 irmãos cujos pais são um vendedor de suco e uma doméstica e que tiveram chances de chegar lá.
Hoje, eu pago mais impostos, a conta da luz está mais cara, apesar de o governo naquela época quando quis vender a empresa nos convenceu que isso não aconteceria. Não entendo tanto de economia, mas sei que essa coisa de neoliberalismo foi uma das ideias implantadas no governo deles, os tucanos. Engravidei cedo, mas tive acompanhamento médico no governo petista, meu parto foi pago pelo SUS, minha filha foi pra UTi e ficou 15 dias lá pelo Sistema Único de Saúde e hoje que ela tem 15 anos, quer fazer Direito fora do Pará e se especializar fora do Brasil...não sou tão pobre, mas o governo Dilma permite que gente como nós, de histórias mais simples, possam fazer o que muita gente um dia não pôde: sonhar.
O melhor de Dilma e Lula não foi o Mensalão, foi a certeza de que nascemos pobres mas temos vez. Estudamos na escola pública e temos chances...
Sou Dilma e essa é a última vez que tento convencer alguém de que o governo dela, apesar das falhas, ainda é a melhor -ou a menos pior - opção. O voto é seu, mas o destino é nosso. Nosso e de mais de 60 milhões de brasileiros pobres que ganharam as bolsas e as novas chances.
Eu mudei de vida, não preciso de nenhum programa de assistência social, mas nasci em uma cidade onde 80% dos meus amigos e seus filhos precisam ter planos e chances. Além disso, trabalho em uma escola onde 100% dos alunos só precisam de uma coisa: OPORTUNIDADE!
VOTO 13! Dilma!
E não foram os jornais que me convenceram, foi a vida. E se você também nasceu pobre: pense bem."
Texto capturado de: http://plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=82233&p=3
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Droga de político!
Por Bruno Lorenzatto
Em um vídeo de menos de 2 minutos, publicado recentemente no youtube – O desabafo da cocaína –, o videomaker Rafucko consegue dar visibilidade a preconceitos e problemas estruturais que atravessam a sociedade brasileira: o sistema político, a imagem das drogas e a questão das classes sociais.
Rafucko assim apresenta seu vídeo: “Aécio Neves tentou bloquear na justiça todos os links que relacionavam ele à droga. Mas você já se perguntou o que a própria cocaína pensa sobre isso? Ela criou um vlog pra desabafar”. O videomaker ainda acrescenta uma nota, na qual afirma que seu vídeo foi inspirado no tweet do cartunista André Dhamer: “Acho que ligar cocaína ao Aécio Neves faz mal para a imagem da cocaína.”
O que ela (a droga) tem a dizer sobre o pré-candidato à presidência da República? Está cansada de ver seu nome associado ao político do PSDB – “o partido mais sujo do Brasil”, como afirma.
Inversão insólita, cômica, mas também altamente crítica, da abordagem, largamente difundida, de difamação do senador pelo uso da droga.
O que Dhamer e Rafucko estão questionando?
Numa sociedade como a nossa, o que deveria ter imagem pior do que a da cocaína, é a política, tal como é praticada – ou melhor, não praticada, pois o que vemos no Brasil é o domínio dos interesses privados sobre as esferas públicas.
Não é preciso fazer menção ao uso da droga para expor o tucano ao ridículo. Seu trato com a coisa pública é mais do que suficiente para isso – o que deveria ser o foco da crítica ao senador do PSDB. Como indica Rafucko, a imprensa mineira foi censurada diversas vezes, ao se posicionar contra o ex-governador de Minas Gerais (ver em: https://www.youtube.com/watch? v=HXT4eOf-2w8 e http://www.viomundo.com.br/ denuncias/sindifisco.html).
A forma segundo a qual a cocaína geralmente é mencionada nesse contexto, é um sintoma de como a perspectiva dominante e conservadora entende a questão das drogas no Brasil – de uma maneira hipócrita.
O problema do país não é o uso de quaisquer drogas ilícitas, mas, sim, a hipocrisia que coloca, nesse caso, em primeiro plano, o uso dos psicotrópicos (como se a burguesia não fizesse uso generalizado de drogas legais e ilegais) como algo inaceitável, negligenciando o fracasso da estrutura política, (o fracasso da política anti-drogas, inclusive), muito bem representada por políticos como Aécio Neves.
E neste ponto – o da configuração politica da democracia representativa, tal como a vivenciamos hoje –, seria preciso ir muito além do caso específico do senador mineiro. Deveríamos considerar que é o próprio funcionamento do sistema político (assim como em outros países) que dá claros sinais de crise. Esgotamento de um modelo, segundo o qual as decisões do Estado se encontram submetidas às exigências do mercado capitalista.
As manifestações que irromperam em junho do ano passado demonstram a demanda por uma democracia efetiva – um milhão de pessoas protestando nas ruas não é um fato que se pode ignorar. Na verdade, esse fato singular aponta para uma reordenação dos lugares, das formas do proceder e dos sujeitos políticos. O professor de filosofia da USP Vladimir Safatle (e pré-candidato do PSOL a governador do Estado de São Paulo) tem interpretado a atual conjuntura nesse sentido: “talvez seja o caso de nos perguntarmos pelo modo como agem os novos atores da política. Quem são eles? Talvez eles não estejam nas instituições tradicionais de representação política, nem mesmo eles se sentem representados por aqueles que ocupam esses lugares.” (ver mais em: http://www.cpflcultura.com.br/ wp/2012/10/26/vladimir- safatle-quando-novos-sujeitos- politicos-sobem-a-cena/)
No ano passado, a exemplar insatisfação da sociedade em relação à posse do militar Jair Bolsonaro para a presidência da Comissão de Direitos Humanos, expressa na síntese (amplamente compartilhada nas redes sociais): “Bolsonaro não me (nos) representa”, implica sintomaticamente um deslocamento mais radical – como se dissesse: “esta democracia, tal como a experienciamos, não nos representa”. Safatle defende a implementação de mecanismos de democracia direta na estrutura política, os quais possibilitariam uma participação real dos cidadãos nas deliberações públicas (ver mais em: http://www.cartacapital.com. br/politica/as-neodemocracias) .
***
A autoridade médica que viabiliza a distribuição, a circulação e o uso em ampla escala de medicamentos é o limite moral e político que separa a “boa” droga da “má” droga, isto é, o limite entre as drogas legalizadas e as criminalizadas. “Sem essa de só uso ‘rivotrilzinho’ para acalmar, porque rivotril também é droga!”, afirma enfaticamente a cocaína no vídeo de Rafucko.
Certas classes sociais que consomem anti-depressivos, calmantes etc, sem dúvida em um nível de dependência química, são as mesmas que apoiam acriticamente a criminalização de drogas como a maconha ou a cocaína. Não se trata aqui de defender uma droga e condenar outra, e sim de problematizar como as convicções dos sujeitos são guiadas por determinações ideológicas que escondem os problemas efetivos que nos constituem. Afinal, não é a primeira vez que uma questão como essa, que deveria ser pensada politicamente – em termos de saúde pública –, é tratada simplesmente com repressão policial e discursos morais vazios.
Raramente se questiona no debate público a contradição evidente no fato de: quem consome drogas ilícitas (todas as classes sociais) e quem vai preso, reprimido e morto (os pobres). A estatística prova que não são pessoas como Aécio Neves que são encarceradas e reprimidas – mesmo quando um helicóptero é interceptado com quase meia tonelada de cocaína. Logo, questão de classe, vê-se claramente – Rafucko, como sempre, diz o que a elite não quer escutar: “Caveirão só mata na favela, você não vê caveirão invadindo mansão nos Jardins, mansão em São Conrado. Aí vocês vêm com aquele papinho de que bandido bom é bandido morto, mentira. Bandido pobre é bandido morto, bandido bom é bandido rico, engravatado, é bandido que fica no Senado (…) e bandido bom não vai preso não, não morre não”.
–
*Bruno Lorenzatto, licenciado em história e mestre em filosofia pela PUC-Rio
*Bruno Lorenzatto, licenciado em história e mestre em filosofia pela PUC-Rio
fonte do texto: http://outraspalavras.net/blog/2014/04/28/melhor-seria-se-aecio-cheirasse-cocaina/
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
terça-feira, 16 de setembro de 2014
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Eleições 2014
Por Frei Betto
Nas eleições deste ano, avalia o teu município, o teu estado, a tua nação. O que necessita nosso povo? O que macula nossos direitos de cidadania? Quais as causas do desemprego, da fome, da miséria, da violência e das drogas? Por que quase metade das crianças que chegam à quarta série é analfabeta? Por que o peso dos impostos, a falta de moradia e saneamento, de saúde e educação? Quem elege os políticos corruptos?
Nas eleições deste ano, avalia o teu município, o teu estado, a tua nação. O que necessita nosso povo? O que macula nossos direitos de cidadania? Quais as causas do desemprego, da fome, da miséria, da violência e das drogas? Por que quase metade das crianças que chegam à quarta série é analfabeta? Por que o peso dos impostos, a falta de moradia e saneamento, de saúde e educação? Quem elege os políticos corruptos?
Seja o teu
voto, não a expressão de tuas ambições individuais, de tua amizade com o candidato, de tua simpatia,
e sim da compaixão aos mais pobres, de tua fome de justiça, de teu senso
cívico, de teu respeito pelos direitos humanos, de teu projeto de Brasil
soberano, independente, livre de discriminações e injustiças.
Nas eleições deste ano, não cometas o erro de dar teu voto a
quem defendeu a ditadura, meteu a mão no dinheiro público e jamais beneficiou
os que labutam arduamente pela sobrevivência. Nem aos pusilânimes, aos
arrivistas, aos alpinistas sociais, aos que têm a cara limpa e a ficha suja, e
aos que multiplicam seu patrimônio familiar à custa do poder público. Vota com
sabedoria e coragem, e empenha-te pela vitória de teus candidatos.
Nas eleições deste ano, indaga como e em quem votarão as pessoas
que admiras. Pergunta a ti mesmo quem são os candidatos preferidos por aqueles
que julgas exemplo de ética, de transparência cívica, de dedicação aos
interesses da coletividade,
de exercício do poder como serviço preferencial aos excluídos.
A depender de teu voto, pode ser que, na data da próxima
eleição, o Brasil esteja ainda mais endividado, aviltado, conflitado e
colonizado. Mas pode ser que se alargue o espaço democrático, robusteça-se a
cidadania, ampliem-se a participação popular e o controle da sociedade sobre o
poder público.
Nas eleições deste ano, se for nulo o teu voto, nula serão
também as tuas queixas e estarás condenado à amargura cívica. À margem do
processo político, teu protesto inócuo haverá de favorecer aqueles que merecem
ser banidos da vida política. À tua omissão eleitoral agradecerão os que se
locupletam com recursos públicos e promovem tráfico de influências, nepotismo e
maracutaias. Como dizia Platão, quem tem nojo de política é governado por quem
não tem. E tudo que os maus políticos querem é que tenhamos bastante nojo, para
ficarem a sós se chafurdando na corrupção às nossas custas.
Contudo, se votares nas reformas que o Brasil tanto necessita,
como a agrária, a política, e a melhoria da saúde, da educação, do transporte
coletivo, da segurança, e na conquista do desenvolvimento sustentável, com
plena soberania nacional, não serão os eleitos que te agradecerão, e sim teus
filhos e as gerações vindouras, pois estarás votando por elas e nelas.
fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/29752
sexta-feira, 18 de julho de 2014
Ao mestre, com carinho
Rubem Alves continua na UTI, anunciam os jornais. Estamos tristes, claro. Espero, como tantos outros, que ele seja rapidamente liberto desse mal que é a doença do corpo.
O momento me faz pensar... Que pessoa rica e generosa é o Professor Rubem!
Ele compartilha sabedoria e poesia com pessoas de diferentes idades e conhecimentos. Não escreve aos deuses, não escreve aos cientistas. Rubem Alves escreve aos homens como homem. Ele toca meu coração, desperta em mim bons sentimentos e me faz repensar temas interessantes.
Às vezes, em dias frios como está hoje aqui em Campinas, sirvo-me de algumas de suas deliciosas sopas de palavras - sempre tão bem temperadas! Como não amar alguém que mostra beleza e vida mesmo no vale da sombra da morte?
Tive a honra de sentar-me ao lado desse grande mestre poucas vezes. Posso afirmar que pessoalmente ele também é instigante e bem humorado. Tem brilho nos olhos. Uma graça encantadora! Lembro-me de seu sorriso, de seu olhar tranquilo... É uma doce presença. Pessoa marcante.
Nesse momento difícil o querido Rubem Alves deve estar cercado pelo afeto de tantos leitores, além dos amigos e parentes. Penso que ele está colhendo, merecidamente, o amor que tem plantado em tantos corações.
Rubem Alves é marcante. E "O que a memória ama fica eterno", como escreveu nosso poeta.
http://www.institutorubemalves.org.br
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