quinta-feira, 22 de maio de 2008
Suicídio
O artigo escrito pela socióloga Kaioko Ueno e traduzido por Eva Paulino Bueno, foi publicado pela revista Espaço Acadêmico.
A socióloga pontua o desemprego e o déficit de assistência pública como importantes dados a serem considerados na análise das causas atuais de suicídio no Japão.
Confira, abaixo, dois fragmentos do artigo: "O suicídio é o maior produto de exportação do Japão?
Notas sobre a cultura de suicídio no Japão"
"...Então vários estudos estimam o número futuro de suicídios dependendo da taxa de desemprego, mas estes estudos raramente observam a relação entre o déficit do sistema de assistência pública e o suicídio. Entre as nações economicamente avançadas, a porcentagem dos que recebem assistência pública no Japão tem sido baixíssima (1,5% em 2003), devido a uma avara política de assistência pública."
"O lançamento de um sistema de aconselhamento com uma linha direta pode talvez funcionar para algumas pessoas, mas não vai funcionar para aquelas com sérios problemas financeiros. A saúde mental não tem que ver com medida política, mas como a taxa de desemprego vai ser analisada e como uma espécie de rede de segurança vai ser colocada à disposição dos que dela necessitam. É impossível impedir-se suicídios que são induzidos por razões econômicas com a diminuição do orçamento da previdência social. Os empregos com salários decentes para homens e mulheres, assim como um generoso programa de assistência pública podem parecer uma rota indireta, mas este é, na realidade, o caminho mais secular de impedir-se o suicídio."
Para ler o texto todo, clique aqui!
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PS: Já pensou se no Brasil reinasse o "espírito samurai" entre os desempregados e desassistidos sociais? :/
terça-feira, 20 de maio de 2008
Lembrete
Miséria
Na mesma noite, na estação de Akihabara, fomos abordados por um japonês de meia idade, que pediu 500¥ * ao Alex. Não estava mal vestido, nem parecia estranho. Sem entender o que acontecia, o Alex deu uma moeda para o homem que ficou muito grato e perguntou-nos sobre nosso país de origem...
Seguimos andando, chocados e mudos. Vic quebrou o silêncio:
- Coitado daquele homem, né?
-Por quê filho? - Perguntei.
-Porque ele não tem nenhum dinheiro...
Em Ueno também tem vários moradores de rua espalhados pelo bairro e algumas barracas, onde dormem. Nem todos são pedintes. Alguns vivem de arubaito**, isto é, serviços temporários, sem vínculo empregatício.
Quem vive só de baito*** deve ter mais dificuldade para pagar um seguro de saúde e demais custos importantes. Além de não ter garantia de emprego, não conta com direitos trabalhistas.
Há controvérsias quanto aos motivos que levam estas pessoas a viverem pelas praças de Tokyo. Alguns dizem que os que vivem em tais circunstâncias são rebeldes sem causa, ou que não gostam de trabalhar mesmo...Complicado pra gente de fora, sem domínio do idioma, compreender bem o que se passa.
Se esses personagens sociais são rebeldes, sem causa ou com causa, não sei mesmo dizer, nem posso julgar. Mas não podemos ignorar que na selva do capitalismo todos somos afetados em algum grau e há os que esmorecem por não suportar tanta pressão.
Vários fatores podem levar um ser humano à vida na rua e o único fato que posso afirmar, seguramente, é que isso ocorre do lado de cá também.
Pobreza, miséria e abandono fazem parte do Japão. Acontece que figuras obscuras não costumam ser pintadas onde limpeza e perfeição são as máximas permitidas. Mas verdade seja dita: aqui também não é o país das maravilhas, embora tenha os seus encantos.
*Com 500¥, é possível fazer um lanche ou uma refeição barata, também é possível comprar uma passagem de metrô para andar algumas estações.
** Arubaito vem do alemão"arbeit" e signica, originalmente, trabalho. Aqui, porém, tanto a palavra quanto o seu significado sofreram alterações.
***baito -modo informal e abreviado de dizer arubaito
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"A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade"
terça-feira, 13 de maio de 2008
Buraco no chão.
Obenjoo, já foi a palavra usada para designar o que em português conhecemos por banheiro. Com o passar dos anos e a influência das culturas externas, a antiga palavra caiu em desuso.
No Japão moderno, as pessoas dizem "toire". (A palavra francesa "toillet", deu uma passadinha pelos EUA, onde esqueceu um "l". Depois veio para a terra do sol nascente onde, aculturou-se substituindo o outro "l" por um nipo "r" e dispensou o "t". Por aqui tudo muito sintético.)
O fato de "obenjoo" ter se tornado uma palavra antiquada, porém, não garante que os banheiros por aqui sejam todos chique-chiques. Embora estejamos num "high-tech country", onde, sim, encontramos vasos sanitários com botões de comando, tampas automáticas etc, o velho buraco no chão persiste em vários shoppings centers e outros lugares públicos...
Abaixo, um desenho infantil japonês. Neste episódio, Shimnjiro, o personagem principal, ensina à criançada (e aos estrangeiros também rsrsrs) a forma correta de usar o vaso sanitário tradicional. Para aprender precisa ver até o fim ;)
Ruas estreitas
Abaixo, uma rua de mão dupla. Pasmem, pasmem e pasmem. Mas se vierem dirigir por aqui, precisam se acostumar. Pasmou, bateu!
Com tanta estreiteza assim, os "mini cars", também conhecidos como kei , fazem muito sucesso por aqui.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Idoso trabalhador
Nesta região, vemos diariamente idosos como este da foto. Com visíveis problemas na coluna vertebral e pobres. Geralmente são pessoas assim que habitam aquelas casinhas que viram no post anterior.
Atrás do vovô, têm algumas máquinas de brinquedos infantis, onde as crianças colocam uma moeda de 100 ienes, ou duas, para pegar alguma "surpresa".
O calçado que o vovô está usando é conhecido como tabi , e é usado especialmente por certos trabalhadores. O tabi é encontrado facilmente aqui no Japão em lojas "Work Man" ou departamentos de materiais para construções e reformas.