sexta-feira, 18 de julho de 2014

Ao mestre, com carinho

Rubem Alves continua na UTI, anunciam os jornais. Estamos tristes, claro. Espero, como tantos outros, que ele seja rapidamente liberto desse mal que é a doença do corpo.

O momento me faz pensar... Que pessoa rica e generosa é o Professor Rubem!

Ele compartilha sabedoria e poesia com pessoas de diferentes idades e conhecimentos. Não escreve aos deuses, não escreve aos cientistas. Rubem Alves escreve aos homens como homem. Ele toca meu coração, desperta em mim bons sentimentos e  me faz repensar temas interessantes.

Às vezes, em dias frios como está hoje aqui em Campinas, sirvo-me de algumas de suas deliciosas sopas de palavras - sempre tão bem temperadas! Como não amar alguém que mostra beleza e vida mesmo no vale da sombra da morte?

Tive a honra de sentar-me ao lado desse grande mestre poucas vezes. Posso afirmar que pessoalmente ele também é instigante e bem humorado. Tem brilho nos olhos. Uma graça encantadora! Lembro-me de seu sorriso, de seu olhar tranquilo... É uma doce presença. Pessoa marcante.

Nesse momento difícil o querido Rubem Alves deve estar cercado pelo afeto de tantos leitores, além dos amigos e parentes. Penso que ele está colhendo, merecidamente, o amor que tem plantado em tantos corações.

Rubem Alves é marcante. E "O que a memória ama fica eterno", como escreveu nosso poeta.


                                                        http://www.institutorubemalves.org.br

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Reflexões diante da morte

Texto de Rubem Alves 
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1810201104.htm

Sobre o morrer

"NINGUÉM QUER morrer. Mesmo as pessoas que querem chegar ao paraíso. Mas a morte é o destino de todos nós."(Steve Jobs)
Odeio a ideia de morte repentina, embora todos achem que é a melhor. Discordo. Tremo ao pensar que o jaguar negro possa estar à espreita na próxima esquina. Não quero que seja súbita. Quero tempo para escrever o meu haikai.
Mallarmé tinha o sonho de escrever um livro com uma palavra só. Achei-o louco. Depois compreendi. Para escrever um livro assim, de uma palavra só, seria preciso ter-se tornado sábio, infinitamente sábio. Tão sábio que soubesse qual é a última palavra, aquela que permanece solitária depois que todas as outras se calaram. Mas isso é coisa que só a Morte ensina. Mallarmé certamente era seu discípulo.
O último haikai é isto: o esforço supremo para dizer a beleza simples da vida que se vai. Tenho terror de ser enganado. Se estiver para morrer, que me digam. Se me disserem que ainda me restam dez anos, continuarei a ser tolo, mosca agitada na teia das me-díocres, mesquinhas rotinas do cotidiano. Mas se só me restam seis meses, então tudo se torna repentinamente puro e luminoso. Os não essenciais se despregam do corpo, como escamas inúteis.
A Morte me informa sobre o que realmente importa. Me daria ao luxo de escolher as pessoas com quem conversar. E poderia ficar em silêncio, se o desejasse. Perante a morte tudo é desculpável... Creio que não mais leria prosa. Com algumas exceções: Nietzsche, Camus, Guimarães Rosa. Todos eles foram aprendizes da mesma mestra. E certo que não perderia um segundo com filosofia. E me dedicaria à poesia com uma volúpia que até hoje não me permiti. Porque a poesia pertence ao clima de verdade e encanto que a Morte instaura. E ouviria mais Bach e Beethoven. Além de usar meu tempo no prazer de cuidar do meu jardim...
Curioso que a Morte nada tenha a dizer sobre si mesma. Quem sabe sobre a Morte são os vivos. A Morte, ao contrário, só fala sobre a Vida, e depois do seu olhar tudo fica com aquele ar de "ausência que se demora, uma despedida pronta a cumprir-se" (Cecília Meireles). E ela nos faz sempre a mesma pergunta: "Afinal, que é que você está esperando?" Como dizia o bruxo D. Juan ao seu aprendiz:
"A morte é a única conselheira sábia que temos. Sempre que você sentir que tudo vai de mal a pior e que você está a ponto de ser aniquilado, volte-se para a sua Morte e pergunte-lhe se isso é verdade.
Sua Morte lhe dirá que você está errado. Nada realmente importa fora do seu toque... Sua Morte o encarará e lhe dirá: 'Ainda não o toquei...'"
E o feiticeiro concluiu: "Um de nós tem de mudar, e rápido. Um de nós tem de aprender que a Morte é caçadora, e está sempre à nossa esquerda. Um de nós tem de aceitar o conselho da Morte e abandonar a maldita mesquinharia que acompanha os homens que vivem suas vidas como se a Morte não os fosse tocar nunca".
Às vezes ela chega perto demais, o susto é infinito, e até deixa no corpo marcas de sua passagem. Mas se tivermos coragem para a olharmos de frente é certo que ficaremos sábios e a vida ganhará simplicidade e a beleza de um haikai.

                 "A morte me informa o que realmente importa."

sábado, 12 de julho de 2014

O Brasil já foi o país do futebol

Minha vó está com 91 anos de vida. Vim visitá-la hoje.
Referindo-me ao jogo Brasil X Alemanha do dia 08/07, perguntei a ela:

-Vovó, a senhora viu o último jogo do Brasil?
-Vi.
-E aí, o que  senhora achou?
-Se existe feitiço foi isso que aconteceu ali. Nunca vi aquilo!

Eu ri.

Mais tarde sentamos para assistir o jogo de hoje...
Depois do segundo gol da Holanda ela disse:

-Ééé...O Brasil já foi o país do futebol. Que que é isso, Brasil? Tá tudo mudado nesse mundo, meu Deus!

AHAHA! Os nonagenários sabem muuuuito! :)


ps: Foto bem "das antiga". Vovó, eu e meu irmão, na época em que o Brasil era o país do futebol. Haha

pps: Holanda 3 X 0 Brasil

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Solidariedade: o gol mais bonito!


Em princípio não achei boa a idéia do Brasil sediar a copa. Depois que a decisão foi tomada, minha opinião passou a ser de que torcer pelo Brasil era a escolha mais coerente pra quem quer ver nosso país seguir em frente. A escolha já tinha sido feita, então agora restava torcer pelo sucesso da escolha que tomaram.
Entendo nada de futebol, nem sabia o nome dos jogadores, nem dos mais famosos.Sério mesmo. Mas tenho acompanhado os jogos do Brasil na copa 2014 e já  até aprendi alguns nomes. :)
Teve um momento hoje, depois do fim do jogo, que me tocou mesmo. Foi quando o David Luiz e o Dani Alves ficaram por um bom tempo consolando o jogador colombiano James Rodrigues.
Quem diria, hein? Eu que nunca tive qualquer interesse pelo futebol, babando por comportamento de jogador. (Vivendo e desfazendo preconceitos...)
Ver que tem jogadores que entendem o futebol para além de uma bola rolando no campo rumo ao gol, foi uma agradável surpresa para mim.
E já que a molecada brasileira tem esses atletas como "ídolos", que esses "ídolos" transmitam o melhor do ser humano sempre que tiverem oportunidade.
Vaaai Brasil, do meu coração!