segunda-feira, 9 de junho de 2008

Homicídio

Nós surtamos.
Vós surtais.
Eles matam.

Nervoso, irritado, bravo, muito, muito bravo. Quem não fica?

Ofender alguém, bater a porta, chutar a almofada, jogar o travessseiro, dar uns gritos, tudo isso tem conserto, se o agressor se arrepende mais tarde. Tudo humano. Muito humano e superável.

Mas, tirar a vida de alguém porque está desequilibrado emocionalmente é irreversível e, sem dúvida, revoltante. Suicídio é um erro que deixa marcas profundas e uma falta muito acima da capacidade de perdão dos sobreviventes.

Imagino que as causas que levam o ser humano a qualquer forma de violência sejam muitas. Eu não saberia dizer quais são. Nem quero ser reducionista, mas imagino que nesse mundo onde o vil metal tem sido sempre prioritário, a maximização da cobrança e do desafeto devem colaborar para a criação de monstros na sociedade.

Acredito que a vilolência deveria ser considerada como uma questão de saúde, ou melhor, de doença. Doença social.

Uma sociedade que exaure seus cidadãos pode estar construindo agressores, ou alimentando suas agressividades.

No mês passado, aqui mesmo, nessa pequena cidade onde moramos, Joso-shi, uma menina de 9 anos de idade foi morta, ao voltar da escola para sua casa. Foi esfaqueada em plena luz do dia. Cerca de um mês depois, ninguém sabe quem foi o assassino. Escolas e pais ficaram, desde então, preocupados e estão de olhos mais atentos.

Hoje temos a notícia estarrecedora de que um homem, atropelou e esfaqueou várias vítimas em Akihabara-Tokyo, no último domingo. Uma pacato cidadão, de repente, perdeu total controle de si e depois de atropelar alguns transeuntes, saiu esfaqueando qualquer pessoa que visse em sua frente. No total, foram 7 mortos e vários feridos, segundo reportagens.

Detalhe interessante: no link abaixo, onde pode ser conferida uma das reportagem a respeito do terrível acontecimento em Akihabara, lemos que há um ano atrás, um outro rapaz, esfaqueou algumas pessoas, também em Tokyo.

Por quê, num país rico, existe violência? Será que a violência deve ser restrita a um caráter moral? Isto foi um ato de loucura? Que tipo de loucura pode ser esta? Como será tratado este caso? Minha hipótese é que este é um fato social com vários viéses.

A violência que causa mortes, é a mais alarmante. Mas há também outras formas de violência e que prejudicam muito os indivíduos na sociedade. E, talvez (quem sabe?), antes de torna-se um assassino, pessoas assim já tivessem sinais de desequilíbrio e frustração anteriormente.

Se a violência está aumentando- parece que sim!- gerando mal estar em diferentes grupos da sociedade japonesa, incapacitando pessoas, física e emocionalmente, reduzindo a qualidade de vida dos indivíduos, deveria ser vista não apenas como caso de segurança pública, mas também como caso de saúde pública-preventiva.

Caso contrário, aquele Japão zen, que todo turista conhece quando passeia por Kyoto, vai morrer nos templos.


Abaixo dois links: um a respeito da notícia do ataque em Akihabara e outro a respeito de violência no país:




As fotos são do jornal japonês Mainichi

2 comentários:

Anônimo disse...

Realmente. O japão não é o mesmo de antigamente!!! ( um pequeno trocadilho aqui) adoro isso... hahahaha!!! :)

Voltando... o q mais me revolta é a capacidade da pessoa fazer por um ato como este. A pessoa está inconformada com a vida e por causa disso ela quer q as outras pessoas pagem por isso.
Não q eu seje a favor da violência com justificativa, longe disso!!!

É... a cada dia q passa eu vejo o povo japonês cada vez mais insano!!!
Porque será??? Por causa do consumo sem limites... por causa do ijime??? Não sei... um lugar antes q eu me sentia totalmente seguro em relação as violência.

Hoje fico na dúvida será q ainda existe algum lugar nesse mundo??? :(

Unknown disse...

Não é só o Japão que não é mais um lugar pacífico. A sanidade mental das pessoas está decrescente.
Não que isso tenha desculpas, nem que justifique tamanho ato de selvageria, mas se as pessoas conseguissem frear os primeiros indícios da insanidade alheia, se fossem exigidas menor carga de responsabilidade, de exatidão, de compromisso, aconteceriam menos incidentes lamentáveis como esses.
A violencia sempre existiu. Estão lá os povos antigos que não nos deixam mentir.
Mas a violênca gratuita e desmedida, no meu modo de ver, é fruto da cobrança