quinta-feira, 13 de novembro de 2014

2014. Noves fora...Poesia e vida.

O ano está já em seu penúltimo mês. Acho que outras pessoas, como eu, também costumam fazer seus balanços. Quanto a mim, no 2014, parece que tive particularmete  mais perdas. Perdas de diversos tipos. Perdi pessoas próximas de modo símbólico e real. Perdi também, com outros admiradores e leitores, a presença física de alguns ícones intelectuais.
Parece verdade que algumas perdas são também ganhos pois nos dão certa liberdade e possibilidade de crescimento. À partir de despedidas e rupturas é possível buscar novos rumos...Por certas perdas acho que devo mais gratidão, até.
Já a morte, ainda- a mim- soa como aquele ponto final, o último de uma história. Pelo menos da história de um corpo específico...
Ainda bem que algumas pessoas, como os poetas, por exemplo, deixam presentes maravilhosos para os vivos. Presentes que podem transformar vidas, que podem balançar vivos. (Isso é fantástico! A morte muda os vivos- já me disse alguém uma vez...)
Mesmo quando os corpos não podem mais fazer história, as palavras continuam poderosas e ressonantes. 
Hoje os jornais noticiaram o falecimento do Manoel de Barros. 97 anos de vida. Nosso mundo menos um. Nosso mundo menos esse um. 
Nesse mundo, onde morre e também nasce gente o tempo todo, é importante termos referências inspiradoras de tudo o que é bom e belo.


A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas." 
Manoel de Barros  (1916 - 2014)

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