terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Crianças grandes

Ontem o Vic começou sua jornada numa escola nova. Como ele diz: "escola de crianças grandes". Depois que veio do Japão, ele ficou durante um ano numa escola com poucas crianças, em Campinas. Pequenina e aconchegante. A maioria esmagadora dos alunos daquela escola, é composta por descendentes de japoneses. Um ambiente muito familiar, no sentido de atenção e cuidados com os alunos. Mas aquela escola só atende até o término do primeiro ano.
Quando entramos no pátio da escola nova, já vimos muitas crianças de idades bem diferenciadas. No geral, uma criançada educada e comportada. Pelo pátio e cantina, andavam crianças de 6 anos de idade até adolescentes de 14 anos. Sem correria. Com vários monitores. Os olhos do Vic arregalaram. Ele já queria ir direto para sua sala de aula, parecia entusiasmado. Mas ainda era muito cedo. Ficamos na cantina esperando pelas orientações das monitoras e vendo a movimentação da criançada. Na escola de onde ele vem não tinha sinal (nem cantina!). Quando ele ouviu aquele estrondo, se assustou um pouco e olhou pra mim. Expliquei pra ele do que se tratava o impetuoso ruído. Ele balançou a cabeça em sinal de "entendi" e foi levantando. Estava tão ansioso que quando encontramos a sala de aula do segundo ano, foi logo entrando sem nem olhar pra trás. Percebi que acabaram os dias do beijinho na mamãe na porta da escola...
Ao final do dia, perguntamos pra ele o que achou da escola. Ele disse que não gostou. Motivos dados por ele: "Lá todo mundo é muito bravo! Pra falar com a sensei tem que levantar a mão e a gente não pode sair do lugar enquanto não der o sinal!"
Eu soube que a primeira aula seria de música, então perguntei o que eles fizeram. Resposta: "Cantamos o hino nacional e aprendemos a música das regras da escola".
Percebi que o Vic não estava muito a fim de falar, mesmo assim arrisquei mais uma perguntinha:
-E você já fez amigos na escola?
-Só uma amiga, hoje... Na minha classe tinha dois meninos que desobedeciam, faziam bagunça...E eles me chamaram de burro, mas eu não liguei...
-Filho, se eles te chamaram de burro, eles não são seus amigos. Afaste-se deles.
-Eu sei... Mas hoje eu tirei nota máxima em comportamento!
E isso é só mais um começo...Ai, meu coração!

Um comentário:

Andrea disse...

"-Filho, se eles te chamaram de burro, eles não são seus amigos. Afaste-se deles."

Bem, há algumas pessoas que qdo não falam os sinônimos, gritam com os olhos: Burra!
E então, o que fazer qdo eu tiver q conviver com elas por algum tempo,ou ainda, se elas morarem no meu coração?
O que você acha de apresentar uma versão da Fábula dos Porcos-Espinhos (vide google) ao Vic!?


Ainda comentando, rs, a gente ouve cada coisa, né!?
Sexta-feira meu ouvido captou este berro: " Aqui eu mando e você obedece" de um professor a um aluninho de jardim I.