segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Comprinhas...

O texto abaixo é do Sakamoto:

Black Friday: Você tem aquela sensação vazia após uma compra inútil?

Tento entender quem tem orgasmo ao comprar algo sem motivo.
Quer dizer, entendo, antropologicamente falando. Pois comprei, há tempos, um ornitorrinco de pelúcia – o que me trouxe grande alegria.
No final das contas, a razão é a mesma de uma ave migratória europeia que vai para o Sul, no inverno, ou os fantasmas atacarem incessantemente o velho e bom Pac-Man. Ou seja, foram programados para isso.
Sei que há um milhão de  justificativas que podem ser dadas para tal ato: como a ardente materialização do desejo, passando pela projeção no objeto de uma série de sentimentos que você não terá tempo para experimentar por vivência própria (ou alguém aqui acha que é mais livre ou tem mais estilo por ingerir xarope doce preto com água gaseificada?) até a simples possibilidade de deixar claro quem está acima no estrato social via símbolos de status e poder.
(Nossa que coisa mala que acabei de escrever… Foi mal.)
Gosto da Black Friday, uma sexta-feira de grandes descontos – ideia que nasceu nos Estados Unidos para ocorrer depois do Dia de Ação de Graças e foi importada, para cá, por razões óbvias. Porque posso atualizar e retomar esse debate do qual gosto muito.
Alguns sites mais-que-honestos de compras já estão se preparando para subir o preço em 80% e, assim que virar a meia-noite, dar um incrível desconto de 75% (para fugir de ser enganado, recomendo um serviço que o UOL vai prestar, clicando aqui). Em outros, realmente o bicho do desconto vai pegar. No Brasil e nos EUA, a rebordosa está programada para este 28 de novembro.
Comprar é importante, gira a economia, gera empregos, realiza desejos, supre necessidades, compensa frustrações, controla o povo.
Não raro, a possibilidade de que a aquisição de um bem esteja no horizonte de uma pessoa dá a ela um sentido para a sua existência. Bizarro, mas é a vida.
Isso traz ansiedade e esperança para “hordas de bárbaros'', que aprenderam a entender esses produtos como passaportes para saírem do ostracismo social.
Por tudo isso, nesta sexta, um pedido: não compre com o fígado. Ao acordar de manhã, cheque a fatura do seu cartão de crédito, os extratos bancários e os empréstimos – dos CDCs, passando pelas consignados até aquela grana que você tomou do amigo e nunca devolveu.
E reflita se o seu emprego está minimamente garantido pelo próximo ano antes de cair na esbórnia e comprar aquele descascador eletrônico de ovo cozido que você nunca vai usar, mas que o cara da TV disse que, sem ele, você é um pária.
Lembre-se: não é a procura que gera oferta. Mas a publicidade ostensiva sobre a oferta que cria a procura.
Como já disse aqui, não estou peidando regras ao vento, achando que sou leve feito um elfo.
Tenho meus desejos de consumo. Mas se está com aquele vazio difícil de preencher ou ficando “transparente'' para seus amigos e colegas (lembra daquela comercial sem noção de uma marca de automóveis?), acha que a solução é realmente adquirir um produto e, através dele, o pacote simbólico de cura e inserção que traz consigo?
Acredita que precisa dar um presente para alguém a fim de mostrar que o/a ama?
Aliás, você se lembra como escrever cartas de amor com as próprias mãos, demonstrando o medo e a ansiedade nas letras enfileiradas?
Não precisamos ser aquilo que compramos. Ou, melhor, você não precisa comprar para ser alguém, como já disse aqui uma série de vezes.
Esses objetos de desejo serão realmente úteis para você? Ou só está procurando um estilo de vida do que gostaria de ser, mas não pode porque não tem dinheiro ou tempo para isso?

Presenteamos nossos filhos para demonstrar carinho em nossa ausência achando que isso resolve. Mas, desculpe, isso não resolve.
Aliás, “o que deveríamos ser'' ou o que “deveríamos viver'' normalmente não é resultado de uma auto-reflexão, mas de alguém martelando algo em nossa cabeça, dia após dia, em comerciais, anúncios, novelas e filmes.
Quanto tempo depois de uma compra impulsiva você percebe que aquilo não lhe trouxe felicidade? E a culpa te consumiu por dentro (afinal, somos um país cristão ou não somos?) E o horror: o vazio da falta de significado que aquilo tudo lhe traz dá uma paúra que antiácido nenhum resolve. Nem aqueles mais perfeitos vendidos na TV.
A “classe baixa com poder de compra mas ainda fora de patamares mínimos de dignidade, pois não tem acesso a serviços públicos de qualidade'', conhecida como “nova classe média'', está alcançando a inclusão social através do consumo. A pessoa deixa de ser vista como uma ignorante completa, uma estrangeira, porque tem um telefone com tela grande. Sendo que seria melhor que sua inclusão ocorresse também via a garantia de serviços de educação, saúde, cultura e lazer de qualidade e as consequências positivas que isso traz.
Que podem – ou não – incluir um smartphone. Mas quem escolheria seria a própria pessoa, não o mercado em nome dela.
Repito o que já escrevi aqui sem receio de me tornar redundante: muitos de nós ficam tanto tempo trabalhando que tornam-se compradores compulsivos de símbolos daquilo que não conseguiremos obter por vivência direta. Em promoções, como esta, em que a porteira está aberta e o convite está feito, nem se fala.
Através desses objetos, enlatamos a felicidade – pronta para consumo, mas que dura pouco. Porque, como os produtos que a representam, possui sua obsolescência programada a fim de garantir, daqui a pouco, mais dinheiro a alguém.
As próprias campanhas contra o consumismo desenfreado e pela proteção ao meio ambiente podem ser, quando superficiais, bons pacotes fechados para o consumo imediato e o alívio rápido da consciência, visando à compra de uma indulgência social ou ambiental.
Já que a contradição é inerente ao capitalismo e à sociedade de consumo, por que ter pudores ao explorar isso? Sextas-feiras como esta só ajudam a catalisar o processo.
Boas compras.
Lembre-se, contudo, que montar uma pipa com papel de seda, organizar um piquenique no parque, ir a algumas exposições bem legais, pegar emprestado um bom livro, abraçar seu filho ou filha, perder-se num sarau literário e, é claro, ir à praia, se você teve a sorte de viver à beira-mar ou na beira de um rio, não custam quase nada.
Mas são tão grandes que não cabem em caixas de papelão, não podem ser embrulhadas com papel de presente ou mesmo entregues por serviço de encomendas expressas. E, certamente, você não vai querer devolve-las decepcionado com a realidade.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

2014. Noves fora...Poesia e vida.

O ano está já em seu penúltimo mês. Acho que outras pessoas, como eu, também costumam fazer seus balanços. Quanto a mim, no 2014, parece que tive particularmete  mais perdas. Perdas de diversos tipos. Perdi pessoas próximas de modo símbólico e real. Perdi também, com outros admiradores e leitores, a presença física de alguns ícones intelectuais.
Parece verdade que algumas perdas são também ganhos pois nos dão certa liberdade e possibilidade de crescimento. À partir de despedidas e rupturas é possível buscar novos rumos...Por certas perdas acho que devo mais gratidão, até.
Já a morte, ainda- a mim- soa como aquele ponto final, o último de uma história. Pelo menos da história de um corpo específico...
Ainda bem que algumas pessoas, como os poetas, por exemplo, deixam presentes maravilhosos para os vivos. Presentes que podem transformar vidas, que podem balançar vivos. (Isso é fantástico! A morte muda os vivos- já me disse alguém uma vez...)
Mesmo quando os corpos não podem mais fazer história, as palavras continuam poderosas e ressonantes. 
Hoje os jornais noticiaram o falecimento do Manoel de Barros. 97 anos de vida. Nosso mundo menos um. Nosso mundo menos esse um. 
Nesse mundo, onde morre e também nasce gente o tempo todo, é importante termos referências inspiradoras de tudo o que é bom e belo.


A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas." 
Manoel de Barros  (1916 - 2014)

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Redes Sociais. Entre a catarse fascista e o exibicionismo.

Coleg@s!

Na última noite tive um pesadelo. O Brasil estava novamente sob o domínio militar. Acordei suando e pensei: preciso aquietar o meu coração. Focar mais em coisas e imagens boas. Fazer a minha parte como cidadã e sossegar quanto ao que deixam de fazer e sobre o que dizem os outros. Concluí que diminuir o blá blá blá em meu face já era um começo para apagar chamas (desnecessárias). Afinal, já deu pra saber quem pensa o quê... Aliás deu pra perceber, quem pensa, quem pensa que pensa, quem simplesmente nem quer pensar etc..."Melhor dar um tempo, ao menos publicamente, desse assunto"- pensei. Mas li esse texto do Observatório, recomendado por uma colega e achei tão convidativo que recomendei lá (através do face). Agora aproveito e compartilho nesse meu outro espacinho tb. Quem tiver disposição e interesse em REFLETIR sobre o tema/título do post poderá aproveitar.
Boa leitura, então.
Aquele abr@ço!

Por José Isaías Venera em 21/10/2014 na edição 821 do Observatório da Imprensa

O engano faz parte da estrutura da percepção da realidade. Não é por acaso que o discurso publicitário está no centro da sociedade de consumo. Imaginem uma peça publicitária de uma marca de cigarros que descrevesse todos os componentes que contém no produto? Ao contrário, é uma vida de realizações que é associada ao produto. O engano naturaliza-se. Integra à subjetividade. Outro nome para isso é fetiche. O fetichista é aquele que se deleita na fantasia, na pura imagem que já perdeu totalmente sua referencialidade, omitindo uma verdade insuportável.
Com isso, passamos a entender porque chavões criados pela grande mídia, como “O caçador de marajás” na campanha de Fernando Collor de 1989, foram rapidamente assimilados. A bola da vez agora é o combate à corrupção. Nessa lógica maniqueísta de campanha e de apelo da grande mídia, o cientista político Juarez Guimarães mostra, no artigo “Após o ‘caçador de marajás’ o ‘caçador de corruptos?’”, publicado no portal Carta Maior, que a campanha de Aécio Neves “surge como um insulto à inteligência e à consciência republicana do brasileira”. Estamos de pleno acordo. Mas não é pelo paradigma do sujeito da razão que podemos entender os rumos dos votos. E isso independe do resultado das eleições. Ora, quando a campanha fica centrada no tema corrupção, é a própria política que fica de fora, já que o debate é reduzido a um gesto antipolítico.
Há pouco mais de um ano, o país foi sacolejado pelos protestos de junho, que poderiam ser interpretados como um sinal de esgotamento da democracia representativa. O tema não entra na pauta desta disputa política – nem da grande mídia. O que se vê, novamente, é a tentativa de construção de um novo herói. Basta um rápido olhar para o comportamento na imprensa para constatar que o discurso publicitário impera, contraditoriamente, no jornalismo. Na revista Veja (11/10), Aécio Neves aparece como se estivéssemos olhando para uma imagem de santinho de campanha política. Na revista Época, de 20 de março de 2006, o santinho foi Geraldo Alckmin com uma linha de apoio que o relacionava a Juscelino Kubitschek, período posterior ao ministério JK exibida pela Rede Globo, em um longo processo de construção do que deveria ser, para a Globo, o novo herói da nação. Ou, ainda, a clássica edição da Veja de 1989, com a manchete: “Collor de Mello – O caçador de marajás”.

A monstruosidade entra em cena

Falar o que vem a mente. Princípio da associação livre é também um dos fundamentos que faz da disposição analista e analisado – este segundo deitado no divã de costas para o primeiro, um método para o início da clínica após as entrevistas. Sem o contato olho a olho, evita-se que a transferência entre paciente e analista interfira nas associações, ou seja, no falar tudo que vem a mente. Ora, é evidente de que não há nenhuma relação da psicanálise com o modo como os sujeitos interagem nas redes sociais. Mas há, porém, em comum, a força deste princípio, de que, quando o outro de carne e osso está ausente no campo de visão, o sujeito projeta-se como se fosse o centro de todo o poder, deixando, muitas vezes, expressar toda a sua monstruosidade. Não por acaso, gestos de homofobia, racismos, xenofobia invadem as redes socais.
Ataque aos nordestinos

 “Nordestino não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado”. “Médicos do Nordeste, causem um holocausto por aí.” Esta segunda abominação moral e cognitiva (para usar os termos da filósofa Marilena Chauí) é de uma integrante do grupo do Facebook “Dignidade médica”, que ganhou repercussão em diversos artigos condenando essa prática. O discurso assemelha-se ao do nazismo sugerindo “holocausto” ao nordestino. Acrescido ao depoimento do ex-presidente da república, Fernando Henrique Cardoso, de que os votos expressivos para a candidata Dilma Rousseff à reeleição mostram que o nordestino é “menos informado”. Vimos um alinhamento entre ambos discursos que permitiu incendiar mais ainda o preconceito.
Não há dúvida de que não se pode reduzir essa forma de pensamento às pessoas que moram na região A ou B do país, mas trata-se de um modo de subjetivação que tem mais expressão em determinados lugares. O que se percebe pelas evidências é que há um movimento expressivo, e isto não é de hoje, que caminha para a naturalização e a afirmação de uma superioridade de grupos que, no fim das contas, passa pela assepsia do capital, ou seja, quem é pobre é “malandro”, “burro”, “desinformado”, “vive nas costas do governo” etc.
Não foi justamente o Sudeste e o Sul onde se concentraram o maior número de votos para Aécio Neves e Levy Fidelix? Logo Fidelix, o homem do “aparelho excretor”. Não é função do sistema excretor eliminar o que o corpo não necessita? Vejamos outra violência: “Nordestinos do caralho, tão com medo de tirar a merda do bolsa família”. Não seria a expressão máxima do reacionarismo querendo transformar os nordestinos na matéria produzida pelo aparelho excretor? Esse é um dos motivos pelos quais é suportável para aqueles que se acham superiores debater corrupção de uma forma rasa, para não olhar no espelho e deparar-se com sua própria monstruosidade. Ora, a violência subjetiva não deveria estar em pauta no debate político?
É evidente que muitos eleitores de Aécio não compactuam com essas atrocidades que circulam pelas redes sociais, mas é de pensar-se: se os internautas que expressam ódio pelo nordestino são eleitores de Aécio, já que os votos à Dilma foram o estopim dessa violência, é porque estão dadas as condições, no mínimo subjetivas, para esse apoio.
Se Zizek dominasse o mundo

Slavoj Zizek, em um pequeno texto que tem de ser lido como uma ironia (como piadas extravagantes no qual o filósofo termina se perguntando se não vivemos em um mundo como este), deixa pistas de como governar um mundo marcado pela desigualdade. Publicado no Blog da Boitempo, em “Se eu dominasse o mundo” Zizek instituiria no final de suas medidas extravagantes um ritual canibalesco entre amigos, de que no início de um diálogo dever-se-ia primeiro dedicar alguns minutos “com xingamentos grosseiros e sem pudor, ofendendo uns aos outros”. É evidente que não é disso que se trata nas redes sociais, já que não estamos falando de amigos e não se ouve o outro na sua diferença para depois iniciar um diálogo civilizado, que pressupõe trocas de ideias.
Contudo, outras situações descritas por Zizek são tranquilamente relacionadas à nossa realidade, como a de simular um golpe (quando, às vezes, ouvimos que o governo atual quer implantar o comunismo, cercear a liberdade de imprensa, depravar a sociedade com circulação de apostilas que fazem apologia a homossexualidade etc.).
Como entender esse fenômeno de ódio aos nordestinos, que não deixa de ser ódio à democracia? Um caminho seria pelo processo civilizador que tem a função de cobrir totalmente nossos desejos mais íntimos, e o que não cobre fica sacolejando a ponto de que, quando consegue chegar à superfície (ou passar a barreira da repressão), aparece como uma monstruosidade (sintoma). Assim, seguindo a ironia de Zizek, deveríamos ter sessões rotineiras para extravasar sentimentos, como um ritual sucessivo de catarse.
Catarse fascista

As redes sociais poderiam ocupar este lugar de grande catarse, mas, infelizmente, é uma catarse fascista, no sentido de que não é dado o direito do outro existir na sua diferença. Mailena Chauí, em entrevista à Rádio Brasil Atual, definiu bem a violência fascismo: “o que caracteriza a violência fascista é não suportar a diferença, a alteridade, e partir para a eliminação”.
O racismo, a xenofobia, a homofobia etc. são alimentados por uma dedução simplista que se movimenta nobackground da racionalidade técnica: “se pobre tem baixa escolaridade, é desinformado pelo simples fato de não ter capacidade para compreender a realidade”; ou, ainda, “pago meus impostos para sustentar um bando de vagabundos”. Essas não seriam deduções para alimentar e naturalizar uma superioridade, já que o que se combate no fim são os programas sociais que tem a função de criar condições favoráveis para que sujeitos em posições desfavoráveis passem a ter as mesmas oportunidades? Não seria esse o motor do ódio, por levar o outro ao menso nível dos que se consideram superiores? Ora, isso fere o próprio falo do exibicionista, ao ter sua self colocada na vala comum.
Em certa medida, as redes sociais têm se transformado ora em um espaço de catarse fascista, ora em um espaço de exibicionismo – como se o falo (que tem hoje seu principal significante metonímico – as selfies) precisasse ser frequentemente contemplado e mediado pelo grande espelho, o ciberespaço. Quando a potência do exibicionista é colocada em xeque, vê-se todo tipo de violência (a impotência é a verdade aterrorizante).

O consumo da própria imagem

O sujeito consumidor é o alvo. Todo mundo busca fama. Quanto mais curtidas no post, mais potente. Descartes cairia de joelhos. Do “penso logo existo” para o “sou visto logo existo”. Quando a imagem é arranhada, o monstro ganha espaço. O que sustenta essa monstruosidade? Não há dúvida, vem da outra cena (inconsciente) que faz transpor os conteúdos recalcados.
Enquanto o canibalismo fascista é potencializado, os usuários das redes sociais são alvos de pesquisas, como se o trajeto feito no ciberespaço deixasse marcas suficientes para direcionar uma mensagem, oferecer um produto, receber um estímulo para bajular seu ego e cativá-lo. A síntese mais estarrecedora foi apresentada na abertura da reportagem “Manipulados pela internet”, publicada na IstoÉ (9/7), que reproduz um diálogo com Mark Zuckerberg, criador do Facebook, em 2004, quando ele ainda era estudante: “– Se você precisar de informações sobre qualquer um de Harvard, me pergunte. Tenho mais de quatro mil e-mails, endereços e fotos. – Como você conseguiu isso? – perguntou o colega. – Eles confiam em mim. Estúpidos”.