segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Curriculum Vitae

Às vezes, ou quase sempre, lamentavelmente, quando pensamos ou nos perguntamos sobre a nossa trajetória profissional, o centro exclusivo das referências está nos cursos realizados, na formação acadêmica e na experiência vivida na área de profissão. Fica de fora como algo sem importância a nossa presença no mundo. É como se a atividade profissional dos homens e das mulheres não tivesse nada que ver com suas experiências de menino, de jovem, com seus desejos, com seus sonhos, com seu bem-querer ao mundo ou com seu desamor à vida. Com sua alegria ou com seu mal-estar na passagem dos dias e dos anos. Na verdade não me é possível separar o que há em mim de profissional do que venho sendo como homem.”  (Paulo Freire – Política e Educação: ensaios)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Fora Cunha!

Eeee laiá...Agora além da uva passa no arroz e na maionese, e dos monstros familiares de fim de ano, muita gente boa está fadada a ouvir as baboseiras das "tiazonas" e dos "tiozões" reaças comemorando o suposto "impitima" da Dna Dilma...É, o "pedido de impitima", do Cunha bandidão, tinha que acontecer bem agora em dezembro pra animar a "torcida reaça" nos encontros festivos- natalinos-familiares (rs).  Pelo menos as chantagens desse bandido o governo nâo terá de aturar mais. Menos um. Ho!Ho!Ho! 

                              

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Samarco: o jogo dos sete erros

Vamos brincar um pouquinho? Assista e compare os dois vídeos abaixo . Aproveite a oportunidade para pensar:  Qual o valor de palavras profundas na boca dos que vivem de maneira tão rasa?









terça-feira, 10 de novembro de 2015

Entre as fantasias dos adultos e as realidades infantis

É comum a gente conhecer quem queira ter filhos, mas ainda não decidiu  ser pai/mãe. (Sim, são condições muito distintas!)
Sonhar em ter bebezinhos "nestlé",  vestidos de bonecos(as) e só fazendo coisinhas fofas e lindas (segundo o gosto de cada casal...), até pode fazer parte, mas é fundamental a consciência de que todo novo "vir a ser" carrega singularidades a serem descobertas e respeitadas por seus cuidadores e responsáveis. Já vi muita gente definindo o sexo, o parceiro ideal e também a profissão de seus filhos antes até de os terem gerado. Muitas vezes esses desejos se apresentam em forma de "brincadeirinhas" numa roda de amigos ou família, mas são indícios do peso que será- de verdade- posto sobre os ombros daquele serzinho que virá . Enfim, encurtando o blá blá blá, achei esta charge genial e faz um pouco esta critica também.


 Por mais adultos respeitadores, exercendo suas funções na vida das crianças com responsabilidade e amor.

domingo, 6 de setembro de 2015

sábado, 5 de setembro de 2015

Por Eliane Brum: “Me chamem de velha”

Na semana passada, sugeri a uma pessoa próxima que trocasse a palavra “idosas” por “velhas” em um texto. E fui informada de que era impossível, porque as pessoas sobre as quais ela escrevia se recusavam a ser chamadas de “velhas”: só aceitavam ser “idosas”. Pensei: “roubaram a velhice”. As palavras escolhidas – e mais ainda as que escapam – dizem muito, como Freud já nos alertou há mais de um século. Se testemunhamos uma epidemia de cirurgias plásticas na tentativa da juventude para sempre (até a morte), é óbvio esperar que a língua seja atingida pela mesma ânsia. Acho que “idoso” é uma palavra “fotoshopada” – ou talvez um lifting completo na palavra “velho”. E saio aqui em defesa do “velho” – a palavra e o ser/estar de um tempo que, se tivermos sorte, chegará para todos.

Desde que a juventude virou não mais uma fase da vida, mas uma vida inteira, temos convivido com essas tentativas de tungar a velhice também no idioma. Vale tudo. Asilo virou casa de repouso, como se isso mudasse o significado do que é estar apartado do mundo. Velhice virou terceira idade e, a pior de todas, “melhor idade”. Tenho anunciado a amigos e familiares que, se alguém me disser, em um futuro não tão distante, que estou na “melhor idade”, vou romper meu pacto pessoal de não violência. O mesmo vale para o primeiro que ousar falar comigo no diminutivo, como se eu tivesse voltado a ser criança. Insuportável.

A velhice é o que é. É o que é para cada um, mas é o que é para todos, também. Ser velho é estar perto da morte. E essa é uma experiência dura, duríssima até, mas também profunda. Negá-la é não só inútil como uma escolha que nos rouba alguma coisa de vital. Semanas atrás, em um programa de TV, o entrevistador me perguntou sobre a morte. E eu disse que queria viver a minha morte. Ele talvez não tenha entendido, porque afirmou: “Você não quer morrer”. E eu insisti na resposta: “Eu quero viver a minha morte”.
 
Na adolescência, eu acalentava a sincera esperança de que algum vampiro achasse o meu pescoço interessante o suficiente para me garantir a imortalidade. Mas acabei aceitando que vampiros não existem, embora circulem muitos chupadores de sangue por aí. Isso só para dizer que é claro que, se pudesse escolher, eu não morreria. Mas essa é uma obviedade que não nos leva a lugar algum. Que ninguém quer morrer, todo mundo sabe. Mas negar o inevitável serve apenas para engordar o nosso medo sem que aprendamos nada que valha a pena.
 
A morte tem sido roubada de nós. E tenho tomado providências para que a minha não seja apartada de mim. A vida é incontrolável e posso morrer de repente. Mas há uma chance razoável de que eu morra numa cama e, nesse caso, tudo o que eu espero da medicina é que amenize a minha dor. Cada um sabe do tamanho de sua tragédia, então esse é apenas o meu querer, sem a pretensão de que a minha escolha seja melhor que a dos outros. Mas eu gostaria de estar consciente, sem dor e sem tubos, porque o morrer será minha última experiência vivida. Acharia frustrante perder esse derradeiro conhecimento sobre a existência humana. Minha última chance de ser curiosa.
 
Há uma bela expressão que precisamos resgatar, cujo autor não consegui localizar: “A morte não é o contrário da vida. A morte é o contrário do nascimento. A vida não tem contrários”. A vida, portanto, inclui a morte. Por que falo da morte aqui nesse texto? Porque a mesma lógica que nos roubou a morte sequestrou a velhice. A velhice nos lembra da proximidade do fim, portanto acharam por bem eliminá-la. Numa sociedade em que a juventude é não uma fase da vida, mas um valor, envelhecer é perder valor. Os eufemismos são a expressão dessa desvalorização na linguagem.
Não, eu não sou velho. Sou idoso. Não, eu não moro num asilo. Mas numa casa de repouso. Não, eu não estou na velhice. Faço parte da melhor idade. Tenho muito medo dos eufemismos, porque eles soam bem intencionados. São os bonitinhos mas ordinários da língua. O que fazem é arrancar o conteúdo das letras que expressam a nossa vida. Justo quando as pessoas têm mais experiências e mais o que dizer, a sociedade tenta confiná-las e esvaziá-las também no idioma.
 
Chamar de idoso aquele que viveu mais é arrancar seus dentes na linguagem. Velho é uma palavra com caninos afiados – idoso é uma palavra banguela. Velho é letra forte. Idoso é fisicamente débil, palavra que diz de um corpo, não de um espírito. Idoso fala de uma condição efêmera, velho reivindica memória acumulada. Idoso pode ser apenas “ido”, aquele que já foi. Velho é – e está. Alguém vê um Boris Schnaiderman, uma Fernanda Montenegro e até um Fernando Henrique Cardoso como idosos? Ou um Clint Eastwood? Não. Eles são velhos.

Idoso e palavras afins representam a domesticação da velhice pela língua, a domesticação que já se dá no lugar destinado a eles numa sociedade em que, como disse alguém, “nasce-se adolescente e morre-se adolescente”, mesmo que com 90 anos. Idosos são incômodos porque usam fraldas ou precisam de ajuda para andar. Velhos incomodam com suas ideias, mesmo que usem fraldas e precisem de ajuda para andar. Acredita-se que idosos necessitam de recreacionistas. Acredito que velhos desejam as recreacionistas. Idosos morrem de desistência, velhos morrem porque não desistiram de viver.

Basta evocar a literatura para perceber a diferença. Alguém leria um livro chamado “O idoso e o mar”? Não. Como idoso o pescador não lutaria com aquele peixe. Imagine então essa obra-prima de Guimarães Rosa, do conto “Fita Verde no Cabelo”, submetida ao termo “idoso”: “Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam…”.

Velho é uma conquista. Idoso é uma rendição. Como em 2012 passei a estar mais perto dos 50 do que dos 40, já começo a ouvir sobre mim mesma um outro tipo de bobagem. O tal do “espírito jovem”. Envelhecer não é fácil. Longe disso. Ainda estou me acostumando a ser chamada de senhora sem olhar para os lados para descobrir com quem estão falando. Mas se existe algo bom em envelhecer, como já disse em uma coluna anterior, é o “espírito velho”. Esse é grande.

Vem com toda a trajetória e é cumulativo. Sei muito mais do que sabia antes, o que significa que sei muito menos do que achava que sabia aos 20 e aos 30. Sou consciente de que tudo – fama ou fracasso – é efêmero. Me apavoro bem menos. Não embarco em qualquer papinho mole. Me estatelei de cara no chão um número de vezes suficiente para saber que acabo me levantando. Tento conviver bem com as minhas marcas. Conheço cada vez mais os meus limites e tenho me batido para aceitá-los. Continua doendo bastante, mas consigo lidar melhor com as minhas perdas. Troco com mais frequência o drama pelo humor nos comezinhos do cotidiano. Mantenho as memórias que me importam e jogo os entulhos fora. Torço para que as pessoas que amo envelheçam porque elas ficam menos vaidosas e mais divertidas. E espero que tenha tempo para envelhecer muito mais o meu espírito, porque ainda sofro à toa e tenho umas cracas grudadas à minha alma das quais preciso me livrar porque não me pertencem. Espero chegar aos 80 mais interessante, intensa e engraçada do que sou hoje.

Envelhecer o espírito é engrandecê-lo. Alargá-lo com experiências. Apalpar o tamanho cada vez maior do que não sabemos. Só somos sábios na juventude. Como disse Oscar Wilde, “não sou jovem o suficiente para saber tudo”. Na velhice havemos de ser ignorantes, fascinados pelas dimensões cada vez mais superlativas do que desconhecemos e queremos buscar. É essa a conquista. Espírito jovem? Nem tentem.

Acho que devíamos nos rebelar. E não permitir que nos roubem nem a velhice nem a morte, não deixar que nos reduzam a palavras bobas, à cosmética da linguagem. Nem consentir que calem o que temos a dizer e a viver nessa fase da vida que, se não chegou, ainda chegará. Pode parecer uma besteira, mas eu cometo minha pequena subversão jamais escrevendo a palavra “idoso”, “terceira idade” e afins. Exceto, claro, se for para arrancar seus laços de fita e revelar sua indigência.

Quando chegar a minha hora, por favor, me chamem de velha. Me sentirei honrada com o reconhecimento da minha força. Sei que estou envelhecendo, testemunho essa passagem no meu corpo e, para o futuro, espero contar com um espírito cada vez mais velho para ter a coragem de encerrar minha travessia com a graça de um espanto.

Texto de Eliane Brum

Capturado de:  http://www.contioutra.com/me-chamem-de-velha-por-eliane-brum/

terça-feira, 19 de maio de 2015

Por que as greves dos professores não dão ibope? (II)

Professores de seis Estados e de pelo menos sete municípios estão em greve

Professores das redes estaduais de seis Estados estão em greve, segundo a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação). Os Estados que estão paralisados são Pará, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás e Sergipe.

Em São Paulo, os professores estão em greve há mais tempo, desde o dia 13 de março por uma reajuste salarial de 75,33%. A porcentagem equivale ao cumprimento da meta 17 do Plano Nacional de Educação, que estabelece a equiparação do rendimento médio dos professores ao rendimento médio dos demais profissionais com mesma escolaridade.

São Paulo- governador Geraldo Alckmin (PSDB)
Paraná- governador Beto Richa (PSDB)
Pará- governador Simão Jatene (PSDB)
Goiás- governador Marconi Perillo (PSDB)

Santa Catarina- governador Raimundo Colombo (PSD)

Sergipe- governador Jackson Barreto (PMDB)

terça-feira, 5 de maio de 2015

Por que as greves dos professores não dão ibope?

Além dos professores das escolas do estado do Paraná, desgovernado pelo PSDB,  também já fizeram greve esse ano professores de outros oito estados brasileiros. Quatro, desse total de nove estados, são governados pelo PSDB. Confira abaixo a quais partidos são filiados os respectivos governadores. 

São Paulo- governador Geraldo Alckmin (PSDB)
Pará- governador Simão Jatene (PSDB)
Goiás- governador Marconi Perillo (PSDB)

Paraíba- governador Ricardo Coutinho (PSB)
Distrito Federal- governador Rodrigo Rollembichaerg (PSB)

Alagoas- governador Renan Filho (PMDB)

Roraima- governadora Sueli Campos (PP)

Amazonas- governador José Melo (PROS)

Agora pense nos parcos comentários (garimpados) do PSDB a respeito da greve no Paraná:

E por falar em mídia...Aquele  "Fantástico" programa exibido pela rede Globo aos domingos mencionou a greve dos Professores no Paraná, no último domingo? Não? Sério? Precisa falar mais, ou pela observação dos fatos e o raciocínio lógico você já entendeu que o PSDB é elitista e é blindado pela grande mídia?
É importante ficarmos atentos ao que acontece ao nosso redor...Política acontece diariamente, não só em tempo de eleições e diz respeito a todos, não só a uma classe ou outra de trabalhadores.


quinta-feira, 30 de abril de 2015

Trio parada dura


Pois tem gente que já tendo visto os estragos desses (des)governos tiranos em "outros carnavais" diz apoiá-los (leia-se: vota no PSDB) como forma de protesto, porque está com bronquinha do PT. Vamos esclarecer: protesto e estupidez NÃO são sinônimos. #Prontofalei                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

segunda-feira, 27 de abril de 2015

E por falar em terceirização...

Terceirização é um dos assuntos em pauta atualmente no Brasil. Se rir  não tira o sofrimento, ao menos pode ajudar na distração da dor e colaborar para o bom humor na luta. Pausa para o riso, então. Riamos...


Charge Duke
fonte: http://blogdosimao.blogosfera.uol.com.br/2015/04/25/ueba-terceirizaram-deus-2/

Já riu? Agora é sério...
Ponto de vista: Para Mangabeira Unger, terceirização pode aumentar precarização no trabalho

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Vai-se o homem, fica sua luz... Adeus, Eduardo Galeano!

Por Eduardo Galeano
"Que tal se delirarmos por um momentinho?
Ao fim do milênio vamos fixar os olhos mais para lá da infâmia para adivinhar outro mundo possível.
O ar vai estar limpo de todo veneno que não venha dos medos humanos e das paixões humanas.
As pessoas não serão dirigidas pelo automóvel, nem serão programadas pelo computador, nem serão compradas pelo supermercado, nem serão assistidas pela televisão.
A televisão deixará de ser o membro mais importante da família.
As pessoas trabalharão para viver em lugar de viver para trabalhar.
Se incorporará aos Códigos Penais o delito de estupidez que cometem os que vivem por ter ou ganhar ao invés de viver por viver somente, como canta o pássaro sem saber que canta e como brinca a criança sem saber que brinca.
Em nenhum país serão presos os rapazes que se neguem a cumprir serviço militar, mas sim os que queiram cumprir.
Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem chamarão qualidade de vida à quantidade de coisas.
Os cozinheiros não pensarão que as lagostas gostam de ser fervidas vivas.
Os historiadores não acreditarão que os países adoram ser invadidos.
O mundo já não estará em guerra contra os pobres, mas sim contra a pobreza.
E a indústria militar não terá outro remédio senão declarar-se quebrada.
A comida não será uma mercadoria nem a comunicação um negócio, porque a comida e a comunicação são direitos humanos.
Ninguém morrerá de fome, porque ninguém morrerá de indigestão.
As crianças de rua não serão tratadas como se fossem lixo, porque não haverá crianças de rua.
As crianças ricas não serão tratadas como se fossem dinheiro, porque não haverá crianças ricas.
A educação não será um privilégio de quem possa pagá-la e a polícia não será a maldição de quem não possa comprá-la.
A justiça e a liberdade, irmãs siamesas, condenadas a viver separadas, voltarão a juntar-se, voltarão a juntar-se bem de perto, costas com costas.
Na Argentina, as loucas da Praça de Maio serão um exemplo de saúde mental, porque elas se negaram a esquecer nos tempos de amnésia obrigatória.
A perfeição seguirá sendo o privilégio tedioso dos deuses, mas neste mundo, neste mundo avacalhado e maldito, cada noite será vivida como se fosse a última e cada dia como se fosse o primeiro.”

domingo, 5 de abril de 2015

Feliz Páscoa


Anunciação
I.
são tantos...

tantos os cordeiros
à tua mesa...

farta
farta ceia
de cristos
nesta páscoa...

vai...
tomai
desse sangue...

segue...
comei
desses corpos...

e nesse silêncio
de talheres
e dentes

(desligaste
o noticiário,
é evidente)

a paz
aos poucos
te preenche

oh, tão plena
comunhão!

(não há 
mais profunda 
eucaristia
que a digestão)

e se algo lá dentro
ainda te incomoda,
caso seja necessário,
confessa
- como sempre - 
no banheiro
teus pecados.

II.
quer
que eu 
saia?

não somos dignos
de entrar em vossa morada?

não vos esqueçais
consertamos vossas casas...
seguramos tuas bandejas...
ensinamos teus filhos e 
afiamos,
sim, afiamos
tuas facas...

sabemos tudo
o que aí se passa...
e como rezam a missa...

ah, vão chamar
a polícia?

nos prender?
nos matar? arrastar?
apagar? esquecer?
vão nos crucificar?

mas,
saibas...

ressuscitamos
todo santo dia
nas quebradas
(não só no terceiro)

somos Amarildos, Marighellas, Eduardos, Lamarcas...
somos Herzogs, Douglas, Heleniras, Cláudias...

estamos vivos, vivões,
em milhares de caras,
braços, olhos, falas,
corações...

e vai chegar o tempo
- teu apocalipse? -
em que vamos destruir
teu templo
e expulsar teus
vendilhões

(esses
que nos compram
e vendem como bois)

III.
come bananas...
reza teu terço...

finge
- enfim -
que não vês
nada...

mas
saibas

"não vim
trazer a paz,
mas a espada."

[À memória viva de: Helenira Rezende (1944-1972?) "desaparecida" durante a ditadura militar brasileira; Amarildo Dias de Souza (1965/66-2013?) "desaparecido" após ser levado por policiais militares da porta de sua casa; Carlos Margihella (1911-1969) assassinado pelos órgãos da ditadura brasileira; Claudia Silva Ferreira (1974-2014) arrastada por um camburão e assassinada por policiais militares; Carlos Lamarca (1937-1971) assassinado pelos órgãos da ditadura brasileira; Douglas Rafael da Silva Pereira (1989-2014) assassinado por policial militar; Vladimir Herzog (1937-1975) assassinado pelos órgãos da ditadura brasileira; Eduardo de Jesus (2005-2015) assassinado por policiais militares no Complexo do Alemão (RJ) e à memória viva de tantos outros "desaparecidos" e assassinados pela ditadura e pela democratura brasileira.]

sexta-feira, 27 de março de 2015

Ou isto, ou aquilo

Estamos vivendo um momento especial em nosso país. Talvez muitas pessoas ainda não tenham se dado conta desse fato. Mesmo quando se sentem sufocadas e pressionadas no meio de uma dicotomia reducionista na esfera política, acham que isso que está acontecendo pode ser "normal". Não, não é. Estamos (con)vivendo diariamente num clima de "guerra fria". Amigos e famílias têm, por exemplo, excluído membros do seu rol, tanto em instituições da vida real quanto no ciberespaço. Pessoas têm sido descartadas de vagas de emprego por concordarem ou discordarem do que pensam os empregadores e por aí vai...Pra muita gente parece que não, mas isto é um caso sério. Nossa sociedade está tendo a oportunidade de enxergar-se tacanha e corrigir-se, de entrar de vez numa guerra (isto é trágico) ou de voltar a ser morna e dissimulada (isto é triste).
As divisões entre as classe sociais já existiam, isto não é novo, nem mentira. O que é novo e mentira é que estamos necessariamente associados a um entre dois "times", apenas. O que é novo, é que estamos tendo uma oportunidade real de mudar o rumo da nossa história. O que é novo é que o próprio governo, apesar de suas tantas fragilidades e erros está investindo na revelação de várias corrupções que evolvem quase  todos os partidos políticos e não está colocando obstáculos para atrapalhar as investigações. Isto é novo. O que é mentira é que temos que nos odiar e entrar em guerra civil para que nosso país amadureça ainda mais e continue sua história em novo rumo.
Embora tenhamos aqui bastante pano para manga, vou encurtar o meu blá blá blá e deixarei  dois vídeos legais que dizem respeito a esta experiência pela qual estamos passando no país. Se você leu tudo o que escrevi até aqui, esta foi a parte chata, não desista agora.

Abaixo está o primeiro vídeo, que é mais informal e engraçadinho. Ele trata sobre os motivos (irracionais) que levam indivíduos a unirem-se a grupos extremistas com comportamentos estereotipados na arena política.


O segundo vídeo é um bom exemplo da forma como uma emissora de televisão poderosa procura manipular dados e induzir as pessoas a manterem essa visão simplista e tendenciosa sobre um assunto tão complexo, no caso, a corrupção. O entrevistado, Vitor Amorim de Angelo, não caiu nas armadilhas do entrevistador. Acho que nosso cientista político e historiador não será mais convidado a participar de entrevistas nesta emissora. Afinal, sinceridade é muito cara e a Rede Globo está falida... ;)


quinta-feira, 19 de março de 2015

Amor em rimas



"Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
(Carlos Drummond de Andrade)


"Amor, então
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima."
(Paulo Leminski)

segunda-feira, 16 de março de 2015

Especial pra turma do "Impitima" 2015


Tô perdendo "azamiga" por causa de Política, mas verdade seja dita...


Raciocinem coleguinhas. Raciocinem...

Ao final do protesto deste domingo (15), com a grande quantidade de pessoas nas estações, o Metrô tomou uma medida inusitada e liberou as catracas para que os manifestantes pudessem acessar os trens sem pagar bilhete. Trata-se da primeira vez que a companhia opta por liberar o acesso em uma manifestação, em protestos realizados pelo Movimento Passe Livre, por exemplo, a atitude foi fechar estações e atacar ativistas






segunda-feira, 9 de março de 2015

Revolta da Varanda Gourmet

Nosso país está passando por um momento político delicado e peculiar. Depois de cinco séculos de direita no poder, o simples ensaio de uma mudança à esquerda na última década já suscitou o ódio da Casa Grande com o apoio e incentivo da mídia tradicional que, como escreve Luciano Martins Costa, "tange seu gado- rebanho dos midiotas- na direção da irracionalidade." 







"O ato de bater panelas vazias sempre foi uma expressão daqueles a quem faltava alimento. Os abastados abestados se apropriam desse símbolo sem mesmo saber o que significa. Em torno dos edifícios onde os direitos são medidos pelo valor do metro quadrado, a maioria silenciosa não bate panelas." Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa



Vamos lá! Já saímos do mapa da fome... Mais à esquerda, por favor! Tenho paquerado o PSOL há alguns anos, senhora presidente!

sexta-feira, 6 de março de 2015

"Falhar é apenas uma forma para crescer"

O método tentar, cair, levantar, tentar outra vez, talvez de outros modos, até que se possa seguir adiante  serve para tudo na vida, não apenas para a escola.  A aprendizagem é um processo e ocorre no tempo e no modo peculiar de cada sujeito. Quem sente necessidade de se adequar ao sistema (de pressão) massificante e competitivo, pode sentir-se mais ou menos frustrado com o seu próprio caminhar. Alguns tornam-se monstros predadores, bravos competidores com o intuito único de conseguirem um lugar de destaque na sociedade ou em seu pequeno grupo de amigos e parentes. Outros, por não terem a mesma ambição e/ou energia adequam-se e conformam-se com a mediocridade. Afinal, a coluna do meio tem o seu conforto. Alguns minguam, deprimem, sucumbem, desistem...Arrisco dizer que uma minoria, bem mínima mesmo, sobrevive aos preconceitos e resiste a pressão, consegue fortalecer-se  por diferentes meios e... realiza-se, enfim. Esta minoria é a dos verdadeiros vencedores,em minha opinião. Daqueles que superaram a si mesmos. Aproximam-se mais do "übermensch" nietzschiano, ou "super homem", numa tradução bem literal. Não "super" por terem "super poderes', mas porque superam a si mesmos, superam suas próprias dificuldades e limitações com o objetivo de tornarem-se melhores  em relação a si mesmos, a cada dia. Superar a si mesmo, as própria limitações e dificuldades, esse é o sentido de aprender, o caminho para crescer e para tornar-se melhor hoje do que foi ontem. Seja como estudante ou em qualquer outra atividade que temos, nossas falhas merecem mais atenção e direcionamento para o nosso crescimento. Errar, naturalmente, faz parte do processo de aprender. Uma pena que a maioria das escolas, famílias e outros grupos de convívio , não tenham ainda "aprendido" esta importante lição que favoreceria a formação de uma sociedade de pessoas mais realizadas e mais satisfeitas, talvez até mais felizes.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Sobre o sentido da vida

Ao perguntar-se pelo sentido da vida a pessoa mostra o que há de mais humano em si:

Muitos pensam que crianças não são capazes de pensamentos profundos. A verdade é que elas nos surpreendem e muito! Por outro lado, nós, adultos,  muitas vezes não somos capazes de conversar em linguagem suficientemente clara e honesta para que eles entendam o que queremos dizer. Abaixo segue o exemplo de um grande mestre.


obs:"Quem tem por que viver aguenta quase todo como viver" (Friedrich Nietzche)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O desespero e a esperança política. Brasil 2015.

Cansada de me deparar com críticas de baixo nível dos "especialistas" e "politizadores' de facebook, partilho aqui, alegremente, um texto razoável. Um texto que tece uma crítica de forma simples e clara, sem descer o nível, sem jogar baixo e sem deturpar fatos. No mais, o que continuo prevendo é: quanto mais à esquerda, melhor! ;) 
Enfim, o desespero
Vladimir Safatle, na Folha, em 24/02/2015 02h00 

A situação desesperadora da época na qual vivo me enche de esperanças.” A frase é de Marx, enunciada há mais de 150 anos. Ela lembrava como situações aparentemente sem saída eram apenas a expressão de que enfim podíamos começar a realmente nos livrar dos entulhos de um tempo morto.
Há tempos, insisti que o lulismo entraria em um esgotamento. Era uma questão de cálculo. Chegaria um momento em que o crescimento só poderia continuar por meio de políticas efetivas de combate à desigualdade e acumulação. Afinal, estamos falando de um país que, ao mesmo tempo, apresenta crescimento econômico próximo a zero e bancos, como o Itaú, com lucro anual de 20 bilhões de reais. Um crescimento de 29% em relação a 2013, com inadimplência recuando para mínima recorde.
“Políticas efetivas de combate à desigualdade e acumulação” significam, neste contexto, ir atrás do dinheiro que circula no sistema financeiro e seus rentistas blindados. Mas isto o governo não seria capaz de fazer. Difícil fazê-lo quando você também se torna alguém a frequentar a roda dos dançarinos da ciranda financeira. Ninguém atira no próprio pé, ainda mais quando se é recém-chegado à festa.
Restaram ao governo federal duas coisas. Primeiro, chorar por não ser tratado como um tucano. É verdade. Nada melhor no Brasil do que ser tucano. Como acontece hoje no Paraná, você pode quebrar seu Estado, colocar quatro de suas universidades públicas em risco de fechamento por falta de repasse e, mesmo assim, irão te deixar em paz. Nenhuma capa de revista sobre seus desmandos nem sobre seus casos de corrupção.
Por estas e outras, o sonho de consumo atual de todo petista é ser tratado como um tucano. Eles até que se esforçaram bastante.
Fora isto, resta ao governo ser refém de um Congresso que ele próprio alimentou. Na figura de gente do porte de Eduardo Cunha e seus projetos de implementar o “dia do orgulho heterossexual”, entregar o legislativo à bancada BBB (Bíblia, Boi e Bala) e contemplar cada deputado com seu quinhão intocado de fisiologismo, o Brasil encontra a melhor expressão da decadência e da mediocridade própria ao fim de um ciclo.
Neste contexto, podemos enfim ver claramente como as alternativas criadas após o fim da ditadura militar não podiam de fato ir muito longe. Nenhuma delas sequer passou perto da necessidade de quebrar tal ciclo de miséria política dando mais poder não aos tecnocratas ou aos “representantes”, mas diretamente ao povo, que continua a esperar seu momento.
Por isto, a situação desesperadora me enche de esperanças.
Vladimir Safatle é professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Refrescando a memória de quem gosta de jogar pedra na Geni*


* Geni e o  Zepelin
(Chico Buarque)

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo – Mudei de idéia
– Quando vi nesta cidade
– Tanto horror e iniqüidade
– Resolvi tudo explodir
– Mas posso evitar o drama
– Se aquela formosa dama
– Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
– e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni